‘Crespo foi um vitorioso. Sabe conversar e ouvir os jogadores’, diz Igor Gomes
Na partida do título do Campeonato Paulista para o São Paulo, no último domingo, no estádio do Morumbi, o meia Igor Gomes foi escalado como um atacante, um falso 9. Era uma tentativa do treinador argentino Hernán Crespo de garantir profundidade e também pressionar a saída de bola do Palmeiras. Espécie de curinga do time, Igor já havia sido escalado mais recuado, quase como um segundo volante.
As mudanças de posição são o resultado de um relacionamento próximo que o treinador estabelece com os jogadores, conta o atleta revelado no Centro de Treinamento de Cotia. “Crespo é um cara que foi um grande atleta, vitorioso. Sabe como falar com os jogadores”, disse o são-paulino em entrevista ao Estadão.
O que significou a conquista do título paulista para você?
É um significado especial e único. Sou formado pelo clube, tenho ligação afetiva pelo São Paulo. Sempre falo em minhas entrevistas que eu quero entrar para a história do clube. Para isso é preciso ganhar títulos. Então, além de ser o meu primeiro como profissional, tem toda a questão sentimental também. Estou muito feliz e que seja uma sequência ainda mais vitoriosa aqui dentro.
O que foi mais importante para o São Paulo chegar a essa conquista?
Acredito que é o conjunto. O grupo que é bastante unido, boa parte já atua há algum tempo. A comissão técnica que chegou e soube implementar seu trabalho, mas ouvindo também os atletas. A direção por todo o respaldo. Ninguém conquista títulos sozinho. O São Paulo tem um currículo gigante e estava havia algum tempo sem conquistas. E seu lugar sempre precisa ser o de campeão.
Qual foi a contribuição da comissão técnica e do técnico Hernán Crespo?
Trabalhar com o Crespo e a comissão técnica dele tem sido incrível. É um cara que foi um grande atleta, vitorioso. Sabe como falar com os jogadores. Até a questão da língua eles estão querendo se aprimorar, falar o português. É o comprometimento que faz o jogador dar ainda mais dentro de campo. Estou muito feliz em poder ter essa oportunidade de trabalhar com eles.
Como foi jogar mais adiantado na decisão, quase como um camisa 9?
O futebol atual pede versatilidade ao jogador. O nosso treinador foi um camisa 9 clássico. Então me orientou bastante. Eu estou sempre disposto a ajudar a equipe, não importa a posição. E esse tipo de função só abre meu leque e aumenta a minha evolução.
O que significa esse título para o restante da temporada?
Aumenta ainda mais a nossa confiança para buscar mais. Fizemos uma boa fase de grupos na Libertadores, estamos próximos de estrear na Copa do Brasil, uma competição que o São Paulo ainda não conquistou, e o Brasileiro. Acredito que o título traz ainda mais segurança e aumenta o potencial deste elenco para buscar ainda mais.
Você percebia a pressão ou o incômodo pela falta de títulos nos últimos anos?
Todo clube grande, que vive uma fase sem conquistas, passa pelo período de pressão por essa quebra. São Paulo não foi o primeiro, não será o último. E mesmo nesse período o clube realizou boas campanhas, brigou por títulos. Não foi apenas um coadjuvante. O importante agora é que o jejum ficou para trás. Temos grandes competições no ano, um grupo maravilhoso e temos fome por mais conquistas para entrar ainda mais na galeria dos vitoriosos do São Paulo.
Qual é a principal diferença entre o trabalho atual e os anteriores, que chegaram perto, mas não conseguiram o título?
Cada treinador e comissão tem sua metodologia. Graças a Deus, desde que subi para os profissionais, tive o privilégio de trabalhar com grandes profissionais que me ajudaram e colaboram para a minha evolução. Essa questão da conquista do título ou não é bem subjetiva. No Brasil temos a cultura que, se não ganha, não é bom, não presta. O futebol é assim e precisamos assimilar. Com o Crespo ele já pegou um grande grupo, entrosado, e que as circunstâncias ajudaram para a conquista do título. E espero que essa rotina se prolongue por bastante tempo.
Como a formação do grupo, com jogadores mais jovens e outros mais experientes, contribuiu para a conquista?
A mescla sempre é ótima. Ter caras como o Miranda, que já tinha uma grande história aqui dentro, o Daniel Alves, que dispensa comentários, dá um grande respaldo para os mais novos. Hernanes, Eder também são referências. Poderia citar outros nomes, mas isso prova a qualidade do grupo, independentemente da idade. Mas, naturalmente, você ter caras assim ao seu lado faz seu jogo crescer, te dá moral.