Crescimento de Lula
Desde o início das investigações sobre o Petrolão, nunca Lula foi tão exposto como nas últimas semanas. Pois bem, ainda assim, segundo o Instituto DataFolha, cresceu nas pesquisas de intenção de voto como candidato a presidente da República em 2018, quando deveria ter caído.
Os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin, em posição bem inferior nos escândalos e menos bombardeados pela mídia, despencaram. Além do mais, teve-se um aumento significativo na avaliação negativa do governo Lula como dos mais corruptos da história, com percentual de 32%, de acordo com dados do mesmo levantamento. Antes, os números ficavam entre 12% e 20%, nos anos de 2014 a 2016, enquanto Dilma Rousseff, no mesmo período, viu seus índices diminuírem em resposta a igual indagação.
Lula saiu de 25% para 30%, aproximando-se do limite de largada do PT nas eleições. Com ele, em segundo turno, todos perderiam as eleições, com exceção do juiz Sérgio Moro e de Marina Silva. O primeiro não é e nem será candidato e a segunda registra tendência de queda nas pesquisas.
Dois nomes surgem no cenário, na condição de ‘outsiders’, Jair Bolsonaro e João Dória. Bolsonaro, registrou o maior índice de aumento, de 9% para 15%. É o segundo em pesquisa espontânea e tem rejeição de 23%, contra 45% de Lula e 44% de Aécio. Já empata com Marina no primeiro turno. Dória, com 9% das preferências, aparece com 16% de rejeição, a menor dentre os candidatos, e ultrapassa seu criador, Geraldo Alckmin, governador de São Paulo. Com o propósito de candidatar-se representando as esquerdas, em substituição a Lula, no caso do ex-meta lúrgico ser inviabilizado pela Lava-Jato, Ciro Gomes, com temperamento irascível, patina inviável no meio dos últimos colocados.
Vencidos Aécio Neves, que caiu de 11% para 8%, e Geraldo Alckmin, de 8% para 6%, ambos com rejeição em alta, após denúncias de corrupção contra os dois na Lava-Jato, talvez restem nomes como os de Álvaro Dias e Ronaldo Caiado, a serem ainda avaliados. Jair Bolsonaro, intransigente e de extrema direita, com posições preconceituosas extremas, tem teto e não conseguirá avançar. João Dória, único que teria possibilidades de evoluir como corpo estranho ao mundo da política tradicional, mostra-se também irritadiço, como se viu no episódio da ciclista que lhe ofe receu flores, logo jogadas pelo próprio no chão da Avenida Paulista. Mais ainda, tudo dependerá de seu desempenho na Prefeitura de São Paulo, em curto espaço de tempo.
O que mais impressiona na pesquisa, contra todos os prognósticos, é o avanço de Lula, mesmo com acusações pesadas e provadas contra sua pessoa e sua família. Não há explicações razoáveis, nem com as medidas impopulares do governo Temer, nem com os progressivos percentuais de reprovação do atual presidente. Talvez, como razão remota, uma espécie de ‘recall’ dos programas de distribuição de recursos às camadas mais pobres da sociedade, do tipo bolsa família, o maior programa de compra de votos do mundo.
É intrigante que Lula surja em ascensão na corrida presidencial no exato momento em que a população identifica sua administração como a mais corrupta da história. É o povo, pobre povo brasileiro. Mas pode ter alcançado o limite, não mais do que 1/3 do eleitorado reservado nos últimos tempos ao PT. Os fatos continuam fluídicos e nenhuma tendência está consolidada.
paulofigueiredo@uol.com.br