• Crânio encontrado na Vila São José pode ter sido levado por cachorro

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  • 25/06/2018 18:52

    Crianças da Vila São José, no Centro, encontram na manhã do último sábado, enquanto brincavam próximo ao número 173, um crânio humano. A ossada estava perto de um carro e, de acordo com os moradores, pode ter sido levada por um cachorro. A Polícia Civil (PC) foi acionada e, segundo o perito, o crânio é antigo, levantando as suspeitas de que possa ter sido retirado do Cemitério Municipal, que fica a cerca de 500 metros do local onde a ossada foi encontrada.

    A parte final da comunidade Vila São José, onde está uma quadra, faz divisa com o Cemitério Municipal, local em que ficam alguns dos lotes com covas rasas. "Não podemos afirmar se foi um cachorro que pegou e trouxe pra cá. Mas pela aparência é um crânio bem antigo, por isso, acreditamos que tenha vindo do cemitério mesmo", disse uma moradora que preferiu não se identificar.

    A polícia foi acionada pelo presidente da Associação de Moradores do local, Carlos Roberto Pacheco da Silva, de 61 anos. "Quando cheguei em casa vi uma movimentação dos moradores ao redor do carro. Não sabia como deveria proceder nestes casos e resolvi chamar a polícia. Não tem como saber de onde veio esse crânio", comentou Carlos. Depois de passar por perícia, a ossada foi encaminhada para o Instituto Médico Legal (IML). O caso está sendo investigado pela polícia civil.

    O aparecimento do crânio humano chamou a atenção para as condições do cemitério municipal e, principalmente, do ossário (local onde os restos mortais são depositados depois de realizada a exumação, o que acontece três anos depois do sepultamento). Em agosto do ano passado, a Prefeitura havia anunciado a extinção do "ossário" e a adaptação do antigo prédio do IML, localizado dentro do cemitério, depois de encontrar no terreno mais de 20 mil ossadas. Na época, a Prefeitura anunciou a retirada dos restos mortais e a incineração dos mesmos.  

    A equipe da Tribuna esteve na manhã dessa segunda-feira no terreno (localizado nos fundos do cemitério que dá acesso à Rua Padre Moreira, no Valparaíso), que é usado como ossário, e encontrou mais de 100 sacos pretos com os restos mortais. Alguns estavam rasgados e foi possível ver crânios, ossos e outras partes dos corpos.

    Segundo funcionários da Comdep, existem três ossários em funcionamento no cemitério. Um deles conta com os ossos das exumações acompanhadas pelas famílias e os outros dois são onde ficam depositados os sacos plásticos com os restos mortais e caixões. "Um deles é pequeno, cabem poucos sacos, mas tem um que fica no final do cemitério que é bem maior e é para onde vai boa parte dos ossos", disse o funcionário.

    O ossário é utilizado para o depósito dos ossos das exumações que não foram acompanhadas pelas famílias. De acordo com o Código de Posturas do município, depois de três anos do sepultamento, os familiares devem acompanhar a exumação. Caso isso não aconteça, os restos mortais são retirados, 48 horas após a data do enterro, colocados em um saco preto e depois depositados no ossário.

    A Prefeitura informou, em nota, que o município trabalha com duas frentes para dar destino final a ossadas e recuperar o terreno ao lado do Cemitério Municipal, usado durante 20 anos como depósito irregular, acumulando uma estimativa de 30 mil ossadas. Um contêiner, no ano passado, foi colocado em área do cemitério de Itaipava para onde foram levadas aproximadamente seis toneladas de ossos que puderam ser removidas deste terreno, que é um precipício. Novas ossadas também foram encaminhadas para o cemitério de Itaipava. Para evitar este traslado até Itaipava, no entanto, será usado um novo contêiner, que ficará no Cemitério Municipal para armazenar as ossadas que forem retiradas a partir de agora. 

    A Prefeitura informou ainda que a Procuradoria do município ingressou com ação judicial para que seja permitido ao município incinerar as ossadas recolhidas e, portanto, esvaziar os contêineres. A Prefeitura também quer permissão para aterrar o local ao lado do cemitério de forma a atender à preservação ambiental. O município também está licenciando o cemitério do Quarteirão Worms, que fica na BR-040, para ser o ossário geral do município.

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