• Cracolândia: Praça Princesa Isabel tem barracas removidas pela Prefeitura de SP

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  • 04/04/2022 18:18
    Por Ítalo Lo Re / Estadão

    Conhecida como a ‘nova Cracolândia’, a Praça Princesa Isabel, no bairro Campos Elíseos, zona central da capital paulista, recebeu nesta segunda-feira, 4, a primeira grande limpeza realizada pela Prefeitura desde que o local viu o fluxo de usuários de drogas aumentar de forma significativa. Há cerca de duas semanas, ocorreu a poucas quadras dali uma dispersão da antiga Cracolândia, nos arredores da Praça Júlio Prestes, a mando do tráfico de drogas.

    Por volta de 8h desta segunda-feira, dezenas de viaturas da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar chegaram ao local para dar suporte a funcionários da limpeza urbana da Prefeitura. Eles, então, passaram a limpar a praça e a remover parte das barracas dispostas no local. Recorridas pela população de rua como forma de proteção ao longo dos últimos anos, as tendas também são usadas para esconder transações em espaços de tráfico de drogas.

    Conforme comerciantes da região, não houve conflitos durante a ação de higienização. A limpeza teria começado logo pela manhã e mais de dez caminhões da Prefeitura teriam retirado barracas da praça até por volta de 11h, quando o fluxo de servidores da limpeza urbana diminuiu. Anteriormente, a rotina de limpezas era frequente na Praça Júlio Prestes, mas não na Praça Princesa Isabel, relatam os comerciantes.

    Após a remoção de parte das tendas, permaneceram no local algumas viaturas e um caminhão-pipa para limpeza da Princesa Isabel. Um ônibus da Polícia Militar também foi estacionado na praça.

    Comerciante em uma lanchonete nos arredores da Princesa Isabel há cerca de quatro anos, Jeová Martins, de 43 anos, relata que a situação está desanimadora. “Estou até pensando em entregar o ponto”, diz. Ele relata que, na comparação com antes da pandemia e do fluxo de usuários da Cracolândia ter migrado para a praça, o movimento na lanchonete caiu pela metade. “A pandemia deu uma amenizada, mas aí veio esse problema aí”, diz Jeová, em alusão aos usuários.

    “Atrapalhou bastante, o movimento caiu muito. Onde tem usuário, o pessoal fica com medo de ser assaltado”, diz o vendedor Aldo da Silva, de 32 anos. Ele calcula que, desde que houve a dispersão do antigo ponto da Cracolândia, o movimento no mercado onde trabalha há dois anos, na Avenida Rio Branco, caiu cerca de 30%.

    Segundo ele, por não ter havido conflito, o comércio nos arredores da praça não fechou na manhã desta segunda, mas o clima geral é de desânimo. “Só tem moradores daqui mesmo, as pessoas de fora não vêm para cá mais. Muito comerciante foi embora”, diz Aldo, que acrescenta que a sensação de insegurança aumentou nas proximidades da praça.

    Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou ter retirado durante a ação de zeladoria realizada nesta segunda pelo menos 35 toneladas de lixo e materiais de uso permanente da Praça Princesa Isabel. Segundo a pasta, 12 caminhões foram carregados com madeira, lonas e sofás, que estavam montados em local público durante as primeiras horas da ação.

    A Prefeitura complementa que a ação foi realizada de acordo com as regras do decreto nº 59.246/2020, que preserva artigos de uso pessoal e coíbe a ocupação permanente de áreas públicas. A zeladoria urbana foi acompanhada por técnicos da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) e precedida por mais de 1,8 mil abordagens e 230 encaminhamentos sociais e terapêuticos.

    Na última semana, o governo de São Paulo inaugurou uma ligação entre a Estação da Luz – que atende as Linhas 7-Rubi, 10-Turquesa e 11-Coral da CPTM – e o estacionamento da Sala São Paulo, espaço para concertos que integra o Centro Cultural Júlio Prestes. A passagem entre os locais fica na vizinhança da Cracolândia.

    Na ocasião, o então governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse ter orientado a remoção de barracas da Praça Princesa Isabel. “Onde você tem tendas, você tem o tráfico. Então, a orientação que dei ao secretário de Segurança Pública, junto com a Guarda Civil Metropolitana – porque esse é um tema da Prefeitura, não é um tema do Estado -, foi: ‘Barracas, não'”, disse. “Onde você põe barraca – eu fui prefeito, eu vivi essa experiência – você tem ali os traficantes.”

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