• Covid-19: Defensoria quer entender protocolos em casos de pacientes recuperados que voltam a precisar de internação

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  • 08/06/2020 13:11

    A Defensoria Pública vai cobrar da Prefeitura esclarecimentos sobre os protocolos adotados pela Secretaria de Municipal para pacientes considerados recuperados do coronavírus. Na última semana, um paciente, de 63 anos, que teve alta após tratar a Covid-19 foi novamente internado em um leito exclusivo para doença no Hospital Municipal Nelson de Sá Earp (HMNSE).

    O idoso, José Cléber de Medeiros, sofre de problemas renais e teve complicações depois de ter alta do HMNSE, no dia 20 de maio. Acabou voltando a ser hospitalizado seis dias depois. Ele estava em um leito do Sistema Único de Saúde (SUS) da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do SMH-Beneficência Portuguesa e foi transferido, no dia 5 de junho, novamente para o HMNSE, unidade especializada em Covid-19, sem que a família fosse avisada.

    A filha Flávia Medeiros conta que ele passou mal no dia 17 de abril e foi levado para o Pronto Socorro do Alto da Serra, onde foi diagnosticado com falência renal. No dia 20, foi transferido para a UTI do Hospital Clínico de Corrêas, onde permaneceu até 4 de maio. Após a realização de uma tomografia, constataram que ele estava com Covid e o idoso foi levado para o HMNSE. Lá ele ficou até o dia 20 de maio, quando teve alta.

    No dia 26, ele passou mal em casa. Foi atendido pelo Samu e levado para o Hospital Alcides Carneiro (HAC). No dia seguinte, o idoso foi transferido para o SMH. “No SMH, colocaram ele em um leito de Covid e achamos estranho, porque já tinha sido curado da doença. Já estava inclusive fazendo diálise no ambulatório do Santa Teresa. Por estar em isolamento, ficamos sem acesso nenhum a ele. No dia cinco, depois de um dia inteiro sem conseguir notícias no hospital, descobrimos que ele havia sido transferido para HMNSE. O que queremos saber é o porquê de terem o levado para lá sem comunicar a família depois de ter sido curado? Ele tem comorbidades e não pode ser exposto a riscos dentro de um hospital exclusivo de Covid”, questionou a filha.

    A família recorreu à defensoria pública, que conseguiu no fim de semana a transferência do paciente para o HAC. “Conseguimos tirá-lo do HMNSE, mas o colocaram em um leito isolado no Alcides Carneiro, como se ele tivesse Covid, o que não é verdade. Queremos a sorologia que mostre que ele não foi curado. E, se não foi curado, porque o HMNSE deu alta?”, disse a filha. “Por estar em um leito isolado, continuamos sem acesso ele, sem poder ter acompanhante e os nossos cuidados”, lamentou Flávia.

    Para a defensora pública Andréa Carius, o protocolo adotado pelo município precisa ser melhor explicado. “Se a pessoa recebeu alta, entende-se que está curada. Qualquer outro problema deve ser tratado fora do setor de Covid. É esse protocolo da Vigilância em Saúde que iremos questionar. Queremos saber o porquê de pacientes já tratados e curados de Covid estarem ocupando leitos e isolados da família, por conta de outras doenças”, pontuou a defensora.

    Em nota, a Prefeitura informou que a transferência do paciente sem avisar a família deve ser questionada à unidade onde ele estava internado e esclareceu que “não pode intervir e nem prestar qualquer tipo de informação a respeito da internação do paciente no SMH, por se tratar de uma unidade privada. Quem deveria ter feito a comunicação relativa à transferência seria o próprio SMH”. Questionada, a assessoria do SMH respondeu que “seguindo o protocolo, o hospital comunicou o fato ao município, que providenciou a transferência para um leito clínico, conforme critérios da Prefeitura”.

    Sobre a alta após ter sido considerado curado do Covid-19, a Prefeitura respondeu que “o paciente não realizou nova testagem para a doença”. A falta de nova testagem, o que vem acontecendo com outros pacientes considerados recuperados da doença, impede a utilização do termo “cura”. Isso porque a recuperação é constatada apenas pela ausência dos sintomas, mas sem a realização de novos exames específicos para o coronavírus. A Prefeitura frisou que, até o momento, não existem casos de reinfecção na cidade.

    Ainda em nota, o governo municipal informou que “o paciente foi encaminhado ao HMNSE por uma questão se segurança, uma vez que já havia sido diagnosticado com a Covid-19 e se recuperado da doença. Por recomendação médica, pacientes que já tiveram Covid-19 e tenham se recuperado, em caso de novas entradas em hospitais devem ficar em leitos específicos da doença”. informou.

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