Corrida e musculação pode prevenir quase todas as doenças
Durante anos, especialmente quando comecei na Educação Física nos anos 70, o exercício aeróbio como as corridas de rua, era a grande vedete como prevenção das principais doenças como diabetes, hipertensão arterial, obesidade, infarto, acidente vascular e/ou todas ligadas à obesidade. Tão endeusado era a corrida ficando a idéia que as outras atividades não produziam os mesmo efeitos. O maior preconceito, de certa forma, era contra a musculação por conta da imagem dos homens e mulheres muito fortes. Eu sempre digo que a prática tem um fator primordial na mudança dos conceitos e as teorias. No final do século XX começaram aparecer trabalhos conclusivos que os exercícios resistidos (musculação) são tão eficientes na prevenção de todas as doenças como o exercício aeróbio. Ou seja, a teoria vem atrás da prática explicando os porquês que os adeptos á musculação também tinham tanta saúde quanto os corredores. O mais importante entretanto, é fazer a atividade física, qualquer uma, que mais gosta para fazer a vida toda.
Emmanuel et al. (2018) em um longo estudo que durou 14 anos com 80.306 pessoas com 30 anos ou mais, foram acompanhadas para desfecho de morte por todas as causas. As pessoas que realizavam exercícios resistidos duas vezes ou mais por semana apresentaram 23% menor probabilidade de morrer por todas as causas e 31% menor probabilidade de morrer de câncer. As que realizaram apenas exercícios aeróbios por pelo menos 150 minutos por semana apresentaram 16% menor probabilidade de morrer por todos as causas e de câncer um percentual pouco significativo embora as probabilidades de morrer de doenças cardiovasculares foram de 22% menor enquanto que nos exercícios resistidos esses valores foram menores. Traduzindo “na lata” como se diz no popular. A corrida evita alguns tipos de câncer e a musculação outros tipos que a corrida evita pouco. Conclusão. Corra e faça musculação. Você nem eu vamos “ficar para semente” mas, meu primeiro chefe, lá nos anos 70, me dizia que eu ia morrer “cheio de saúde” porque eu, já naquela época, só pensava em exercício físico. Hoje penso que é mais do que isso. Faça exercício físico, cuide da alimentação e viva bem com as pessoas que também é importante. Hoje fico com Leonardo da Vinci – “Que o teu trabalho seja perfeito para que, mesmo depois da tua morte, ele permaneça”.
Perna mais fraca que a outra pode detonar sua corrida
Um assunto que parece bobo mas incomoda muita gente é essa questão das assimetrias nos membros superiores e/ou inferiores. Não são poucas as pessoas que por diversos motivos têm uma perna ou braço mais forte que o outro. Em geral se deve à atividade funcional independente de cada pessoa ser destra ou canhota. Por exemplo. Em minha rotina de trabalho encontro mulheres com a perna esquerda nitidamente mais forte que a direita mesmo sendo destra. Motivo. Geralmente são mulheres que dirigem por muito tempo carro com câmbio mecânico ficando a perna esquerda mais forte por causa da embreagem. Quando essa assimetria incomoda, seja por funcionalidade ou até mesmo estética existem meios de corrigir com a musculação. Há uma tendência de se prescrever mais exercício para a perna mais fraca do que a mais forte, mas não é isso que os estudos mais novos sugerem. Gonzalo 2019 reuniu três grupos de jovens jogadores de futebol canhotos e destros. O primeiro grupo realizou o mesmo volume de treinamento começando com a perna mais fraca. O segundo grupo realizou um volume duplo com a perna mais fraca também começando com a perna mais fraca. O terceiro grupo realizou o mesmo volume de treino, porém começando com a perna mais forte. O resultado mostrou que no teste de salto triplo, bilateral e unilateral, embora os três grupos tenham melhorado, os dois grupos que começaram com a perna mais fraca teve melhora mais substancial. Portanto, se você tem um braço ou perna mais fraca que a outra faça exercício específico unilateral com o mesmo volume (carga e repetição) começando com o membro mais fraco. Se você fizer mais volume para o lado fraco do que o forte poderá correr o risco de sobrecarregar uma perna que já é fraca. Pode parecer besteira para alguns, mas na corrida, principalmente de fundo, uma perna mais fraca pode estar sujeita a lesão. Não é muito difícil vermos corredores cruzarem a linha de chegada todo torto.