Coronavírus muda a rotina das famílias
A determinação é para ficar em casa, mas a rotina, muitas vezes, continua. Como medida de prevenção e segurança, as famílias têm feito o possível para se adaptar à realidade provisória do confinamento. A Tribuna conversou com três famílias que estão criando uma nova noção de tempo, cumprindo a rotina de trabalho e estudo enquanto esperam e torcem para que tudo volte à normalidade.
Leia também: Em meio à pandemia, empresas de diferentes setores apostam no delivery
Ainda com pouca idade, Francisco de 6 anos e Joaquim, 8 anos, têm uma rotina de ensino a distância a cumprir. Os dois estão em séries diferentes, o que obriga a mãe, a jornalista Daniela Moreira, a se desdobrar para auxiliar os dois, que estão em fase de alfabetização, a estudar pelo computador. Duas crianças que necessitariam de dois computadores no mesmo horário. Mas, na prática, não é assim.
“A escola cobra presença dos alunos online, mas tenho duas crianças pequenas que estudam no mesmo horário, mas em séries diferentes. Tenho que estar junto com os dois. Nenhum deles sabe mexer sozinho no computador. É preciso conciliar isso às tarefas de casa. Preciso manter a casa limpa e organizada, principalmente agora, que a gente não pode bobear com higiene. Também me preocupo com a alimentação, já que temos que ter muito cuidado para manter a imunidade. Também tenho que trabalhar. Preciso tirar uma hora para o que mantém o meu sustento. Por fim, preciso ainda monitorar as aulas da escola, que estão sendo complicadas de acompanhar”, explica Daniela.
É só nos intervalos e à noite, depois que as crianças vão para a cama, que Daniela, que atua na área de assessoria de imprensa consegue fazer as suas tarefas. Ela tenta criar uma nova rotina dentro do tempo que é disponível.
Mas em alguns casos, é o trabalho que dita a rotina. Flávia Cunha é auxiliar de contabilidade. Quem conhece as ciências contábeis sabe que grande parte deste trabalho gira em torno de prazos. O acesso aos programas agora é feito remotamente e o atendimento aos clientes migrou do telefone do escritório para o whatsapp pessoal e inúmeras ligações. Tudo temporariamente. Além disso, Flávia temque arrumar tempo para as duas filhas pequenas, Nandini, de 11 anos, e Lorena, 5 anos. As duas estudam na rede municipal de ensino e estão com as aulas suspensas desde o dia 17 de março.
Alternando entre o home office, as tarefas de casa e algum entretenimento entre as crianças, foi criada uma nova rotina e contagem de tempo na casa. “Trabalhar em casa não está sendo ruim. Temos conseguido administrar o meu tempo e o das meninas. Acho que o que sinto mais falta é a normalidade. É poder sair na rua com o comércio funcionando, sem esse clima de incerteza que estamos vivendo por causa do coronavírus”, disse Flávia.
Para Luan Veiga, supervisor de atendimento e SAC da ZEISS, o que mais faz falta é a convivência com os colegas de trabalho. Ele e equipe de cerca de 18 funcionários estão trabalhando de maneira remota desde o dia 18 de março. A equipe atende as unidades da empresa no Brasil e em outros países.
“Até que está sendo tranquilo. Depois que abro minha área de trabalho remota eu foco nas tarefas. O que me ajudou muito foi organizar minha agenda. Assim, além de não esquecer de nada, tenho como prever o tempo que vou precisar. Assim, consigo fazer tudo de acordo com o cronograma”, explicou Luan. A fase de adaptação foi só nos primeiros dias. Segundo Luan, agora, para minimizar os impactos do isolament, o grupo faz uma reunião diária com todos da equipe, sempre no início dos trabalhos. “Conversamos, quero saber como estão… Assim a gente bate papo, pra não perder o costume, né?”, brincou.