• Contorno: moradores da Comunidade do Zizinho voltam às suas casas

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  • 29/11/2017 17:00

    Os moradores da Comunidade do Zizinho, no Contorno, puderam voltar para suas casas nesta terça-feira (29). Após 19 dias de interdição, os imóveis foram liberados pela Defesa Civil (DC) após a constatação de que o local estava seguro. A boa notícia foi dada aos moradores durante reunião na manhã de ontem, que contou com a participação de representantes da Prefeitura, da Concer (concessionária que administra a BR-040) e do Ministério Público. O motel que fica ao lado da comunidade também foi liberado pela DC, assim como o Clube de Tiro que funciona na região.

    Segundo a Defesa Civil, a desinterdição da área foi decidida após o corpo técnico receber, na terça-feira, a resposta aos 11 questionamentos feitos ao documento entregue pela empresa PCE Engenharia, contratada pela concessionária, sobre os riscos no local. O relatório gerado a partir do equipamento subaquático e o relatório de vistoria nas áreas secas do túnel também foram entregues. De acordo com o órgão, os imóveis foram liberados por não haver critérios técnicos para manter a interdição, como rachaduras ou trincas nas paredes dos imóveis isolados. Além disso, a Concer apresentou os relatórios de monitoramento daquela região que indicam que não houve movimentação no terreno ou novos tremores. 

    “Não houve o registro de comprometimento da estrutura do túnel durante todo o trajeto que o equipamento percorreu até parar por obstrução nas proximidades da cratera”, explicou o secretário de Defesa Civil, coronel Paulo Renato Vaz. “A nossa maior preocupação é com a vida das pessoas. Temos que tratar do assunto com toda a responsabilidade exigida. Caso os moradores verifiquem algo de diferente em seu terreno, como rachaduras ou trincas, devem ligar para o 199 e nos informar”, afirma Paulo Renato.

    Ainda de acordo com o Defesa Civil, a Concer apresentou também a relação das comunidades localizadas na área de escavação. Segundo o documento, apenas a região onde aconteceu a abertura da cratera está acima do traçado do túnel. A concessionária tem até amanhã para informar ao MPF e à Defesa Civil quanto à criação de um ambiente virtual do tipo “data room”, disponibilizando todas as informações solicitadas no prazo determinado. 

    Moradores comemoram volta às casas

    "Achei que nunca mais iria poder voltar para a minha casa. Já estava ficando doente com toda essa situação", disse a aposentada Dulce Maria Firmo, de 63 anos. Ela mora na comunidade desde que nasceu e deixou a casa no dia 11, após os moradores escutarem estrondos. A comunidade fica há 500 metros do local onde uma cratera se abriu na altura do quilômetro 81 da pista de descida da serra. O desmoronamento, às margens da rodovia, engoliu uma casa e destruiu parcialmente outras duas. A cratera fica localizada na localidade chamada de Vale da Escola, também no Contorno.

    Após os relatos dos moradores e a proximidade com a cratera, a Defesa Civil decidiu interditar, preventivamente, as cerca de 40 casas da Comunidade do Zizinho. Técnicos da Defesa Civil monitoraram a área e de acordo com os moradores o local foi considerado seguro. "Disseram que vão continuar monitorando e que qualquer sinal de risco devemos entrar em contato", disse a moradora. 

    Outra moradora, Fabiana Maria Firmo, de 45 anos, também participou da reunião. Ela comemorou a oportunidade de voltar para casa depois de 19 dias. "Estava na casa de um irmão, mas não tem nada melhor que voltar para o nosso cantinho. Saí as pressas depois que ouvi os estrondos e não pude mais retornar. É um alívio", disse.

    As causas do desabamento no Contorno ainda estão sendo investigadas, mas há indícios que as escavações para a construção do túnel da nova subida da serra tenha causado a tragédia. O túnel, que fica há 70 metros de profundidade, passa por baixo dessas comunidades. As obras foram paralisadas em julho de 2016 e de acordo com os técnicos que atuaram no projeto, o revestimento de proteção do teto do túnel não chegou a ser concluído. 

    A cratera de cerca de 70 metros foi coberta pela Concer, mas a região conhecida como Vale da Escola ainda não foi liberada pela Defesa Civil, assim como o trânsito na região que continua interditado. Na área, as 50 casas continuam isoladas assim como a Escola Municipal Leonardo Boff.


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