• Construção Habitacional Sustentável I

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  • 27/03/2017 12:00

    A indústria da construção civil atualmente é uma das mais criticadas por gerar uma grande quantidade de resíduos que muitas vezes não recebem o tratamento adequado. Além disso, os materiais utilizados também são motivo de críticas. Pode-se citar como exemplo maior o cimento, pois este, levando em conta principalmente a sua fabricação, é um grande poluidor, o que fica evidente notando que nos dias atuais muitas pesquisas têm sido realizadas no sentido de diminuir o seu consumo. Outro vilão é o amianto que, acredita-se, ser o causador da morte de cerca de 90 mil pessoas no mundo por ano.

     Este número levou 60 países a abolirem o uso da fibra cancerígena, entre eles África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Dinamarca, Egito, Nova Zelândia e Romênia. No Brasil, os estados de São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Mato Grosso já proibiram o uso do amianto. O amianto é a matéria-prima usada na fabricação de produtos industriais, como telhas de fibrocimento. Construções civis, públicas, privadas e, até mesmo, reformas, deverão colocar uma placa com a mensagem: "nesta obra não há utilização de amianto ou produtos dele derivados, por serem prejudiciais à saúde".

     Outra preocupação é com relação ao déficit habitacional. Nota-se que o governo federal está cada vez mais criando programas de moradias e nos últimos anos encontramos diversos projetos de habitações de baixo custo, acessíveis a população carente. Entretanto ainda temos uma deficiência no setor de projetos em que sejam considerados os impactos ambientais gerados. Tem-se conhecimento que o mundo já acordou para os problemas relacionados com a construção civil e seu alto impacto ambiental, fato que tem resultado em vários projetos já construídos que levam em conta a máxima eficiência de uma habitação. 

    O déficit habitacional do Brasil é estimado em milhões de domicílios. Somando isso ao crescimento das cidades obtém-se um grande impacto ambiental, o que coloca em destaque a necessidade de construções de casas eficientes, com uma maior conscientização ambiental também no campo das habitações populares. Portanto, são estes alguns grandes problemas que poderão ser solucionados, ou pelo menos atenuados, através de uma habitação popular eficiente, por meio da utilização de materiais de baixo custo e que impliquem em um menor impacto ambiental, além de proporcionar um ambiente mais confortável ao morador. Me lembro que, quando trabalhava no BNH e chefiava o setor de construções populares no Rio de Janeiro e Espirito Santo, fui da coordenação da urbanização do Conglomerado da Maré. Era um conjunto de seis comunidades de baixa renda que necessitava de intervenção urgente em função da insalubridade do local. Fiz várias reuniões com as associações de moradores para ouvi-los com relação as suas reivindicações e, foram pesquisados mais de 300 projetos habitacionais com o objetivo de baixar os custos. 

    O resultado foi uma urbanização e habitações plenamente aceitas pelas comunidades que, inclusive, colaboraram sob as formas de mutirão e autoajuda. No momento, há uma grande carência de moradias populares e mais ainda de moradias que contemplem a questão ecológica. É fácil perceber que a barreira do tradicionalismo na construção civil ainda precisa ser vencida. A utilização de novos materiais e processos pode agilizar de forma relevante um cronograma de obra, reduzir custos, inclusive, com a mão de obra, além de produzir melhorias significativas na área de economia e conforto ao usuário da edificação. No próximo artigo será enfocada a importância das habitações sustentáveis em Petrópolis.

    achugueney@gmail.com

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