Conselho dá ‘censura verbal’ a deputado por quebra de peça da consciência negra
O Conselho de Ética da Câmara aprovou nesta terça-feira (22), por 12 votos contra 5, aplicar a punição de “censura verbal” ao deputado Coronel Tadeu (PSL-SP).
A recomendação foi dada pelo relator do caso no colegiado, deputado João Marcelo Souza (MDB-MA). A censura verbal deve ser aplicada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), no plenário ou pelo presidente do conselho, durante reunião. O parlamentar pode ainda recorrer da decisão em até dois dias úteis.
Tadeu arrancou e rasgou uma placa em uma exposição na Câmara sobre o Dia Nacional da Consciência Negra, em 2019. A peça tinha o desenho de um policial com um revólver na mão e um jovem caído no chão, com o título “O genocídio da população negra”, de autoria do cartunista Latuff.
Após um acordo costurado pelo então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com a bancada da bala e a bancada negra, a placa foi recolocada em seu lugar. A imagem foi remendada com pregos e um aviso foi exposto ao seu lado. “A bancada negra sabe que essa charge não representa toda a corporação e respeita os policiais que não corroboram para essas estatísticas e trabalham em prol do povo brasileiro”, diz o recado.
“Eu tenho para mim que a censura tem a proporcionalidade que se deve ter em todas as decisões deste Conselho de Ética. Portanto, fica aqui o meu posicionamento favorável à censura, na linha proposta pelo Relator, a quem, mais uma vez, cumprimento pela sua sensibilidade ao exarar o seu voto”, afirmou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
A representação contra Tadeu foi feita pelo PT e deputados da oposição discordaram do parecer do relator.
“Eu estava na Câmara no dia em que ocorreram os fatos. Os painéis foram quebrados, dentro do Parlamento, dentro do Congresso Nacional. Diga-se de passagem, esses painéis foram autorizados pela Mesa Diretora da Câmara, portanto estavam ali porque foram oficialmente aprovados pela Casa. Apesar de eu achar o relatório muito bem feito, muito criterioso, me permita discordar da conclusão. Uma censura verbal, na minha opinião, não deixa registrado o fato nos anais da Casa”, afirmou o deputado Marcelo Nilo (PSB-BA).