• Conheça passageiros que não embarcaram no avião da Voepass que caiu em Vinhedo

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  • 10/ago 15:29
    Por Gabriel de Sousa / Estadão

    Um grupo de dez passageiros não conseguiu embarcar no avião da Voepass que caiu em Vinhedo (SP) nesta sexta-feira, 9, matando 58 passageiros e quatro tripulantes. Dois deles não estavam na aeronave porque perderam o horário para o check-in no aeroporto de Cascavel, no Paraná.

    No aeroporto de Cascavel (PR), onde o ATR 72-500 da Voepass decolou, às 11h56, em direção ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, Adriano Assis ligou para a filha e disse com a voz embargada: “Eu perdi o voo. Papai te ama”.

    “Você tá onde? Eu também, minha filha (ao fundo dá para ouvir a filha dizendo que estava com saudade dele). O papai já está indo para casa. Eu perdi o voo. Ô, filha, porque eu perdi o voo. Porque o voo que eu perdi, ele caiu, o avião. Deus é muito bom, filha. O papai te ama, tá?”, disse o passageiro.

    Assis chegou ao terminal de Cascavel às 9h40, mas o guichê estava fechado. Então, ele saiu para tomar um café e retornou ao atendimento às 10h40, mas não conseguiu embarcar. Ele foi informado que deveria estar uma hora antes no atendimento. De Guarulhos, ele pretendia pegar outro avião para ir ao Rio, onde mora.

    Maranhense confundiu empresas e perdeu check-in

    José Felipe Araújo, de 21 anos, também foi barrado de embarcar no voo. Ele confundiu a empresa que faria o trajeto até Guarulhos, e não teve tempo de embarcar no ATR da Voepass.

    “Aconteceu que eu me enganei com as empresas. Eu pensei que ia sair pela Latam, não pela Voepass, que infelizmente foi o que caiu”, disse o passageiro em depoimento ao Estadão.

    De acordo com José Felipe, um grupo de 10 pessoas reclamou com o balconista por ser impedido de entrar na aeronave. De Guarulhos, ele pretendia ir para Teresina (PI) e depois seguiria ao Maranhão, onde vive. O passageiro relatou que soube do acidente pelos noticiários e recebeu ligações da mãe dele.

    “Quando saiu a notícia, todo mundo falou que o avião que ia para Guarulhos caiu. Aí eu já fiquei sem pé. Fiquei todo tremendo. (…) A mãe aqui está me ligando e tudo. Eu não estou nem conseguindo falar com a mãe direito. Mas agradeço muito a Deus”, declarou o maranhense.

    Médica troca passagem a pedido do pai e não embarca

    A médica Juliana Chiumento iria de Cascavel, no Paraná, para o Rio de Janeiro na sexta-feira, 9, com conexão em Guarulhos, mas, a pedido do pai, trocou a passagem para esse sábado, 10.

    “Estou bem nervosa, bem emocionada. Não tinha como eu chegar nesse aeroporto e não lembrar dos meus amigos que estavam ontem nesse voo, que embarcaram”, disse Juliana neste sábado, no aeroporto de Cascavel, onde pegou um voo da Gol para retornar ao Rio. “Foi Deus que falou para o meu pai me mandar mensagem. Pra eu não ir na sexta, pra eu ir no sábado de manhã.”

    Juliana trabalhava no Hospital do Câncer de Cascavel (Uopeccan). Entre os profissionais do hospital que morreram no acidente aéreo de sexta-feira estão as residentes de oncologia clínica Arianne Albuquerque Estevan Risso e Mariana Comiran Belim.

    “Perdi amigas. Muitas pessoas que estavam no voo eram meus colegas de trabalho, meus amigos”, lamentou Juliana. “Que Deus conforte o coração de todos os familiares e dê força. Uma hora dessas podia ser meu pai aqui, atrás de mim, atrás do meu corpo.”

    Causas da queda

    As condições climáticas estão entre as hipóteses que explicam a queda do avião, que despencou quatro mil metros em um minuto. Imagens feitas por moradores de Vinhedo mostram a aeronave caindo em “parafuso chato” e indicam que o acidente ocorreu devido a uma perda de sustentação, conhecido no meio aeronáutico como “estol”.

    Segundo especialistas, a perda de sustentação da aeronave pode estar associada à formação de gelo nas asas do avião. Porém, apenas a investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e a análise da caixa-preta serão capazes de elucidarem os motivos do desastre.

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