Conheça a Síndrome do Trato Iliotibial, uma das lesões mais comuns em atletas
O trato iliotibial (TIT) é uma faixa de tecido fibroso que se origina no osso da bacia (crista ilíaca) a partir dos músculos tensor da fáscia lata, glúteo máximo e médio e termina na tíbia e na fíbula. É responsável pela estabilização da parte lateral do joelho e, sob tensão, pode causar dor na patela.
A síndrome do trato Iliotibial (STIT), ou síndrome do corredor, é caracterizada por aumento da tensão nesses tecidos e, por sua vez, contribui com o cisalhamento do tendão nas proeminências ósseas, causando dor ou desconforto na região do joelho.
Pode ser causada pelo desequilíbrio de força muscular, falta de técnicas, pouco tempo de recuperação, entre outras. “Importante citar entre as causas o overtraining, que é quando o atleta se exercita mais do que o corpo consegue se recuperar, e a falta da bike fit, que nada mais é que a configuração da bicicleta às características do ciclista”, explica Edson Santiago, Fisioterapeuta Esportivo especialista em Musculoesquelética e pesquisador em Dor pela Santa Casa de São Paulo.
Os primeiros sintomas da síndrome são o aumento da tensão na parte lateral da coxa e dor na região lateral do quadril, ou joelho, durante as atividades físicas. Fortalecimentos e adequação de técnicas são importantes para a prevenção. Segundo o fisioterapeuta, a síndrome é muito comum entre corredores pelo fato do atleta, mesmo que por pouco segundos, ficar apoiado em uma perna somente. “Ao ficar sob uma perna, o corpo tende a cair para o lado, sem apoio. Para que isso não ocorra é necessária uma força muito grande do glúteo máximo e médio. Quando existe um desequilíbrio desta musculatura, o tronco tende a balançar mais para o lado sem o apoio, aumentando a pressão do trato na parte lateral”. Esse processo é chamado de Valgo Dinâmico.
Já nos ciclistas o quadril sempre está parado, porém o pé pode “pronar”, ou seja, apoiar na borda medial. Nesse caso, o joelho tende a ficar mais próximo ao quadro da bicicleta, gerando aumento da tensão do trato, que tenta não deixar ocorrer essa situação. Outra causa se deve à fraqueza dos intrínsecos do pé ao deixar a tíbia rodar internamente. “A força muscular do glúteo não deve ser negligenciada, pois, também pode causar lesões em ciclistas”, lembra Santiago.
O tratamento deve ser conduzido por um fisioterapeuta e o atleta, nas primeiras sessões, observará melhoras quanto às dores. Em alguns casos, a administração de analgésicos e anti-inflamatórios podem ser necessários. O tempo e o tipo do tratamento variam de acordo com a avaliação do atleta. “No geral a liberação da tensão do trato sempre é realizada. Programas de fortalecimento para reequilíbrio muscular, treino de gesto esportivo com o intuito de corrigir as técnicas, automassagem, métodos como dry needling (agulhamento a seco), além de orientações para evitar cruzar as pernas e se deitar com um travesseiro embaixo delas também auxiliam no tratamento”, diz.
É o caso de Carolina Rombauer, ciclista profissional de Mountain Bike, que acredita ter adquirido a lesão por falta de fortalecimento e também desequilíbrio muscular global. “Detectei meu problema muito tarde, com 49 anos, por todo esse tempo cometi erros com relação ao meu corpoo e foi preciso realinhá-lo. Tive que reaprender a pisar, andar e o acompanhamento com o fisioterapeuta Edson Santiago foi fundamental para detectar as várias tendinopatias e saber como iniciar o procedimento de cura sem precisar tomar nenhum antiinflamatório”, relata a atleta.