• Conheça a história da petropolitana campeã de Triathlon no Jogos Brasileiros para Transplantados

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  • 18/09/2022 08:46
    Por Helen Salgado

    A doação de órgãos ainda é considerado um tabu para a sociedade, mas não deveria, já que a ação devolve esperança e vida àqueles que mais precisam. Natanne de Oliveira foi agraciada com um transplante e se considera um milagre da doação. Aproveitando o máximo essa chance da vida, a atleta conseguiu um marco muito significativo pós transplante: o primeiro lugar nos Jogos Brasileiros para Transplantados.

    Natanne conta que em 2017 descobriu uma doença autoimune chamada Behçet. “Ela já chegou de forma abrupta causando uma lesão irreversível no meu nervo óptico, causando a cegueira total do meu olho direito”, lembra.

    Após meses de tratamento com um medicamento agressivo chamado ciclofosfamida, Natanne sofreu com queda de cabelo, que cada vez ficava mais grave, e começou a sentir o corpo extremamente fraco. Ela não tinha forças físicas e emocionais. Então o esporte surgiu em sua vida como uma forma de espairecer e lidar melhor com a doença. Inicialmente a petropolitana começou a correr na rua, depois foi tomando gosto também por outros esportes.

    “Me sentia com fôlego e forte a cada corrida para enfrentar as sessões do ciclo. Com o passar dos meses meus exames foram melhorando e meu amor pela corrida foi aumentando também”, conta.

    Natanne começou correndo 5km quando, em 2019, realizou um grande sonho e conseguiu completar duas maratonas de 42km cada. No entanto, a doença agia de forma silenciosa. Por esse motivo, também no ano de 2019, quando já estava se preparando para correr os 42km ela descobriu que, devido a Behçet, também estava sofrendo uma síndrome chamada Budd-Chiari, que obstrui o fluxo venoso de saída do fígado.

    “Quando fui internada, meu fígado já estava em falência. Foi um desespero total. Uma corrida contra o tempo, visto que a única solução era um transplante. Entrei como prioridade na fila e, assim, do dia para noite surgiu um doador”, lembra.

    Natanne passou pelo transplante no dia 01 de dezembro de 2019 e considera o fato como um milagre de vida e da doação. Hoje ela é mãe da Catarina, campeã brasileira de Triathlon nos Jogos Brasileiros para Transplantados, apaixonada pela vida e sonhadora.

    Sobre a conquista nos Jogos Brasileiros para Transplantados, que aconteceu em Curitiba neste ano, a atleta conta que ser a campeã não é só uma vitória de cunho pessoal, mas que vai muito além disso. “Essa vitória é importante também para divulgar sobre a importância do esporte na vida do transplantado, sobretudo sobre a importância dos sonhos e das realizações”, diz. Além disso, ela atribui a realização desse sonho ao sim da sua família.

    Mais de 50 mil pacientes aguardam pela doação de algum órgão no Brasil

    Para marcar o Setembro Verde, no dia 27 é celebrado o Dia de Conscientização para Doação de Órgãos. No Brasil, pelo menos nove pacientes morreram por dia à espera de transplante no primeiro trimestre deste ano, segundo relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (Abto). Enquanto isso, a lista ativa de pacientes adultos e pediátricos em espera ultrapassou os 50 mil.

    Valter Duro Garcia, editor da Abto, afirma que neste primeiro trimestre de 2022, em que quase toda a população adulta está vacinada e as novas variantes do Covid-19, embora mais infectantes, são muito menos agressivas e, portanto, o país está retornando à “normalidade”, as taxas de doação e transplante continuam caindo. Comparadas com o ano passado, houve diminuição nas taxas de doadores (8,6%) e de transplantes de rim (13,8%), fígado (11,5%), coração (12,5%), pulmão (25%), pâncreas (37,5%), córneas (7,1%) e células hematopoiéticas (12,2%).  

    No estado do Rio de Janeiro, de janeiro a março deste ano, havia 251 potenciais doadores. Já o número de doadores efetivos no mesmo período é de 79. No estado do Rio de Janeiro há 4.438 pacientes ativos na lista de espera por um transplante. Sendo que 1.219 esperam pela doação de rim, 100 pelo fígado, nove por um coração, quatro por pâncreas/rim e 3.106 pelo transplante de córnea.

    Já os pacientes pediátricos formam uma fila de 1.249 pessoas em todo o Brasil. No estado do Rio de Janeiro há 98 pacientes. Desses, 22 aguardam por um rim, nove por fígado, dois por um coração e 65 por córnea.

    Segundo dados de março deste ano, 49.355 mil pacientes ativos estão na fila para conseguir uma doação no Brasil. Para ser um doador e ajudar a aliviar a fila, basta avisar a sua família sobre o desejo de doar os órgãos. Em 2021, a recusa familiar foi de 42% para potenciais doadores.

    Hospital Santa Teresa é responsável pela captação de órgãos em Petrópolis

    Em Petrópolis, a captação de órgãos é feita no Hospital Santa Teresa, que possui uma Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante e atua em parceria com o Programa Estadual de Transplantes.

    Carlos Carneiro, coordenador da CIHDOTT explicou que os pacientes com diagnóstico de morte encefálica são potenciais doadores. Após o diagnóstico fechado, o Programa Estadual de Transplantes dá ou não o aval para entrevistar a família. O diagnóstico de morte encefálica é obtido através de vários exames por médicos diferentes, além de ter também um método gráfico.  

    De janeiro a agosto de 2021, o Hospital Santa Teresa recebeu 22 notificações de casos e teve cinco doadores efetivos. Já no mesmo período deste ano foram 18 notificações e duas doações efetivas.

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