Conclave mais longo durou quase 3 anos: veja como é cronograma agora
O conclave para escolher o sucessor do papa Francisco começa na quarta-feira, 7. Durante esse período, cardeais ficam isolados e não podem se comunicar com o mundo externo. Uma maioria de dois terços é necessária para eleger o novo pontífice. Se o número de eleitores permanecer em 133, o vencedor precisará de 89 votos.
Na quarta, às 10 horas (pelo horário local), será realizada a missa “pro elegendo Pontífice”, celebração litúrgica solene que marca o início do conclave. Os cardeais se reúnem para pedir assistência do Espírito Santo na escolha do novo pontífice.
Os últimos encontros entre cardeais para a escolha do pontífice na Capela Sistina foram curtos e não duraram mais do que cinco dias.
Quanto tempo deve durar o conclave?
Conforme o Vaticano, não há uma previsão exata para que a escolha seja concluída. “Entre os próprios cardeais eleitores há aqueles que esperam um conclave curto, considerando também o Jubileu em andamento, e aqueles que, ao contrário, preveem tempos mais longos para permitir que os cardeais “se conheçam melhor”, tendo Francisco, em seus 10 Consistórios, agregado ao Colégio Cardinalício purpurados de todos os cantos do globo.
“Se o conclave demorar, é porque os cardeais não se conhecem, não é porque estão divididos”, afirmou o cardeal arcebispo de Porto Alegre, d. Jaime Spengler, durante a homilia na missa em 4 de maio que celebrou em San Gregorio Magno alla Magliana Nuova.
“Alguns, sobretudo da mídia, pensam que é uma questão política. Não, não. Espírito de oração, porque precisamos obedecer a Deus, e aqueles que obedecem a Deus são guiados pelo Espírito Santo.”
Uma das principais mensagens sublinhadas pelos cardeais é a necessidade de continuidade do pontificado de Francisco, com os ensinamentos do Concílio Vaticano II. O cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, por exemplo, afirmou que “o próximo papa não será uma xerox do papa Francisco.”
O que é o conclave?
São reuniões fechadas, nas quais os cardeais eleitores para escolher o novo papa ficam reunidos na Capela Sistina. Seu nome significa “com chave” e foi usado no século 13 para descrever o processo de trancar os cardeais até a eleição ser concluída.
Ele deve começar no máximo 20 dias após a morte ou renúncia de um papa. Os eleitores são isolados de todos os estranhos durante a duração; os últimos três papas foram escolhidos em questão de dias.
Quem está no Colégio dos Cardeais?
Há 252 cardeais em todo o mundo, e como um corpo, eles são responsáveis pelos assuntos da Santa Sé após a morte de um papa, embora com limites.
Atualmente, há 135 cardeais com menos de 80 anos e elegíveis para a votação, vindos de 71 países diferentes, no conclave mais geograficamente diverso da história. Já dois informaram formalmente à Santa Sé que não poderão comparecer por motivos de saúde, reduzindo o número de homens que participarão da reunião na Capela Sistina para 133.
Por séculos, eles escolheram um dos seus. A grande maioria dos eleitores – 108 – foi feita cardeal pelo papa Francisco, de acordo com estatísticas do Vaticano.
Por que o conclave foi criado?
O conclave foi uma forma de constranger os cardeais a apressar o voto para que a Santa Sé não ficasse vaga por longos períodos.
Foi o que aconteceu depois da morte de Clemente IV, em novembro de 1268. O cargo ficou sem titular por 2 anos, 9 meses e 2 dias.
Naquela época, dezoito cardeais se reuniram no Palácio Papal de Viterbo para eleger o novo papa. Foi o conclave mais longo da história, de acordo com a Santa Sé. “Eram tempos difíceis. Durante esse longo período, a população de Viterbo, exasperada, decidiu trancar os cardeais no palácio. As portas foram fechadas com tijolos e o telhado removido. Por fim, Gregório X, arquidiácono de Liège, que na época se encontrava na Terra Santa, foi eleito”, conforme o Vaticano.
Em 1274, ele promulgou a Constituição Ubi periculum, que instituiu oficialmente o conclave. Entre outras coisas, estabeleceu-se que ele deveria ser realizado num local precisamente ‘fechado a chave’ por dentro e por fora.
“O primeiro conclave da história, após a promulgação da constituição, foi o de Arezzo, em 1276, com a eleição de Inocêncio V”, segundo a Santa Sé.
Foi em 1621 que Gregório XV introduziu a obrigação do voto secreto e escrito.
“Em 1904, Pio X proibiu o suposto direito de exclusividade, sob qualquer forma. Também foi introduzida a obrigação de sigilo sobre o que acontecia no conclave, mesmo após a eleição, e a regra de manter a documentação disponível apenas ao papa”, conforme o Vaticano. O Estadão cobre conclaves desde 1878.
A legislação, atualmente, em vigor para a eleição do novo pontífice é a “Universi Dominici Gregis”, promulgada por João Paulo II em 1996 e modificada por Bento XVI em 2013. “Ela estabelece, entre outras coisas, que o Conclave deve ser realizado na Capela Sistina.”
Como é feita a votação?
Estão programadas quatro votações a cada dia, duas pela manhã e duas à tarde. Depois de uma eventual 33ª ou 34ª votação, haverá um segundo turno direto e o obrigatório entre os dois cardeais que receberam o maior número de votos na última votação. Mesmo nesse caso, será sempre necessária a maioria de dois terços dos votos.
Os dois cardeais ainda na disputa não poderão participar dessa votação. Se os votos para um candidato atingirem os dois terços dos votantes, a eleição do pontífice é canonicamente válida.
O que representa a fumaça que sai da chaminé?
A estufa é usada para queimar os votos dos cardeais aos candidatos ao papado após a contagem. O voto é dado por escrito em uma cédula oficial do Vaticano. O material é incinerado em seguida. A saída de fumaça preta pela chaminé indica que nenhum candidato obteve os votos necessários, sendo iniciado um novo escrutínio.
Já a fumaça branca na chaminé anuncia um novo papa. “É precisamente para essa chaminé que, nos próximos dias, os olhares do mundo estarão voltados, à espera do tão aguardado sinal: a fumaça branca, que confirma a eleição do sucessor do Papa Francisco”, segundo o Vatican News.
O que significa quando dizem: ‘Habemus Papam’?
Esta expressão em latim significa “temos um papa”. São as palavras usadas pelo “protodiácono” do Colégio dos Cardeais para anunciar, da loggia da Basílica de São Pedro, que um novo papa foi eleito.
Ele então diz o nome de nascimento do novo papa e o nome que ele escolheu usar, também em latim. O atual protodiácono é o cardeal francês Dominique Mamberti. (Com agências internacionais).