Comunidade do Malta, em Araras, denuncia abandono e precariedade nos serviços de infraestrutura
Com as chuvas deste fim de ano, questões relacionadas à falta de serviços de infraestrutura na comunidade do Malta, em Araras, foram evidenciadas. Várias casas da região ficaram sem energia elétrica após a queda de árvores e galhos sobre a rede de energia. Em algumas ruas, foram mais de 60 horas sem luz. Mas a falta de poda é apenas um dos problemas apontados pelos moradores. Ruas sem calçamento, postes em risco de queda e falta de iluminação pública também mostram o abandono.
“Sou moradora do Malta, localidade de Araras, há 52 anos. Aqui a prefeitura se faz presente somente na hora de emitir os carnês do IPTU, com valores altíssimos. A iluminação pública das alamedas não existe, não há calçamento nem limpeza das ruas, a coleta de lixo é precária e desorganizada. Durante os últimos dias de chuva, por falta de conservação, sofremos com a queda de árvores e de um poste. Vivemos numa Reserva Biológica, mas há comunidades crescendo diariamente com invasão de áreas de preservação ambiental e de terrenos particulares, um processo que acontece há décadas sem que nada seja feito em termos de fiscalização e de infraestrutura”, desabafou a moradora Luciane Saintive Barbosa.
Assim como disse Luciane, demais moradores apontam o abandono do Poder Público com o local. Na Rua Agnelo Barreiros, por onde uma galeria de águas pluviais entope frequentemente e a água chega a invadir as residências. Em agosto de 2021, depois que uma cratera abriu no meio da rua e impediu ônibus do Vista Alegre subir, a Prefeitura limpou a via e disse que resolveu o problema, mas com as chuvas dos últimos dias, a galeria voltou a transbordar.
Na Alameda Paulo Geraldo Milliet e na Alameda Pelegrini, que também dão acesso à Vista Alegre, na última intervenção feita, foram colocadas raspas de asfalto que não resistiram à primeira chuva, contam os moradores. Em uma das curvas, além do buraco, tem vergalhões de obra irregular soltos.
Os moradores apontam que praticamente todas as ruas da localidade estão intransitáveis, canaletas de escoamento da chuva destruídas e/ou assoreadas, postes tombados, fios caídos, árvores por cair ou sustentadas por fiação, falta de quebra-molas, iluminação escassa.
“O assoreamento das calhas de chuva da Alameda Joaquim Crespo de Pinho provocou desmoronamento do terreno da minha propriedade, causando grande prejuízo. Apesar de ter conseguido que técnicos das Secretaria de Obras, de Meio Ambiente e da Comdep e, de ter feito registro formal junto à Defesa Civil, corremos o risco de agravamento do problema, pois a rua ainda não foi consertada”, contou a dona de uma pousada, Marcia Santos.
Ivana Moreira Leite, da Associação dos Amigos do Bairro Jardim Araras-AABJA diz que em todos os pontos há problemas. “Os moradores têm se unido em uma campanha para tentar chamar a atenção do Poder Público para a nossa região, que está realmente abandonada”, explicou.
Posicionamento da prefeitura sobre o tema
Em resposta à Tribuna, a Secretaria de Obras, Habitação e Regularização Fundiária informou que está cobrando a empresa responsável pela iluminação pública a regularidade na troca de lâmpadas. Como o serviço vem sendo realizado de forma precária na cidade, a secretaria vem atuando na cobrança e na fiscalização junto à empresa para que Petrópolis volte à normalidade.
Com relação a pavimento, a secretaria esclarece que a atual gestão recebeu a administração, no fim de dezembro, sem nenhum contrato de tapa-buracos em vigor. Também não está funcionando a usina de asfalto do Quissamã. Por isso, a secretaria, nestas primeiras semanas de governo, vem trabalhando para licitar 1 mil toneladas de asfalto quente (recomendado para vias principais) e reativar a usina do Quissamã (que produz asfalto frio, recomendado para vias secundárias).
Sobre às quedas de energia elétrica por conta das chuvas, a Prefeitura recebeu, na segunda-feira (3), representantes da Enel Distribuição Rio para alinhar ações de resposta às ocorrências. Na ocasião, o governo municipal se colocou à disposição da empresa para auxiliar no restabelecimento da normalidade nos locais que foram afetados.
A Comdep também informou que esteve em Araras, entre sábado (1º) e segunda-feira (3), para a resposta às chuvas da virada do ano, limpando todo o bairro e retirando árvores, pedras e terra das vias. No caso de alguma rua onde ainda seja necessário algum serviço, o morador deve ligar para 2292-9500.
A Secretaria de Meio Ambiente esclarece que, neste primeiro momento, de início de governo e de resposta às chuvas da virada do ano, o foco está nas podas emergenciais. A atual gestão promoverá, ao longo do ano, podas preventivas, realizadas pela Comdep, sempre acompanhada pelo engenheiro florestal da secretaria.
**Matéria atualizada com a resposta da prefeitura sobre o tema, às 9h06