Comunidade do Carangola se mobiliza para garantir vida mais digna à família
Com a chegada do Natal, data que marca o nascimento de Jesus na fé cristã, simbolizando a esperança de dias melhores, muitas pessoas têm o desejo de verem os seus sonhos se realizarem. Com Marília Cândido do Nascimento não é diferente. Ela mora com dois filhos, de 11 e 15 anos, no Vale do Carangola, em uma estrutura protegida por madeirite. Ela sonha em ter uma moradia digna para viver. E é nessa hora que o espírito de solidariedade aparece: uma campanha na internet foi criada para ajudar e oferecer uma condição melhor para a família.
A história de Marília é semelhante à de milhões de brasileiros e brasileiras espalhados pelo país. A falta do que comer, de moradia adequada e de saneamento básico ainda figuram entre os principais problemas que essas pessoas enfrentam diariamente, além da falta de visibilidade perante à sociedade. Apesar de Petrópolis ter um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,745, considerado alto, superar a pobreza ainda é um desafio. Segundo dados do Ministério da Cidadania, em setembro do ano passado, 24.329 famílias faziam parte do Cadastro Único para Programa Sociais do Governo, com 2.821 vivendo em situação de pobreza e 5.530 em situação de baixa renda. Do total de famílias, 10.040 são beneficiárias do programa Bolsa Família.
Marília, de 40 anos, é órfã de pai e mãe. Ela recebe o Bolsa Família e trabalha na reciclagem. No entanto, está na iminência de ser mandada embora do seu emprego. Atualmente, moram com ela o seu filho Édson, de onze anos; e Ádrian, de quinze. Entre os principais problemas que a família enfrenta no momento estão as condições precárias e insalubres do local. A casa é coberta por uma camada fina de madeira, que não protege os moradores das chuvas. Falta luz e a água que eles consomem está longe de ser potável. Além disso, há uma árvore na direção da casa com risco de cair. Ela conseguiu comprar tijolos, além de pedra e areia, para dar alguma estrutura para a casa, com o dinheiro do auxílio emergencial. No entanto, devido às fortes chuvas que assolam a cidade no final do ano, todo o material fica danificado.
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“Os meus filhos têm vergonha da nossa situação atual e do local onde moramos. Quando eles estão na escola, os amigos começam a zombar por morarem em uma casa de madeirite. Eles deixam de trazer os amigos aqui por vergonha da estrutura da casa. Eu, por exemplo, já perdi inúmeras oportunidades na minha vida por esse mesmo motivo. Às vezes, algumas pessoas querem me ajudar, mas não aceito que venham por essa situação. Na maioria das vezes, durmo sozinha aqui. Os meus filhos vão para a casa do pai, que mora perto, por medo. As madeiras, por exemplo, estalam frequentemente. Tenho muito receio de que caiam comigo e com eles aqui dentro. O frio que passamos aqui também é muito grande. Eu não sei mais o que fazer diante disso tudo, me sinto desamparada”, contou Marília.
A casa não tem chuveiro elétrico: sempre que os moradores precisam tomar banho, têm que pedir ajuda à vizinha para pegar água. “A nossa rotina todo dia é pegar uma panela grande, botar para esquentar, esperar ferver e tomar banho”, disse a moradora.
Outro filho de Marília que não mora no local, Denílson, de 18 anos, fica desolado com a situação da mãe e dos irmãos mais novos, e tenta ajudar. “Por morar com o meu pai, estou numa situação melhor do que eles. Mas me sinto mal todos os dias. Quando chove, fico muito preocupado com os três em casa, ainda mais por ter essa árvore prestes a cair. O meu maior sonho é conseguir um emprego para poder ajudá-los a sair dessa situação”, desabafou o filho Denilson, de 18 anos.
A história de vida da família passou a repercutir quando a professora Mariana Pacheco criou uma campanha na internet com o objetivo de ajudar Marília e seus filhos a conseguirem construir um lar digno para viver. “Poder ajudar o próximo de forma desinteressada e ter a chance de tentar transformar vidas é uma oportunidade única de prática do bem. É muito gratificante ter o ensejo de proporcionar alegria de outras pessoas e a situação dessa família me comoveu bastante”, disse a professora, que está organizando uma campanha de doação de materiais para que se construa uma estrutura que garanta dignidade à família, em vez da estrutura atual.
Para ajudar Marília e sua família, basta entrar em contato através do telefone (24) 99202-0395, ou ir até à Rua Doutor Hermogênio Silva, 1599 – na rotatória da entrada do bairro Carangola – e procurar por Marcela.
* Supervisão: Philippe Fernandes