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  • 09/05/2021 08:00
    Por Monsenhor José Maria Pereira

    A Liturgia de hoje está sintetizada na frase de São João: “o amor vem de Deus… Deus é amor” (1Jo 4, 7-8).

    É amor o Pai que “enviou ao mundo o Seu Filho Único, para nós vivermos por Ele. É amor o Filho que deu a vida não só pelos seus amigos (Jo 15, 13), mas também pelos seus inimigos.

    É amor o Espírito Santo “que não faz distinção entre as pessoas” (At 10, 34) e que está como que impaciente para descer sobre todos os homens (At 10, 44). O amor divino antecipou-se aos homens sem qualquer merecimento da sua parte: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados”(1Jo 4, 10). Sem o amor proveniente de Deus que criou do nada o homem e, depois, o resgatou do pecado, nunca o homem teria sido capaz de amar. Tal como a vida não procede da criatura, mas sim do Criador, tão pouco o amor procede dela, mas sim de Deus, a única fonte infinita de amor.

    O amor de Deus chega ao homem através de Cristo: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei” (Jo 15, 9). Jesus derrama sobre os homens o amor do Pai, amando-os com o mesmo amor com que é amado por Ele, e quer que vivam neste amor: “permanecei no meu amor”. E tal como Jesus permanece no amor do Pai cumprindo a Sua vontade, da mesma maneira os homens devem permanecer no Seu amor cumprindo os mandamentos. Aqui surge, novamente e em primeiro lugar aquilo que Jesus chama o Seu mandamento: “que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei” (Jo 15, 12). Jesus ama os Seus discípulos como é amado pelo Pai, e eles devem amar-se entre si como são amados pelo Mestre. Cumprindo este preceito serão Seus amigos: “Vós sereis Meus amigos, se fizerdes o que vos mando” (Jo15, 14). A amizade exige reciprocidade de amor: corresponde-se ao amor de Cristo, amando-O com todo o coração e amando os irmãos com os quais Ele se identifica ao afirmar fazer-se a Ele o que se faz ao menor dos Seus irmãos” (Mt 25, 40).

    É profundamente impressionante a insistência com que Jesus recomenda aos Seus discípulos, no discurso da Última Ceia, o amor mútuo; pretende exclusivamente construir entre eles uma comunidade compacta, fundamentada no amor, onde todos se sintam como irmãos e vivam uns para os outros. Isto não significa restringir o amor ao ambiente dos crentes; antes pelo contrário: quanto mais incorporados no amor de Cristo, tanto mais disponíveis estarão para levar este amor a todos os homens. Como poderiam os cristãos ser mensageiros do amor no mundo, se não se amassem uns aos outros? Eles devem manifestar com o seu comportamento que Deus é amor e que, unidos a Ele, aprendem a amar; que o Evangelho é amor e que, não em vão, Cristo ensinou aos homens o amor mútuo; que o amor alicerçado em Cristo, vence todas as dificuldades e diferenças, anulando distâncias, egoísmo, rivalidades, discórdias. Tudo isto convence e atrai mais à fé do que qualquer outro meio, e é parte essencial daquela fecundidade apostólica que Jesus espera dos Seus discípulos, aos quais afirmou: “eu vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça” (Jo 15, 16). Só aquele que vive no amor pode dar ao mundo o precioso fruto do amor.

    Agradeçamos a Deus por nos ter dado participar de seu projeto de amor, por nos ter dado mandamentos, para não errarmos o caminho o caminho do Céu. Por nossa Mãe do Céu, peçamos mais graças para sermos mais fiéis ao verdadeiro amor. Afinal, como ensina São Paulo: “Quem poderá nos separar do amor de Cristo”.

    O amor de Cristo aos cristãos é reflexo do amor que as Três Pessoas divinas têm entre Si e para com os homens: “Amemos a Deus porque Ele nos amou primeiro” (1Jo 4, 19).

    A certeza de que Deus nos ama é a raiz da alegria e do gozo cristão, mas ao mesmo tempo exige a nossa correspondência fiel, que deve traduzir-se num desejo fervoroso de cumprir a Vontade de Deus em tudo, isto é, os Seus Mandamentos, à imitação de Jesus Cristo que cumpriu a Vontade do Pai (Jo 4, 34).

    “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei…” (Jo 15, 12-15). A amizade de Cristo com o cristão, que o Senhor manifesta nessa passagem bíblica, foi posta em realce na pregação de São JosemariaEscrivá: “A vida do cristão que decide comportar-se de acordo com a grandeza da sua vocação converte-se num eco prolongado daquelas palavras do Senhor: “Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15, 15). Estar pronto a seguir docilmente a Vontade divina abre horizontes insuspeitados; não há nada melhor que saber que somos por amor escravos de Deus, porque perdemos a situação de escravos para nos tornarmos amigos, filhos” ( Amigos de Deus, 35).

    Hoje, rezamos e rendemos graças ao Pai pela vida de nossas mães. Pelas mães que estão junto de nós e pelas que já foram chamadas por Deus.

    * Monsenhor José Maria Pereira é vigário-geral da Diocese de Petrópolis, pároco da Paróquia de São José do Itamarati e juiz do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Niterói e Diocesano de Petrópolis

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