• Como serão as ‘cidades temporárias’ para desabrigados no Rio Grande do Sul? veja o que se sabe

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  • 17/maio 17:15
    Por Priscila Mengue / Estadão

    O governo do Rio Grande do Sul divulgou, na sexta-feira, 17, detalhes da organização das quatro “cidades temporárias” que serão montadas para receber desabrigados na região metropolitana de Porto Alegre. A previsão é de que os espaços comecem a operar em cerca de um mês, ainda em junho.

    O planejamento envolve a utilização de tendas com estruturas temporárias semelhantes às de grandes hospitais de campanha montados durante a pandemia, como o do estádio do Pacaembu, em São Paulo, por exemplo.

    Segundo o Estado, cada uma dessas “minicidades” terá uma infraestrutura básica de funcionamento, com ao menos os seguintes espaços:

    Administração, área para o staff e almoxarifado

    Posto de saúde

    Brinquedoteca (de 40 m²)

    Espaços para animais de estimação

    Chuveiros e banheiros

    Cozinha e refeitório

    Dormitórios

    Espaços multiuso (com televisão e computadores)

    Fraldário, espaço de amamentação e berçário

    Lavanderia

    Triagem e espaço de assistência social

    De acordo com o vice-governador, Gabriel Souza (MDB), a estimativa é que os contratos para a instalação possam ser assinados no fim da semana que vem. O tempo estimado de montagem é de 15 a 20 dias.

    Com base em outro desastre ambiental no Vale do Taquari, no ano passado, o Estado projeta que cerca de 10 mil pessoas precisarão de abrigos por tempo indeterminado após mais de 30 dias das enchentes. Hoje, o Estado contabiliza cerca de 875 espaços improvisados em 103 municípios, com 78,1 mil pessoas.

    A estimativa é que uma “cidade provisória” para mil pessoas custe cerca de R$ 13 milhões para manutenção e mobiliário por seis meses. Os contratos permitirão a prorrogação por mais um semestre. Nos dormitórios, está prevista a separação em áreas, entre famílias, homens solteiros e mulheres solteiras.

    Todos os endereços teriam fácil acesso a serviços básicos (transporte, educação e outros) no entorno, além de infraestrutura de água, energia e saneamento.

    Uma das “cidades” está prevista para o Complexo Cultural do Porto Seco, complexo de carnaval na zona norte de Porto Alegre, onde as instalações serão montadas nos espaços do sambódromo e do estacionamento. Ao todo, são 30 mil m² para o abrigo.

    Em Canoas, o local será no Centro Olímpico Municipal, onde um ginásio já tem abrigado parte dos afetados. O complexo tem cerca de 15 mil m².

    Já a terceira “minicidade” será no Centro Municipal de Eventos de São Leopoldo, no Vale dos Sinos, que integra também a região metropolitana. Ao todo, a área tem 3,4 mil m².

    Por fim, está prevista uma quarta em Guaíba, mas a prefeitura ainda não teria identificado um terreno adequado em área não inundável. “As áreas ainda podem mudar. (A escolha do endereço) É algo que as prefeituras estão liderando”, salientou o vice-governador.

    Segundo o vice-governador, o objetivo seria trazer espaços com “mais dignidade e conforto”, ainda mais com a possibilidade de normalização e retomada de atividades em locais hoje utilizados como abrigos, como escolas, universidades e clubes.

    Com três semanas de emergência climática e humanitária, especialistas têm destacado a necessidade de suporte, treinamento e organização nos abrigos. A enchente está em redução lenta na Grande Porto Alegre, com os principais cursos d’água ainda elevados.

    De acordo com Souza, o Estado está buscando orientações de organizações internacionais com experiência em campos de refugiados e desastres naturais. Entre elas, estariam a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

    Na coletiva de imprensa, também foram apresentados os modelos das primeiras casas pré-fabricadas que seriam destinadas às famílias. A previsão é que o tempo de montagem leve de 30 a 120 dias, a depender do padrão, sem contar o período de terraplanagem e instalação prévia de infraestrutura de água, energia e saneamento.

    Segundo a Defesa Civil, mais de 2,2 milhões de pessoas foram afetadas pelo desastre climático em 461 das 497 cidades do Estado. Além dos desabrigados, mais de 540,1 mil pessoas estão desalojadas, na casa de amigos, familiares e conhecidos.

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