Começa a primeira etapa da reunião do Copom, de análise de conjuntura
A primeira etapa da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) começou às 10h11 desta terça-feira, 6. Nesta fase, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e os oito diretores assistem a apresentações técnicas do corpo funcional da autarquia sobre a economia, para embasar a definição da taxa Selic. A decisão será divulgada na quarta-feira, 7, a partir de 18h30.
Das 59 instituições financeiras ouvidas pelo Projeções Broadcast, 56 esperam uma elevação de 0,5 ponto porcentual nos juros, de 14,25% para 14,75%. A mediana do relatório Focus aponta na mesma direção. Na última reunião, do dia 19 de março, o Copom elevou a Selic em 1 ponto porcentual e indicou que o próximo movimento também seria de alta, mas de menor magnitude.
Independentemente da magnitude, qualquer elevação vai levar a Selic ao maior nível desde maio de 2006, no primeiro governo Lula, quando o Copom cortou a taxa de 15,25% para 14,75%. Nessa época, os juros estavam em queda depois de terem atingido 19,75% em maio de 2005, um dos maiores patamares do século 21.
As atenções do mercado estão voltadas para a comunicação da autarquia. A opinião prevalecente é de que o Copom não deve renovar o seu forward guidance, em vigor desde dezembro. A escalada da incerteza externa desde 2 de abril, quando os Estados Unidos anunciaram um conjunto de tarifas sobre importações, tornou o valor esperado de uma sinalização negativo.
“Dado o cenário externo altamente incerto, esperamos que o Copom não feche a porta para um aumento residual e menor em junho, mas que se abstenha de oferecer um guidance específico para a reunião de junho (inclusive não afirmando que o ciclo de aumento acabou)”, diz o diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório.
Galípolo e diretores do BC vêm chamando atenção para esse quadro desde o fim de abril. Na última terça-feira, 29, o presidente da autarquia afirmou que a incerteza demanda cautela e flexibilidade por parte do Copom. No dia 24, o diretor de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos, Paulo Picchetti, já havia afirmado que tanto o orçamento total de alta dos juros, quanto a extensão do ciclo estão em aberto.
A maioria dos analistas de mercado avalia que o tarifaço anunciado pelos EUA tende a produzir efeitos desinflacionários para o Brasil – via quedas do dólar e dos preços de commodities, e pela expectativa de redirecionamento das exportações da China ao restante do mundo. Há dúvidas, no entanto, sobre se o Copom vai ajustar o seu balanço de riscos para a inflação, mantido assimétrico nas últimas reuniões.
Hoje, a opinião majoritária no mercado é que a baixa do dólar e das commodities vista desde o último Copom já deve levar a uma queda de 0,1 a 0,2 ponto porcentual nas projeções do comitê para o IPCA de 2025 e 2026, que estavam em 5,1% e 3,7%, respectivamente. A partir desta reunião, o horizonte relevante da política monetária passa a ser o quarto trimestre do ano que vem.