O diretor-administrativo da Comdep, Adilson Souto da Paz, esteve na Câmara Municipal, nessa quinta-feira (22), para explicar a crise da coleta de lixo no município. Em reunião com a presença da imprensa, de vereadores governistas e o ex-presidente da Comdep, Léo França, Souto afirmou que um dos motivos para o aumento do preço do transbordo e transporte final até a destinação final foi a necessidade de mais carretas para levar os resíduos até o aterro sanitário dentro do horário estipulado. O Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) apura a denúncia.
Em um primeiro momento, a reunião seria em resposta à uma convocação do Secretário de Serviços, Segurança e Ordem Pública (SSOP), Elias Montes, solicitada pelos vereadores de oposição Mauro Peralta (PMN) e Domingos Protetor (PP). A iniciativa veio após a falta do atual presidente da Comdep. O líder do governo, vereador Gil Magno (PSB), convidou o diretor-administrativo e o ex-presidente da companhia.
Com isso, houve um bate-boca entre os vereadores e Léo França. Peralta e Protetor reclamaram da presença de França, que também é candidato, e, inclusive, tem sido investigado pelo Ministério Público Eleitoral. Ao se retirar, França levou também Souto – apesar de os vereadores ressaltarem que o técnico poderia ficar – e apenas Elias Montes ficou, mas alegou não ter condições de responder a maior parte das perguntas.
“Eu fiz questão de trazer o presidente da Comdep à época e o senhor Adilson, que detinha a maior parcela de conhecimento técnico sobre resíduos sólidos, hospitalares ou urbanos, e o próprio descarte desses. Que, volto a falar, não tenho o conhecimento técnico para responder. Mas, em dado momento, eles não puderam participar. Eu desconhecia essa obrigatoriedade, e foi uma pena. Então, a primeira parcela ficou muito inócua, porque eu não tinha conhecimento técnico para responder as perguntas que me foram feitas”, afirmou o secretário Elias Montes.
Explicações
Com a reunião da convocação encerrada, Peralta e Protetor se retiraram. Foi então que Gil Magno e Ronaldo Ramos (PSB), governistas, se reuniram com o ex-presidente da Comdep e o diretor-administrativo para as explicações. Segundo Couto, ao fechar o primeiro contrato emergencial, a Comdep utilizava um aterro em Nova Iguaçu com funcionamento de 24 horas. No entanto, após acordo judicial, foi necessário transferir para Três Rios.
Em Três Rios, o funcionamento ficou apenas até 22h. Com isso, justificou que precisou aumentar o número de carretas na viagem entre o transbordo e a destinação final. Ainda disse que, em outra cotação, a PDCA – que antes prestava o serviço –, chegou a oferecer um valor ainda mais alto que a AMI3, atualmente contratada.
A reportagem da Tribuna questionou o motivo das explicações só virem neste momento, uma vez que o assunto é levantado desde fevereiro e já virou, até mesmo, denúncia ao TCE-RJ. Couto disse que não poderia responder sobre isso, pois seria uma questão relacionada à presidência da Comdep.
Já Léo França disse que, enquanto presidente, não recebeu nenhum contato da Tribuna acerca do tema, o que não é verdade. A reportagem encaminhou, ao e-mail da assessoria de comunicação (Ascom) da Prefeitura, o primeiro pedido de esclarecimento sobre o tema em 28 de fevereiro. Após essa data, foram mais quatro questionamentos e pedidos de explicações, todos ignorados.
O rito oficial é que a imprensa encaminhe pedidos de resposta para a administração direta ou indireta por meio do e-mail da assessoria de comunicação da Prefeitura. No entanto, a Ascom tem ignorado os pedidos.
Nesta semana, por exemplo, a secretária de educação, Cecília Pinheiro, não respondeu ao pedido da Tribuna sobre a nota do Ideb por escolas por meio do endereço eletrônico, onde foi pedido até mesmo depoimentos de cada um dos diretores. Quando a matéria foi publicada, quase dois dias após a tentativa de contato com a pasta, a secretária comentou por meio de suas redes pessoais.
Licitações
A reportagem da Tribuna também questionou a Couto a respeito da licitação para resíduos de saúde. O TCE-RJ suspendeu a nova tentativa do certame, pois a Secretaria Geral de Controle Externo da Corte de Contas informou que as correções necessárias não teriam sido realizadas.
Couto informou que a Comdep não concordou com a necessidade de uma balança rodoviária no transbordo, já que o lixo hospitalar precisa passar por um tratamento. Também informou que a permissão para subcontratação em alguma das etapas faz com que a licitação seja mais competitiva.
Quanto ao novo edital da coleta de resíduos urbanos, afirmou que a retirada do transbordo representa uma economia de R$ 700 mil ao ano, apesar de um aumento no número de caminhões. Atualmente, o serviço já tem sido realizado desta forma, após o fechamento do transbordo, mas tem sido ineficiente. Segundo a companhia, isso acontece porque o número de caminhões atual considera a utilização do espaço.