• Com previsão de cortes pelo Fed e quadro eleitoral, taxas futuras caem nesta terça-feira

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  • 16/set 18:11
    Por Arícia Martins / Estadão

    Após terem operado sem direção única até o início da tarde, os juros futuros consolidaram tendência de recuo em toda extensão da curva na segunda etapa do pregão desta terça-feira, às vésperas da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Os vértices mais curtos, que estavam em viés de alta, renovaram mínimas intradia na hora final da sessão.

    Segundo participantes do mercado, o otimismo vindo do exterior, às vésperas do aguardado relaxamento da política monetária americana, contagiou o mercado o local de renda fixa. Com o ambiente global favorável e o alívio do dólar, a taxa de desemprego baixa no Brasil, que poderia ser um entrave à queda dos juros, ficou em segundo plano. O cenário eleitoral também pode ter ajudado, com o mercado vendo maior probabilidade de uma candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao pleito presidencial de 2026, depois de notícias de que a saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está debilitada.

    No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 cedeu de 13,982% no ajuste anterior para mínima intradia de 13,950%. O DI para janeiro de 2028 ficou em 13,195%, de 13,233% no ajuste. O DI para janeiro de 2029 diminuiu de 13,122% no ajuste para 13,070%. O DI de janeiro de 2031 recuou de 13,361% no ajuste anterior para 13,260%.

    Mais cedo, o IBGE divulgou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. A taxa de desocupação caiu 0,2 ponto porcentual entre o trimestre móvel encerrado em junho e igual período terminado em julho, para 5,6% – novo recorde histórico da pesquisa, iniciada em 2012. O resultado ficou abaixo da mediana do Projeções Broadcast (5,7%) e, para economistas, ainda evidencia resistência do emprego. OS DIs curtos chegaram a subir após o dado, mas a pressão não perdurou.

    “A Pnad não trouxe grandes novidades com relação ao Caged. Podemos dizer que essa Pnad já passou da validade. Acho que o mercado está mais de olho em um Fed ‘dovish’ amanhã, e o dólar flertando com o rompimento dos R$5,30 é outro fator positivo nessa equação”, afirmou Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

    Segundo a CME Group, 96% dos agentes esperam redução de 0,25 ponto porcentual pelo BC norte-americano na quarta. Já por aqui, a expectativa unânime é de manutenção da Selic em 15%, mas diante do bom comportamento do dólar, o mercado discute a possibilidade de que o ciclo de cortes comece em dezembro, enquanto a maioria das casas vê janeiro de 2026 como mês de início do alívio monetário.

    Estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz observa que um dos principais conselheiros econômicos de Donald Trump, Stephen Miran, teve sua nomeação como dirigente do Fed aprovada na segunda pelo Senado americano. A novidade não muda a perspectiva de curto prazo, mas deve colocar na mesa a discussão sobre uma postura mais agressiva do Fed à frente. “O diferencial de juros estimula fluxo financeiro ao Brasil, aprecia o câmbio e diminui pressões inflacionárias”, diz Cruz, para quem o declínio nos DIs nesta terça teve como principal motor o mercado americano.

    “O mercado local acompanhou o cenário otimista com o início da flexibilização dos juros nos EUA”, concorda Eduardo Velho, economista-chefe da Equador Investimentos. Os agentes, no momento, estão reagindo mais aos próximos passos do Fed do que a ruídos fiscais locais, diz. Na próxima terça-feira, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) vai apresentar um projeto alternativo de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, sem passar pelo crivo do governo. O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), viu a iniciativa com preocupação. “O mercado já coloca na conta que não teremos grandes melhoras fiscais em 2026”, diz Cruz, da RB Investimentos.

    Calheiros também vai pautar no mesmo dia projeto que limita a dívida consolidada da União, que não poderá superar 80% do PIB, nem 6,5 vezes a receita corrente líquida do governo federal.

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