• Com Petrobras e Vale, Ibovespa sobe 0,75%, a 125,1 mil; na semana, cai 0,65%

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  • 19/abr 17:51
    Por Luís Eduardo Leal / Estadão

    Apesar do desempenho positivo nesta última sessão do intervalo, o Ibovespa acumulou perdas pela terceira semana consecutiva, refletindo a deterioração da percepção sobre o fiscal doméstico – com a revisão das metas para as contas públicas em 2025 e 2026, anunciada na última segunda-feira – e um cenário externo cada vez mais desafiador, pautado por incerteza sobre os juros americanos e persistência de tensão no Oriente Médio, entre Israel e Irã.

    Assim, vindo de perdas de 0,67% e de 1,02% nas duas semanas anteriores, o Ibovespa recuou 0,65% em relação ao fechamento da última sexta-feira, então perto dos 126 mil pontos. Hoje, retomou o nível de 125 mil, ainda que o desempenho negativo dos grandes bancos – à exceção de Santander (Unit +2,75%) – tenha tirado dinamismo do índice, favorecido por Petrobras (ON +4,07%, PN +1,71%) – com a expectativa pela concessão de até 100% dos dividendos extraordinários retidos em março, na assembleia da próxima semana – e, em menor medida, por Vale (ON +1,64%) na sessão.

    No fechamento, o Ibovespa mostrava alta de 0,75%, aos 125.124,30 pontos, entre mínima de 124.056,03 e máxima de 125.508,91, saindo de abertura aos 124.196,61 nesta sexta-feira. Em dia de vencimento de opções sobre ações, o giro financeiro foi a R$ 29,2 bilhões. No mês, o Ibovespa cai 2,33% e, no ano, cede 6,75%.

    Dentre os componentes da carteira Ibovespa, destaque absoluto para Petz, em alta de 37,14% no encerramento, tendo em vista a assinatura de memorando de entendimento para possível fusão com a Cobasi. Outras ações cíclicas também foram bem na sessão, com destaque para CVC (+6,67%) e Alpargatas (+5,88%). Na ponta oposta, Embraer (-2,86%), Transmissão Paulista (-2,66%) e JBS (-1,38%).

    “Hoje a agenda de dados esteve mais vazia, sem nenhuma divulgação relevante, no Brasil como também no exterior – o que diminui o potencial para ‘más notícias’. A gente vem de uma sequência ruim, com um fluxo de notícias bem negativo quanto aos juros, aqui e fora, além da retomada da tensão no Oriente Médio desde o fim da semana passada”, aponta Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

    Dessa forma, nesta sexta-feira, a relativa descompressão também no câmbio – com o dólar em baixa de 0,97%, ainda perto de R$ 5,20 – e na curva de juros, no exterior e no Brasil, contribuiu para o avanço tanto de ações correlacionadas à economia doméstica como também dos papéis expostos a demanda e preços formados fora do País, como os de commodities. Assim, o índice de consumo fechou em alta de 1,03% e o de materiais básicos, com exposição ao exterior, de 1,73% na sessão.

    “A alta do dólar de 1,53% frente ao real na semana, e de 3,67% no mês continua a refletir a expressiva saída de capital estrangeiro do Brasil. Apesar das incertezas sobre a economia doméstica, a justificativa também decorre de fatores externos: há um movimento geral de valorização do dólar frente às moedas dos países emergentes, influenciado pela possibilidade de manutenção, por mais tempo, da alta taxa de juros nos Estados Unidos”, observa Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital, acrescentando que a moeda americana tende a permanecer, nas próximas semanas, na região de R$ 5 a R$ 5,20.

    No curto prazo, o revide contido de Israel ao Irã nesta madrugada foi lido, pelo mercado, como um fator de relativa distensão para o cenário da região, sempre acompanhado de perto pelos efeitos sobre o petróleo. Assim, a princípio, o Brent chegou a subir 4% aos sinais iniciais de novo enfrentamento, mas quando se conheceu a extensão da resposta – ainda não reconhecida ou negada por Israel, e sem danos efetivos ao Irã – os preços da commodity voltaram a se acomodar, com o barril do Brent pouco acima de US$ 87 na tarde desta sexta-feira.

    Por outro lado, declarações de autoridades regionais do Federal Reserve, como Raphael Bostic (Atlanta) e Neel Kashkari (Minneapolis), acenderam a luz amarela para o mercado na segunda metade da semana – de que um ou dois cortes de juros que vinham sendo estimados para o BC americano no segundo semestre podem, ao fim, não se materializar, a depender das condições até lá, deixando assim para 2025 o início do processo de redução da taxa de referência global. Hoje, os rendimentos dos Treasuries de 10 anos – ou seja, o retorno dado por um ativo considerado livre de risco – cederam um pouco, embora ainda na casa de 4,6%.

    Nesta sexta-feira, a primeira vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, disse que um terço dos fluxos globais está indo para os Estados Unidos. No período pré-pandemia, essa fatia era bem menor, de 18%, segundo ela. “Se você olhar para o período pós-pandemia, um dos destinos mais populares para o dinheiro são os EUA”, disse Gopinath, durante as reuniões de Primavera do FMI e do Banco Mundial, em Washington DC.

    Nesse ambiente doméstico e externo mais desafiador, as expectativas para o desempenho das ações no curtíssimo prazo estão simetricamente divididas no Termômetro Broadcast Bolsa desta semana. Entre os participantes, 50% esperam alta e outros 50%, estabilidade, para o índice na semana que vem, sem respostas indicando queda. No Termômetro anterior, 50% previam ganhos para a Bolsa nesta semana; 33,33%, variação neutra; e 16,67%, baixa.

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