• Com entrada gratuita e pipoca liberada, Piccolo Cine promete fortalecimento da cultura e do cinema no Rocio

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  • Por Aghata Paredes

    A cena cultural de Petrópolis está prestes a ganhar um novo espaço para o audiovisual com o lançamento do projeto Piccolo Cine, uma iniciativa que visa democratizar o acesso ao cinema. Idealizado por Maurício de Memória e com curadoria da profissional de audiovisual Jeanne Duarte, o projeto nasce com o apoio da Lei Paulo Gustavo RJ e já promete ser um marco na oferta de entretenimento e educação cinematográfica na região do Rocio.

    Segundo Maurício, a ideia surgiu a partir do desejo de complementar as atividades culturais da Piccola Arena, que já conta com um bistrô, exposições, teatro e shows. “Trazer o cinema para dentro da nossa arena era a ponta que faltava para completar as atividades do nosso centro cultural”, comenta.

    Para a sessão inaugural, marcada para o próximo sábado (29), às 18h, foi selecionado o filme “Isolados”, uma obra de grande relevância local, que conta com as atuações de Bruno Gagliasso, Regiane Alves e José Wilker, gravado parcialmente no Rocio. “Não poderíamos escolher outro filme! ‘Isolados’ foi rodado aqui, com a participação da comunidade fazendo figuração. Tem um grande elenco, e eles nunca puderam assistir juntos, em tela grande”, destaca o idealizador da Piccola Arena.

    Foto: Divulgação

    O evento de estreia promete boas experiências para o público, com pipoca liberada e um bate-papo exclusivo com o diretor do filme, Tomas Portella, e o produtor Fernando Zagallo. A escolha de convidá-los, segundo Maurício, se deu pela forte ligação que ambos têm com o Rocio, especialmente Fernando, que tem sua casa no bairro e foi fundamental para a realização do filme.

    Além da exibição de “Isolados”, a noite de estreia contará com a inauguração da mostra “Roma”, de Daniela Versiani, uma artista que já expôs na Piccola Arena em 2018 e que, agora, retorna com uma nova exibição preparada especialmente para o espaço. A mostra celebra as inscrições encontradas nos monumentos e muros da cidade, refletindo a história de Roma desde a antiguidade até os dias atuais. Inspirada por sua primeira visita ao Coliseu na adolescência, onde se impressionou com as marcas deixadas por anônimos, Versiani explora essas “marcas de presença” como tentativas de indivíduos vencerem o anonimato e o esquecimento. A artista traduz as contradições de Roma, como opulência e decadência, em suas obras, utilizando materiais como pó de cobre, bronze e ferro, submetidos a processos de oxidação para refletir o desgaste e a passagem do tempo. As pinturas incluem elementos visuais como rabiscos e frases em latim, conectando a história pessoal e coletiva em uma poética que une passado e presente.

    As pessoas batalham para ter o mínimo, e levar cultura é necessário para uma vida mais rica

    Com entrada gratuita, o Piccolo Cine tem como um de seus principais objetivos a inclusão social e o acesso universal à cultura. “É fundamental que seja gratuito, essa ideia atual de monetarizar tudo acaba excluindo quem já é excluído. Qualquer projeto de formação de plateia precisa de incentivo. Nosso desejo é trabalhar com cultura e educação com as crianças, com os adolescentes, com a comunidade local, seja do Morro do Gavião à Fazenda Inglesa. As pessoas batalham para ter o mínimo, e levar cultura é necessário para uma vida mais rica. Nós sempre mantivemos a Piccola Arena com recursos próprios, e agora estamos felizes de ter apoio do poder público, através da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do RJ, do Ministério da
    Cultura e Governo do Brasil, que possibilitou o edital de apoio ao audiovisual”, afirma o artista.

    Questionado sobre como pretende integrar as escolas e a educação audiovisual no novo projeto da Piccola Arena, Mauricio explica que estão previstas oficinas de formação na área de audiovisual para jovens, além de sessões temáticas para escolas públicas e particulares, sempre com pipoca liberada. A proposta é expandir o acesso à tecnologia e ao conhecimento, proporcionando uma formação cultural e profissional que possa abrir novas portas para a juventude local. “Nossa proposta é que o audiovisual seja para todas as artes, e não esteja restrito a exibições de filmes. No Piccolo Cine vamos fazer oficinas de formação na área para jovens. Adquirimos equipamentos que possibilitam recursos tecnológicos para artes visuais,
    ampliando o espectro das exposições que oferecemos. Temos agora uma sala multiuso com computadores já com programas de edição e finalização. E dvds de arte para empréstimo, ou para serem vistos aqui com a gente. E por fim, a partir de julho, além das sessões na arena, vamos de cineclubinho temático para escolas públicas e particulares, que, aliás, já podem se inscrever. Tudo com pipoca por conta da casa!”, destaca.

    Além do diálogo com as escolas da região, outro aspecto que integra o projeto é o incentivo à produção audiovisual local, principalmente em relação ao público jovem. “Há muito que se discute um projeto de formação de mão de obra em audiovisual na área. Pessoas como Ruy Guerra, que tinha casa aqui, o próprio Zagallo, e outros cineastas e profissionais quiseram desenvolver uma escola técnica. Nas oficinas, além de despertar para as diversas profissões relacionadas ao audiovisual, vamos trabalhar com os celulares dos alunos, de modo que eles próprios desenvolvam suas capacidades. Todo jovem hoje sabe editar um vídeo para TikTok. Já pensou como os nossos jovens, que aprendem elétrica, ou costura, ou qualquer outra habilidade em casa, com os pais, poderiam estar usando seus conhecimentos para trabalhar em cinema?”, comenta Mauricio.

    Em relação à acessibilidade, tanto na exibição dos filmes quanto nas outras atividades, já estão sendo feitas mudanças importantes no espaço. “Acessibilidade é a pauta do dia, é obrigatório, ninguém mais pode pensar em qualquer espaço sem buscar condições para que todas as pessoas possam igualmente usufruir as
    atividades. E não só pessoas com deficiência, os idosos também. Neste projeto contamos com uma equipe de profissionais que fez o diagnóstico da casa, e já estamos iniciando as obras para banheiro acessível, além das adaptações indicadas para todos os espaços. Aos poucos caminharemos para 100% de acessibilidade arquitetônica. As sessões de filmes terão legendas e audiodescrição. E estamos cuidando também da acessibilidade comunicacional, até os posts de mídias sociais agora estão seguindo as normas”, comenta.

    Questionado sobre a possibilidade de a Piccola Arena se tornar um modelo para outras comunidades na promoção da cultura e do audiovisual, Mauricio de Memória expressa o desejo de que isso aconteça, ampliando o diálogo para toda a cidade. “Gostaria muito que isso acontecesse. Mas não depende só de um, certo? Quem sabe o futuro nos aguarda com uma interação maior entre os setores que pensam a cultura em Petrópolis?”, conclui.

    A Piccola Arena está localizada na Estrada do Rocio, número 3507, no sentido Itaipava/RJ, km 76 (placa Rocio-Cindacta). Após 3 km asfaltados, vire à esquerda. No sentido RJ/Itaipava, retorne no posto Brazão. Mais informações: @piccolaarenacc

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