
O Serviço Social Autônomo do Hospital Alcides Carneiro (Sehac), responsável pela gestão do Hospital Alcides Carneiro, das UPAs e de outras unidades de saúde em Petrópolis, enfrenta uma grave crise financeira. Só com fornecedores, a dívida já chega a R$ 48,4 milhões, em uma lista com cerca de 600 empresas. A Tribuna teve acesso a documentos que mostram que a entidade acumula pendências fiscais, enfrenta atrasos nos repasses da Prefeitura e já adota medidas emergenciais para tentar manter o funcionamento dos serviços.
Um comunicado interno, enviado no dia 8 de setembro aos gestores, suspendeu as férias de funcionários durante os meses de setembro e outubro de 2025. Apenas os profissionais da Radiologia não foram incluídos, já que a legislação exige férias a cada seis meses. O documento também determina a redução de horas extras, plantões e substituições por contratos temporários (RPA), autorizando apenas o mínimo indispensável ao funcionamento.
Já um relatório encaminhado à Justiça, após cobrança do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), mostra que a dívida com fornecedores vem se acumulando ao longo dos anos. Do total de R$ 48,4 milhões, R$ 12 milhões são apenas de 2025. Entre os credores estão empresas prestadoras de serviço, fornecedores de medicamentos e a concessionária Águas do Imperador.
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No campo trabalhista, o Sehac também enfrenta dificuldades. Há R$ 8,1 milhões em FGTS atrasados de março de 2024 e junho de 2025. Além disso, um acordo firmado em 2022 que previa o pagamento em parcelas de R$ 280 mil mensais, não vem sendo cumprido. Até a elaboração do relatório, duas parcelas estavam inadimplentes.

Além disso, a entidade mantém R$ 11,4 milhões em encargos retidos inscritos em dívida ativa. De acordo com o relatório, essas pendências impedem a emissão de certidões negativas exigidas por órgãos públicos. O valor só não é maior, pois o Sehac conseguiu imunidade fiscal de alguns encargos.
A situação é agravada pelos atrasos da Prefeitura nos repasses. Só em 2025, o valor repassado deveria ser de R$ 149,6 milhões, mas o Sehac recebeu R$ 112,9 milhões, o que representa um déficit de R$ 36,7 milhões. Desde 2019, o passivo ultrapassa a casa dos R$ 118 milhões.
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A manutenção da rede sob gestão do Sehac também exige altos custos mensais. O Hospital Alcides Carneiro sozinho consome entre R$ 12 e 13,5 milhões por mês. As três UPAs – Centro, Cascatinha e Itaipava – custam de R$ 1,1 milhão a R$ 1,7 milhão cada. Já as UBSs, UPHs e PSFs variam de R$ 8 mil a R$ 1 milhão por mês, dependendo da unidade.
Em nota, a Prefeitura informou que só teve acesso aos documentos citados na tarde de quarta-feira (10) e que todos os esclarecimentos serão apresentados em juízo, cumprindo os prazos estabelecidos para apresentação das respostas.

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