Com Bolsonaro inelegível, PL adere ao balcão de cargos no governo Lula
Com o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível, o PL começou a participar da distribuição de cargos no governo Lula. O presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, liberou parlamentares da bancada para negociarem com o Palácio do Planalto, enquanto a ala bolsonarista faz a oposição mais radical. O partido já emplacou um aliado no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Lula indicou o engenheiro Fábio Pessoa da Silva Nunes para a Diretoria de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, uma das mais importantes do órgão – que cuida das obras em rodovias pelo País – e cobiçada pelos políticos. Homem de confiança do ex-ministro da Infraestrutura e atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Nunes foi diretor de planejamento e projetos especiais da pasta da Infraestrutura na gestão Bolsonaro. A indicação foi aprovada anteontem pela Comissão de Infraestrutura do Senado, colegiado responsável por confirmar as indicações encaminhadas pelo Planalto. A aprovação ocorreu com ampla maioria em uma votação secreta: 19 dos 20 senadores presentes foram favoráveis.
Bancada
Nunes é ligado à bancada do PL e foi chancelado para a vaga pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT), líder do bloco que reúne PL e Novo no Senado. Fagundes foi o relator da indicação e trabalhou pela aprovação. No mesmo dia, a comissão do Senado aprovou outros três diretores do DNIT, indicados por senadores do MDB, legenda que ocupará a maioria dos cargos importantes do departamento em Brasília e nos Estados.
“Não tenho conhecimento de que ele tenha sido indicado pelo PL. Nunes foi coordenador de um diretor do Dnit, natural do Mato Grosso, que também era funcionário de carreira”, afirmou Fagundes. O senador do PL admite que já votou alinhado com o governo Lula e chegou a prestigiar eventos do presidente em seu Estado. “O governo é para todos. Eu sempre vou apresentar demandas republicanas”, disse Nunes.
Joia
Com sete diretorias e um orçamento de R$ 18,4 bilhões para construir e conservar estradas, ferrovias e hidrovias, o Dnit é uma das joias cobiçadas pelo Centrão em qualquer governo. Dos quatro novos diretores aprovados esta semana na Comissão de Infraestrutura, três deles também ocuparam cargos de confiança no governo Bolsonaro. As quatro nomeações ainda precisam ser aprovadas no plenário do Senado.
Com base favorável no Senado, o governo tenta ampliar seus votos na Câmara dos Deputados. Para isso, articuladores políticos de Lula negociam, dia a dia, com dissidentes do PL, do Republicanos e do PP, enquanto buscam aumentar a fidelidade de partidos como União Brasil, MDB e PSD – contemplados, cada um, com três ministérios.
Nessa nova rodada de cargos no Dnit, o MDB do Senado foi o grupo mais fortalecido. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) emplacou o diretor-geral da autarquia, Fabricio de Oliveira Galvão, funcionário de carreira do órgão, aprovado por unanimidade com 20 votos na Comissão de Infraestrutura. Ex-superintendente do Dnit em Alagoas, Galvão já despachava como substituto na chefia do órgão desde fevereiro.
Também ficou com o MDB do Senado a diretoria executiva do Dnit, reservada para Carlos Antonio Rocha de Barros, igualmente servidor de carreira, aprovado no colegiado com só um voto contrário.
Para a Diretoria de Infraestrutura Ferroviária, o senador Confúcio Moura (MDB-RO), presidente da Comissão de Infraestrutura, indicou o engenheiro civil José Eduardo Guidi, ex-diretor do Departamento de Estradas e Rodagem de Rondônia. Ele só teve também um voto contrário no colegiado. Das quatro nomeações desta leva, só Guidi não pertence ao corpo técnico do Dnit.
Em maio, o senador Eduardo Braga, líder do MDB, já tinha emplacado o engenheiro Erick Moura de Medeiros para o cargo de diretor de infraestrutura aquaviária do DNIT.
Em nota, a Associação dos Engenheiros do Dnit (Aednit) comemorou o avanço e a indicação dos quatro novos diretores para a autarquia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.