• Com aversão global, Ibovespa inicia semana em baixa de 0,41%, aos 124,5 mil

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  • 10/mar 17:46
    Por Luís Eduardo Leal / Estadão

    Com a guerra tarifária ainda no radar, e receio crescente de recessão nos Estados Unidos – especialmente após o presidente Donald Trump ter admitido essa chance -, o Ibovespa acompanhou a cautela externa e encerrou a primeira sessão da semana em baixa de 0,41%, aos 124.519,38 pontos. O ajuste foi bem mais contido do que o observado em Nova York, onde as perdas chegaram a 4,00%, no Nasdaq, no fechamento. Na B3, o índice de referência oscilou dos 123.471,46 aos 125.031,30 pontos, correspondente ao nível de abertura. Com o Ibovespa em baixa desde o começo da sessão, o giro ficou em R$ 20,3 bilhões nesta segunda-feira. No primeiro terço do mês, o índice avança 1,40%, com ganho no ano a 3,52%.

    No exterior, o dia foi de busca por proteção em ativos considerados seguros, ou mesmo livres de risco, como os Treasuries, o que resultou em queda dos rendimentos desses papéis. Aqui, o dólar fechou em alta de 1,07%, a R$ 5,8521 – com máxima no dia a R$ 5,8716 -, e a curva de juros doméstica também avançou, na margem. Na B3, muito poucas ações de primeira linha conseguiram se desvencilhar da aversão a risco, com destaque para Itaú (PN +0,89%), na máxima da sessão no fechamento. O dia também foi positivo para Eletrobras (ON +0,74%, PNB +0,75%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, Magazine Luiza (+4,96%), Assaí (+3,97%) e JBS (+2,67%). No lado oposto, Brava (-5,72%), Hapvida (-5,53%) e Caixa Seguridade (-4,07%).

    Em Nova York, além do Nasdaq, o Dow Jones e o S&P 500 encerraram o dia com perdas significativas – de 2,08% e 2,70%, respectivamente. “Trump minimizou essas oscilações e destacou que é importante focar no longo prazo, mesmo diante das dificuldades econômicas atuais”, diz Patrick Buss, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

    “As declarações do Trump lançaram ainda mais sombra sobre a economia global. Há preocupação crescente quanto ao rumo da política e da economia americana, com efeito mundial. Menção de recessão por uma figura política tão influente resultou em uma reação em cadeia”, resume Gabriel Cecco, especialista da Valor Investimentos. Decisões de consumo e investimento tendem a ser adiadas, e os preços dos ativos se tornam mais voláteis em contexto de incerteza maior, acrescenta o analista.

    Além das dúvidas em torno da economia americana, foram divulgados dados da economia chinesa que evidenciaram processo deflacionário decorrente do menor consumo doméstico e dos fracos resultados do mercado de trabalho, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad. “Esse cenário negativo pressionou o preço das commodities, o que prejudica economias exportadoras como a brasileira, refletindo-se em termos de troca menos favoráveis e impactando diretamente a taxa de câmbio”, por exemplo, acrescenta Shahini.

    Assim, neste começo de semana, o Ibovespa devolveu uma parte do que havia acumulado na semana anterior, quando avançou perto de 2%, descolado então dos mercados americanos, observa Alison Correia, analista e sócio da Dom Investimentos. “Hoje, o bom humor já não apareceu no nosso pregão”, acrescenta.

    No Brasil, o destaque da agenda foi a divulgação do boletim Focus, em que os agentes de mercado ouvidos pelo Banco Central revisaram a projeção de inflação de 2025, elevada a 5,68%, destaca Buss, da Manchester, com a estimativa para 2026 mantida a 4,40% no levantamento desta semana – enquanto a Selic deve continuar em 15% para 2025 e cair a 12,5% no ano seguinte, aponta também a pesquisa.

    Na B3, destaque nesta abertura de semana para ações do varejo, como Magalu, mesmo diante do avanço marginal observado na curva de juros doméstica na sessão. Segundo Buss, a ação de Magazine Luiza foi favorecida nesta segunda-feira após a empresa anunciar mudanças em sua estrutura para acelerar o crescimento da plataforma digital.

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