Com as ruas vazias, principais nomes do carnaval contam como vão celebrar a data
Carnaval é uma daquelas palavras que não têm tradução única. Além de ser uma das maiores manifestações culturais do mundo, que envolve desfile, blocos e shows, é uma espécie de filosofia de vida para muita gente que inspira e respira a festa.
Neste ano, porém, com as aglomerações proibidas, o jeito é buscar novas maneiras de festejar – sempre com segurança. Lives, clipes e lançamentos de novas músicas estão entre as opções dos artistas para o público. Há também aqueles que pretendem aproveitar a calmaria atípica da data para descansar.
Dentre as atrações esperadas, O Trio – Ivete, Claudia e Você, que acontece no sábado, 13, promete três horas de live. “O projeto surgiu da ideia de respeitar, sim, nossos fãs e o público, mas respeitar essa data também”, explica Ivete Sangalo. A live, para elas, difere dos usuais shows especialmente pela presença do público. “Estou sentindo muita falta do palco, mas acho que o fato de estarmos juntas e ter uma história para contar transforma o nosso encontro em uma celebração”, coloca Claudia Leitte.
Para Bell Marques, o carnaval está dentro do brasileiro. “Acredito que a alegria mora em nós. Estar com saúde, em segurança, se cuidando, já é motivo suficiente para festejar e é isso que a gente vai celebrar”, diz ele. A ideia de celebrar dentro de casa (para sair às ruas no ano que vem) aumenta as expectativas para a futura festa. “Em 2022, será o maior do século. Vou me empenhar para isso. Vai ser lindo”, promete Simoninha, do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta.
Daniela Mercury
Para a rainha do axé, o carnaval é seu lugar de inspiração. Por isso, para sua live desta sexta, 12, ela não quis fazer nada que tentasse imitar a realidade. Pelo contrário. “Em vez de ir para a rua, fui para dentro de uma obra de arte do artista baiano Jota Cunha”, diz, mencionando o universo lúdico. “Tudo o que eu puder fazer para levar vocês ao meu carnaval emocional, vou fazer.”
Ivete Sangalo
Ela promete uma live animada ao lado de Claudia Leitte, direto de Salvador. “Vai seguir a ideia do trio, o carro não para”, diz. “A gente está estruturando um repertório que faça valer o convite, salvaguardando toda uma memória afetiva dos fãs. Vai ser para todo mundo que está precisando desse aconchego do carnaval”, conta ela, que não desmente a possibilidade de uma música inédita para o encontro.
Claudia Leitte.
“A gente espera pelo carnaval como criança espera pelo Papai Noel”, conta ela que, para comemorar com segurança, decidiu levar a festa para as telas. “É um fardo leve, porque a gente é feliz, mas tem uma responsabilidade. Servimos o outro que está ali e queremos ver as pessoas alegres e seguras”, afirma.
Bell Marques.
“O carnaval sou eu e eu sou carnaval”, declara o cantor que, para celebrar a data, decidiu fazer duas lives. Na sexta, 12, participa do E-carnaval da SulAmérica e, no dia 14, apresenta o Bloco do Camaleão. “Como artista, entendo que temos essa função de dar um pouco de alívio para as pessoas em casa. Então, vou apostar num repertório bem forte, que vai fazer as pessoas lembrarem dos carnavais passados.”
Preta Gil.
“O carnaval é festa, sensualidade, expressão da alma e da nossa cultura. Eu não iria fazer nada, não via clima, mas me lembrei do último carnaval, quando um catador de latinhas me disse que, no dia do meu bloco, ele lucrava bastante. Isso me fez ter vontade de fazer a live do Bloco da Preta, dia 14. Convidei Alcione, Teresa Cristina e Mumuzinho para me ajudar a estimular doações. Este é um momento em que precisamos nos unir para termos um carnaval inesquecível em 2022.”
Luiz Caldas.
Considerado o pai da axé music, ele vai passar os dias de folia no estúdio. “A minha carreira, o meu reconhecimento, está ligada ao carnaval de Salvador, ao trio elétrico. Com a axé music, dei uma forma de baile para a festa. Já que não podemos estar juntos, vou para o estúdio, pois, há quase nove anos, tenho lançado um disco por mês com músicas inéditas. O importante é que todos se cuidem, se vacinem, para que o mundo volte à normalidade.”
Carlinhos Brown.
Ele aproveitou a data para lançar o álbum Umbalista Verão, definido como uma grande celebração. “Este ano, não tem trio elétrico nas ruas, mas os acordes não deixarão de ressoar em nós. A consciência sobre a gravidade deste momento faz parte também dessa folia, que é acreditar em algo maior, festivo, que traz entusiasmo. Sem fé e esperança, a gente não faz o próximo acorde, não tem composição.”
Léo Santana.
Para o artista, carnaval é emoção. “É um momento de realização. Ver aquele mar de gente pulando, a nossa música chegando a tantas pessoas”, diz ele que, mesmo sem público, fará uma live no sábado, 13, ao lado de Harmonia do Samba e Parangolé. “O projeto surgiu da nossa necessidade de mostrar a potência do pagodão baiano para o mundo. Estamos com muita saudade do palco, então vamos cheios de energia para fazer o chão tremer”, conta.
Wilson Simoninha. O bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, que arrasta mais de 1 milhão de pessoas no pré-carnaval da cidade, lançou uma marchinha a favor da vacina. “Este ano vai servir para a gente valorizar como é legal se encontrar, se abraçar, se beijar. São Paulo está aprendendo a ter uma festa mais bacana a cada ano. Em 2022, será a maior do século.”
Escola de samba Águia de Ouro.
O desfile das escolas de samba foi adiado para julho, o que não diminui a dor de uma comunidade que vive para isso. “Tivemos de criar estratégias para nos mantermos vivos, porque é quase uma morte”, conta a diretora de comunicação da escola, Jacque Meira. Para celebrar a data também em fevereiro, a escola vai ser uma das convidadas das lives do camarote Brahma, no sábado, 13, às 20h30, e domingo, às 14h.
Dan Miranda.
“Chegou a hora de tirar o abadá que está na gaveta, o CD que você guardou, usar as plataformas digitais, curtir as lives que alguns artistas vão fazer”, diz o vocalista do Ara Ketu. Para ele, existe o desejo de uma live da banda, mas, por conta da falta de verba e patrocínio, não irá acontecer.
Pedro Luís.
O Monobloco, que arrasta mais de 1 milhão de pessoas, terá clipes e desfile virtual. “O carnaval é um momento de descarrego, de esquecermos as loucuras que a rotina nos apresenta. Todos os anos, meu carnaval é muito intenso na rua, então, neste ano, vou fazer os mais maravilhosos ‘nadas’ e sugiro que todos façam o mesmo, que assistam a bons filmes, que leiam livros”, incentiva.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.