• Com apenas um leito de UTI vago para pacientes com Covid-19, Prefeitura passa a contar com novo hospital a partir deste sábado

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  • 30/04/2020 16:12

    A preocupação do governo municipal em manter as medidas visando o distanciamento social citando risco de colapso na rede de saúde tem explicações em números confusos. Apesar de citar a existência de 47 leitos de UTI para pacientes com Covid-19, o número real pode ser inferior. Só isso explica pacientes na sala vermelha da UPA e também leito extra no Hospital Clínico de Corrêas. 

    É certo que existem 20 para pacientes com Covid-19 ou sintomas da doença nos hospitais Clínico de Corrêas e Municipal Nelson de Sá Earp, mas as vagas anunciadas pela Prefeitura para os pacientes com a doença nas unidades particulares estão ocupadas, ao que tudo indica, por pacientes que não têm sintomas do novo coronavírus. Relatório entregue pela Prefeitura à Defensoria Pública mostra que, nesta quinta-feira, havia apenas um leito de UTI vago para pacientes com Covid-19 pelo Sistema Único de Saúde na cidade. Esse leito era no HMNSE, que já tinha sete pacientes internados.

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    Para chegar aos 47 leitos citados como sendo para pacientes com Covid-19 em Petrópolis, a Prefeitura contou 10 leitos no Hospital Municipal Nelson de Sá Earp, 10 no Hospital Clínico de Corrêas, 10 na Sociedade Médica Hospitalar (SMH), sete no Hospital Santa Teresa, três nas UPAs e, por último, leitos no Hospital Alcides Carneiro. Embora o município não informe o número no HAC, a conta indica que o governo contabiliza sete na unidade. O problema é que o Hospital Alcides Carneiro, segundo o próprio Governo Municipal, não receberia pacientes com Covid-19. A intenção, após tornar o HMNSE referência para o atendimento de pessoas com Covid-19, era manter os leitos do HAC para pacientes com outros problemas de saúde. 

    Além disso, dois dos 10 leitos do HMNSE não podem ser utilizados por problemas em equipamentos. A Prefeitura informou que já está providenciando a manutenção, mas não deu prazo para que o problema seja sanado. Também chama atenção a contagem de três leitos nas UPAs como sendo de UTI. No, HCC, onde 10 leitos foram destinados a pacientes com Covid-19, havia, ontem, 11 pacientes.  “A Prefeitura solicitou um leito e conseguimos disponibilizar”, disse o diretor da unidade, Alexandre Pessurno.

    Resta esclarecer o que acontece com as outras vagas contabilizadas, no SMH e no HST. Ontem a Prefeitura informou que havia duas pessoas internadas em leitos para Covid-19 no SMH e uma no Hospital Santa Teresa. Como a Prefeitura anunciou 10 leitos disponíveis para Covid-19 no SMH e sete no HST, deveria haver leitos vagos, mas isso não acontece. No relatório informado à defensoria não constam vagas disponíveis no SMH e o HST cita três vagas sem, no entanto, especificar se são para pacientes com Covid-19. Tudo indica que os demais leitos estão, sim, ocupados, mas com pacientes com outros problemas de saúde. 

    A Tribuna questionou as duas unidades de saúde, mas as assessorias de imprensa disseram, por nota, que não informariam a quantidade de leitos disponibilizadas. “Estas vagas ‘sumidas’, ao que tudo indica, com todas as informações que temos, estão sendo usadas para outros problemas de saúde, que infelizmente não entram na estatística desta crise. Infelizmente, infartos, acidentes, urgências referentes a câncer, etc. não pararam e exigem atenção. Estamos monitorando esta situação e, se houver algum desvio, exigiremos esclarecimentos”, disse o defensor público Leonardo Meriguetti, que acompanha as ações.

    “Estamos monitorando essa situação e obviamente queremos mais vagas para Petrópolis, tanto que recomendamos à Prefeitura que pedisse ajuda ao Exército para instalar um hospital de campanha, assim como outras medidas”, citou.

    A solução que surge para resolver o problema é o novo Hospital Nossa Senhora Aparecida, instalado no prédio onde funcionou a Casa Providência. A unidade é particular, mas vai atender exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde por força de um convênio com a Prefeitura, e vai desafogar a rede municipal. A UTI está pronta e os equipamentos chegaram nesta quinta-feira. Nesta sexta haverá vistoria no local e, a partir deste sábado, 2 de maio, 37 leitos estarão abertos, disponíveis para internações. 

    O defensor público informou que está apurando a situação das vagas, incluindo as que não estão sendo informadas ou utilizadas. “Certamente vamos apurar a situação, esclarecê-la e depois decidir qual será nossa linha de ação”, informou Leonardo.

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