Colégio Estadual Dom Pedro II em Petrópolis

Em 1920, com a generosidade da Princesa Isabel ao doar o terreno, em plena Rua do Imperador, houve a oportunidade de se construir o Grupo Escolar Dom Pedro II, depois denominado Colégio Estadual Dom Pedro II (Cenip). No ano seguinte, a pedra fundamental foi lançada e, em 26 de novembro de 1922, o prédio foi inaugurado, em celebração às festas da Independência do Brasil.

O arquiteto Heitor de Mello (1875-1920), autor de inúmeros planos para prédios públicos e privados, teve seu projeto escolhido para dar forma ao prédio que iria abrigar uma das mais importantes instituições de ensino na nossa Imperial Cidade.

Época de exaltação latino-americana, a arquitetura estava se voltando, também, para nossos valores nacionais, buscando no colonialbarroco, primeiros referenciais estéticos da nossa cultura, os traços das novas formas a serem exploradas. O Neocolonial, como se passou a chamar o novo estilo, adotava o desenho simples das nossas primeiras construções, enfeitandoas com as reviravoltas barrocas dos frontões das nossas festejadas igrejas setecentistas.

Embora nossa herança portuguesa prevaleça por aqui, foi escolhido para esse prédio o referencial espanhol, fazendo com que a bonita construção pudesse levar muitos de nós a um passado recente, lembrando os cenários dos filmes do destemido e justiceiro Zorro, com o qual tantos se divertiram em nossas TVs ainda em preto e branco. Naturalmente mais raro no Brasil, esse desenho espanholado foi usado com mais frequência em outros países americanos e de colonização espanhola, principalmente no Sul dos EUA, quando, pela frequência com que foi adotado, passou a se chamar de “Estilo Califórnia”.

Aventuras mexicanas do Zorro a parte, não podemos deixar de destacar a importância desse arquiteto para a história da arquitetura brasileira, filho do revolucionário Almirante Custodio de Mello, que comandou a Revolta da Armada no Rio de Janeiro. Heitor de Mello foi professor da Escola de Belas Artes, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil e uma infinidade de outras funções públicas.

Falecendo prematuramente em 1920, o nosso Colégio Dom Pedro II constitui um de seus últimos projetos e talvez o único fora do antigo Distrito Federal (Rio de Janeiro). São projetos dele, ainda, a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, o Clube Naval na Avenida Rio Branco e vários outros na mesma Avenida Central, como era chamada, mas infelizmente demolidos. Sobraram ainda quartéis, algumas residências como a Rego Barros em Botafogo, hoje o Clube Gurilândia, todos fazendo par em elegância e criatividade com essa casa apalacetada, qual vila sevilhana, muito propriamente implantada na Rua do Imperador e que serve a mais nobre das missões, segundo seu patrono, D. Pedro II, a Educação..