CNI: Desconhecimento sobre manufatura enxuta ainda é barreira na indústria da construção
Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que mais da metade das empresas da indústria da construção não usam ou utilizam poucas técnicas de manufatura enxuta, considerada uma aliada importante para reduzir custos e melhorar a produtividade.
De acordo com a pesquisa divulgada nesta terça-feira, 18, quatro em cada 10 indústrias consultadas atribuem a dificuldade ao alto custo de consultoria ou de implantação e à falta de conhecimento de ferramentas e técnicas. Já 29% das indústrias mencionam como barreira a falta de qualificação dos trabalhadores.
De acordo com a CNI, a manufatura enxuta, criada no Japão há cerca de 80 anos, é um sistema de gestão do processo produtivo focado na redução do desperdício com ganho de qualidade. Esse processo contempla técnicas voltadas para reduzir o tempo de produção e eliminar perdas por movimentos desnecessários.
De acordo com o analista de Políticas e Indústria da CNI, Inácio Cozendey, a falta de conhecimento sobre o método chama a atenção. “Como são métodos de organização da produção, as técnicas de manufatura enxuta costumam ter baixo custo de implementação, por isso o alto custo é uma questão de percepção. Na indústria da construção, a aplicação pode ser ainda mais difícil, já que são técnicas que foram pensadas originalmente para a manufatura e processos produtivos repetitivos, e adaptadas aos processos de construção”, explica em nota divulgada à imprensa.
Segundo a CNI, entre as empresas que adotam o sistema, o Trabalho Padronizado é a principal técnica utilizada (63% das empresas utilizam o método). Já 53% das indústrias usam o Programa 5S, que se baseia em cinco sensos – utilização, organização, limpeza, bem-estar e autodisciplina. Outras técnicas, como Gestão Visual e Kaizen, mais específicas para melhorar a qualidade e o custo, aparecem citadas por cerca de um terço das empresas.
A sondagem da CNI mostra que mais de 90% das empresas consultadas acreditam que o uso de tecnologias digitais contribui para o processo, enquanto mais de 40% não usam as tecnologias digitais indicadas. Entre as empresas que adotam essas ferramentas, 44% usam os sistemas integrados de engenharia para o desenvolvimento e manufatura de produtos. Já 32% utilizam as ferramentas digitais de relacionamento com o cliente.
O levantamento mostra ainda que as empresas vêm aumentando o número de técnicas de manufatura enxuta usadas. Uma comparação entre a primeira pesquisa, realizada em 2018, mostra que o maior porcentual de empresas (39%) adotava de 1 a 3 técnicas. Em 2023, na segunda edição do levantamento, o maior porcentual de empresas (37%) disseram usar de 4 a 10 técnicas. O setor de obras de infraestrutura é o que faz o maior uso dessa técnica.