• Clube Centenário: 30 anos depois dos áureos tempos, restaram dívidas e abandono

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  • 28/04/2019 11:00

    Os 75 anos de história do Esporte Clube Centenário se resumem, hoje, a um imóvel abandonado. Depois de ter vivido áureos tempos de 1957 a 1961, quando acumulou vitórias na segunda divisão do campeonato carioca, atualmente, apenas as dívidas se amontoam. Calcula-se que os mais de 30 anos de abandono tenham resultado em débitos superiores a R$ 100 mil em IPTU. 

    Apesar da dívida com o município e o abandono do imóvel que, recentemente, foi invadido por suspeitos no assassinato do técnico de enfermagem Jailson Estevam da Silva, de 35 anos, nas Duchas, a Prefeitura não informou se os proprietários foram intimados a regularizar a situação fiscal ou se realizou alguma fiscalização no local. Em nota, informou que o imóvel é particular e cabe ao proprietário acionar as forças de segurança em caso de invasão do imóvel. A Prefeitura também não quis informar o valor da dívida do clube, alegando: “Por razões de sigilo fiscal, as informações sobre a existência de débitos são restritas aos responsáveis pelo imóvel”. 

    “Não existe um responsável pelo clube. O CNPJ não existe mais. Não existe arquivo. Os herdeiros tentaram se reunir com a Prefeitura há anos e não tiveram resposta. Só o poder público pode resolver o problema. Estamos como um barco à deriva. ”, contou o empresário Fernando Morelli, que herdou o título de sócio-proprietário do pai. 

    Os sinais do abandono do imóvel estão por toda parte: as paredes estão pichadas, há vidros quebrados e entulho. Apesar da prisão dos suspeitos, a sensação ainda é de segurança na região. Um morador, que não quis se identificar, teme os prejuízos para o bairro: “Daqui a pouco, o prédio vai cair e ninguém faz nada. Pelo que sei, nenhum sócio tem autonomia para responder pelo clube. Quem vai querer assumir as dívidas?”, comentou preocupado. 

    O empresário Célio Noel, outro sócio-proprietário, contou que houve uma tentativa de doação do imóvel para a Secretaria de Esportes. “Tentamos doar, mas a Prefeitura não teve base para assumir o local. Estamos levantando a situação real do clube para negociar com a Prefeitura. Nossa intenção é que alguma secretaria assuma o prédio”, contou. Segundo ele, oito sócios mantém contato, mas nenhum responde como presidente do clube. A intenção, segundo Noel, é fazer uma reunião ainda esta semana para ver que providências serão tomadas para evitar novas invasões, enquanto não conseguem agendar uma reunião com a Prefeitura. 


    Enquanto proprietários e o governo municipal não chegam num acordo para resolver o problema, os moradores da região se sentem inseguros. Uma mulher, que não quis ter a identidade revelada, lamentou a situação do espaço. “Estou morando há um mês próximo ao clube. Vim de outra cidade e esperava por segurança, pois soube que o município é um dos mais seguros do estado. Porém, a tranquilidade dos primeiros dias já se mistura à sensação se insegurança agora”, contou.

    De acordo com uma comerciante, os índices de assaltos têm aumentado na localidade. “É notável a presença de muitos rapazes estranhos na comunidade. Ficamos preocupados porque essa área sempre foi muito tranquila. Entretanto, agora é sempre muito movimentada por pessoas que aparentam ter envolvimento com práticas ilícitas. Inclusive, estamos notando um maior número de crimes na região, como um assalto há poucos dias em um posto de gasolina que está em construção e também abordagens a pedestres”, disse.

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