• Clube 29 de Junho – História e Tradição

  • 04/abr 08:00
    Por André Preisner – Diretor de Pesquisas Históricas do Clube 29 de Junho

    Major Júlio Frederico Koeler

    Julius Friedrich Koeler, conhecido em Petrópolis como Major Júlio Frederico Koeler, foi um personagem de suma importância para a cidade de Petrópolis e de sua colonização alemã.

    Nascido na cidade de Mainz, em 16 de junho de 1804, Koeler prestou serviço militar e estudou Medicina. Ele embarcou rumo ao Império do Brasil a bordo da Galera de Bremen denominada Harmonie, que chegou ao Brasil em 02 de julho de 1828, data conforme escreveu o Coronel do Comando Militar do Sul, Juvêncio Saldanha Lemos, em seu livro “Os Mercenários do Imperador – A primeira corrente imigratória alemã no Brasil (1824-1830)”, da Biblioteca do Exército Editora, edição de 1996.

    Segundo o Jornal do Comércio, datado de 03.07.1828, a viagem durou 62 dias e trouxe 225 alemães, dois oficiais subalternos e quatro famílias com 24 pessoas. Em destaque, esteve a bordo o Tenente Coronel Georg Anton Schaeffer.

    Em 09 de julho de 1828, Koeler solicitou a sua admissão no Imperial Corpo de Engenheiros. A Carta Patente foi então concedida em 21 de novembro daquele mesmo ano, e Koeler foi incorporado ao Exército como 1º Tenente do Imperial Corpo de Engenheiros.

    Na Vila Real da Praia Grande, Koeler se casou com D. Maria do Cargo Delamare, em 24 de fevereiro de 1830, depois de concedida a permissão eclesiástica devido ao fato de Koeler ser cristão protestante de confissão luterana enquanto sua noiva, cristã católica apostólica romana.

    Problemas políticos resultaram no fim da divisão estrangeira do Exército Imperial e tal ocorrido obrigou Koeler a solicitar sua naturalização como cidadão brasileiro.

    Enquanto aguardava pela sua naturalização, Koeler foi contratado pelo Governo da Província do Rio de Janeiro como Engenheiro Civil e teve participação importante em obras como o planejamento, construção e recuperação de estradas na região serrana, em Campos, Paraty, Itaboraí e, principalmente, nas obras da Estrada Normal da Serra da Estrela.

    Seu pedido de naturalização foi aceito em 31 de outubro de 1831, no começo do Período Regencial, no mesmo ano em que seu filho Rodrigo Delamare Koeler nasceu, passando então a assinar como Júlio Frederico Koeler.

    No ano de 1837, enquanto Koeler trabalhava nas obras da Serra da Estrela, chegou ao Porto do Rio de Janeiro o navio Justine trazendo colonos alemães que seguiam rumo à Austrália.

    Mas, devido às más condições da viagem, a maior parte dos imigrantes preferiu ficar no Brasil. Koeler obteve permissão do Governo do Rio de Janeiro para contratar 137 destes colonos para as obras que ocorriam na Serra da Estrela. Em 1839, estes imigrantes se estabeleceram na Colônia do Itamaraty, onde hoje está o Bairro Itamarati, em Petrópolis.

    Em 16 de março de 1843, o Imperador Dom Pedro II aprovou o projeto do Oficial Mór e Mordomo da Casa Imperial, Paulo Barboza da Silva, e assinou o Decreto Imperial Nº155, ordenando o arrendamento das terras de sua propriedade particular conhecida como Fazenda do Córrego Seco ao então Major de Engenheiros Júlio Frederico Koeler pela quantia anual de um conto de réis.

    O decreto determinava a reserva de terras suficientes para a construção do Palácio Imperial com suas dependências e jardins, para uma povoação com terras aforadas a particulares, uma igreja com a invocação de São Pedro de Alcântara e um cemitério.

    O projeto criado originalmente por Koeler apresentou duas vilas, a Vila Imperial e a Vila Tereza, e onze quarteirões.

    Os onze quarteirões da planta original se chamaram Bingen, Castelânia, Ingelheim, Mosela, Nassau, Palatinato Superior, Palatinato Inferior, Renânia Central, Renânia Inferior, Siméria e Westfalia.

    Koeler também foi o responsável pela recepção e assentamento dos colonos germânicos que chegaram em Petrópolis a partir de 1845.

    Ele foi nomeado como o primeiro Superintendente da Imperial Colônia de Petrópolis, providenciando os devidos aforamentos dos prazos de terra a estes imigrantes.

    Como cristão protestante, Koeler trouxe o Pastor Dr. Neumann da Comunidade Evangélica Alemã do Rio de Janeiro, em 1840, para prestar assistência eclesiástica aos colonos protestantes já estabelecidos no Itamaraty desde 1839.

    Em seguida, ele também foi o responsável por trazer o Pastor Frederico Ave-Lallemant, da Comunidade Evangélica Alemã do Rio de Janeiro, para a continuação dos serviços eclesiásticos aos imigrantes protestantes que se instalaram em Petrópolis a partir de 1845.

    Conforme o Relatório da Colônia, em 23 de agosto de 1846, foram construídas seis escolas de ensino primário, sendo três destinadas aos evangélicos e três aos católicos.

    Koeler ainda encomendou livros didáticos diretamente enviados da Europa para o processo de alfabetização dos filhos dos imigrantes recém chegados à Petrópolis.

    Em 29 de agosto de 1845, o Pastor Ave-Lallemant fundou a Comunidade Evangélica de Petrópolis.

    No Brasil, Koeler se casou, constituiu família e faleceu precocemente, em 21 de novembro de 1847, na cidade de Petrópolis, em sua chácara, após um acidente enquanto praticava tiro ao alvo com alguns amigos.

    Conforme escreveu Henrique José Rabaço, Rodrigo Delamare Koeler, filho do Major Júlio Frederico Koeler, foi Vereador na Câmara Municipal de Petrópolis, eleito em 1865, e participou voluntariamente da Guerra do Paraguai como Capitão da Guarda Nacional, tendo sido testemunha da rendição do exército paraguaio em Uruguaiana.

    BIBLIOGRAFIA:

    1 – Livro: História de Petrópolis – Henrique José Rabaço. Instituto Histórico de Petrópolis, 1985. Impressão: Oficinas Gráficas da Universidade Católica de Petrópolis.

    2 – Instituto Histórico de Petrópolis. Site: ihp.org.br

    3 – Jornal do Comércio. Edição: 03.07.1828 – Rio de Janeiro.

    4 – Portal IPHAN – História – Petrópolis (RJ).

    5 – Livro Petrópolis na História – José Luiz de Mendonça Costa. Editora Literar, 2017.

    6 – Livro Os Mercenários do Imperador – Juvêncio Saldanha Lemos. Biblioteca do Exército Editora, 1996.

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