• Circuito Imperial de Automobilismo: encontro de carros clássicos foi confirmado para setembro

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  • Por Aghata Paredes

    Petrópolis é, historicamente, uma cidade marcada pelo automobilismo. O artigo do saudoso Manoel de Souza Lordeiro, ex-associado titular do Instituto Histórico de Petrópolis, remonta o tempo em que a Cidade Imperial recebia o  primeiro evento automobilístico, em 09 de março de 1908: “O primeiro evento automobilístico de que se tem notícia em Petrópolis data de 9 de março de 1908, com a chegada à cidade, dos volantes Gastão de Almeida e Braz de Nova Friburgo, conduzindo um Dietrich, procedentes do Rio de Janeiro. Fazendo-se acompanhar do mecânico Chocolat, haviam partido da então Avenida Central, hoje Rio Branco, às 13h30min do dia 6 de março, chegando a Petrópolis no terceiro dia às 13 h. Tratava-se de um raide de resistência em que o automóvel teve ótimo desempenho, já que se constatou apenas “ algum desgaste na borracha das rodas” , como se disse na época.”¹

    Foto: Museu Imperial/Ibram/MTur – Fotografia mostrando uma corrida de automóveis no trecho da Praça Rui Barbosa, atual Praça da Liberdade. Legenda elaborada por José Kopke Fróes: “Corrida de automóveis na Praça Rui Barbosa – 1946 (?)

    Em setembro, a cidade terá a chance de relembrar um pouco da sua história com o automobilismo. O encontro de carros clássicos, com desfiles em três baterias, está marcado para acontecer nos dias 10 e 11 de setembro. A iniciativa é de Renato Ceschini, produtor cultural desde 2004.

    Questionado sobre o motivo por trás da iniciativa e a sua história com os circuitos de automobilismo, Renato conta que na época em que as corridas de rua aconteciam na cidade ele tinha em torno de 7, 8 anos. “Eu pedia ao meu pai que me levasse para assistir, mas ele nunca me levou. Tinha medo, dizia que era perigoso. Mas sempre que podia ele assistia. Frustrado, eu só ouvia as histórias que ele contava. Nessa mesma época, minha tia Luiza (irmã do meu pai) era a melhor amiga das esposas do Mario Olivetti e do Amilcar Baroni, pilotos petropolitanos da Alfa Romeo. Elas se encontravam com frequência e sempre falavam dos respectivos maridos. Sempre que podia, eu ficava ouvindo escondido, é claro, na expectativa de que contassem alguma história sobre as corridas, e sempre tinha alguma. Era o que me restava, eu “viajava” nesses relatos. Mas, de fato, nunca assisti a nenhuma daquelas corridas ao vivo, só na imaginação. Muito tempo depois, eu e meu pai estávamos assistindo a uma  corrida de fórmula 1 pela TV e, do nada, ele fez a seguinte pergunta: — Você sabia que o primeiro piloto brasileiro a ganhar uma prova internacional era petropolitano? E, vendo a minha cara de espanto, continuou. — Tem até uma rua com o nome dele no Alto da Serra, a Rua Irineu Correa. Nunca mais esqueci daquela história.”, conta. 

    Foto: Divulgação – Alfa Romeo Furia 1970

    A ideia de realizar a 1ª Edição do Circuito Imperial de Automobilismo surgiu a partir de uma conversa de Renato com um amigo, Eduardo Dunley – pertencente à Família Varanda. “Entre um café e outro, ele me disse que tinha vontade de fazer um evento que remontasse o antigo Circuito de Petrópolis. Pronto, foi o suficiente! Na hora veio na cabeça todo o desenho do que hoje é o Circuito Imperial de Automobilismo. O papo se estendeu até altas horas, e o evento saiu!”, diz Renato. 

    Renato conta que se debruçou sobre o tema para estruturar o Circuito Imperial. “Na verdade, o evento era para ter acontecido em 2020, mas com a pandemia, é claro, tive que adiar. No entanto, aproveitei todo esse tempo para pesquisar. Estudei o tema e conheci muitas pessoas que me ajudaram bastante no desenvolvimento do projeto. Descobri que existem muitos pilotos que correram aqui em Petrópolis nos anos de 1960 e ainda estão vivos. A maioria deles de outros estados, e o mais interessante é que alguns deles (e não são poucos) já estão inscritos. No desenvolvimento desse trabalho, não posso deixar de registrar a importante ajuda prestada por uma pessoa que acabou se tornando um amigo, o Pedro Henrique de Carvalho, piloto petropolitano que correu aqui nos anos 60 e teve uma importância fundamental. Infelizmente, faleceu no dia 30 de julho. Há pouco mais de 6 meses, ele me ajudou a criar o grupo Circuito Imperial de Automobilismo no Facebook, que conta toda essa história.”, conta.

    Sobre o que enxerga de mais bonito na realização do evento, o produtor cultural diz que é o resgate de uma parte importante da história de Petrópolis. “Nossa cidade tem uma tradição de valorizar a própria história. Vemos isso com a Bauernfest, o Serra Serata, o Natal Imperial,  além de preservar o seu título de “Cidade Imperial”. Por outro lado, a importante página que Petrópolis escreveu na história do automobilismo brasileiro ficou esquecida por longos 54 anos, mas essa situação vamos reverter a partir de agora.”, explica. 

    De Belo Horizonte a Petrópolis

    Desde que foi aberto o período para as inscrições, uma história em especial marcou Renato. “Antes de se inscrever, um dos participantes me telefonou e, de forma muito gentil, me contou a história do seu carro. Trata-se de um Ford, modelo A 1931 Phaeton Deluxe. Esse carro é o mesmo que participou da Prova Subida de Montanha, em 1932, na Serra de Petrópolis. Quer dizer, ele vai fazer questão de trazer o mesmo carro que, há exatos 90 anos, participou de uma corrida na mesma cidade. Foram mais ou menos uns 40 minutos de conversa, mas antes de nos despedirmos perguntei de que forma ele mandaria vir o automóvel, por uma transportadora ou reboque. Recebi a seguinte resposta: — Meu filho, eu vou dirigindo!

    — Mas de Belo Horizonte até Petrópolis?

    — É claro! É meu carro, vou com ele pra todo lugar com a minha neta! 

    Só me restou dar as boas-vindas e os parabéns. Não tinha mais o que dizer…”, conta. 

    Foto: Divulgação – Ford, modelo A 1931 Phaeton Deluxe.

    Retomada da economia em Petrópolis

    Com menos de 10 dias de inscrições, o Circuito Imperial de Automobilismo já tem participantes do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. A expectativa, segundo Renato, é de que o público petropolitano participe como parte integrante do evento. “É uma boa oportunidade de mostrar ao turista o motivo pelo qual, nos anos 60, as corridas atraíam cerca de 50.000 pessoas. É também a nossa colaboração no esforço de retomada da economia na cidade, principalmente depois de tudo o que passamos.”, diz. 

    Confira a programação completa do evento:

    10 DE SETEMBRO DE 2022 (SÁBADO)

    9h

    ● Início da exposição dos carros participantes do desfile na Av. Tiradentes (Centro Histórico).

    ● Início da exposição de Alfa Romeo no Pátio do Museu Imperial.

    18h

    ●  Encerramento das exposições (Museu e Av. Tiradentes) e deslocamento dos carros para o estacionamento previamente reservado.

    20h

    ● Cerimônia de abertura na Cervejaria Bohemia com a presença de autoridades, ocasião em que serão feitas algumas homenagens.

    11 DE SETEMBRO DE 2022 (DOMINGO)

    9h

    ● Abertura do desfile na Praça da Inconfidência (Centro Histórico).

    9h30

    ● Início da 1ª Bateria de duas voltas no circuito com carros da década de 1960. 

    10h15

    ● Início da 2ª Bateria de duas voltas no circuito com carros da década de 1950. 

    11h

    ● Início da 3ª Bateria de duas voltas no circuito com carros das décadas de 1970 e 1980.

    11h45

    ● Encerramento.

    Percurso do Circuito

    Largada: Praça da Inconfidência

    Rua Floriano Peixoto

    Rua Alberto Torres

    Av. Ipiranga

    Av. Tiradentes

    Rua da Imperatriz

    Praça D. Pedro

    Rua do Imperador (lado ímpar)

    Praça da Inconfidência

    As inscrições para o evento podem ser realizadas através do site: https://www.circuitoimperial.com/ 

    ¹ Instituto Histórico de Petrópolis 

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