“Cínica”, “ardilosa” e “abominável” adjetivam “gerência fictícia” da CPTrans em decisão judicial sobre ônibus
A decisão do juiz Jorge Martins, titular da 4ª Vara Cível, sobre a substituição dos coletivos da Cascatinha, é um primor. Merece ampliação, plastificação e até moldura. O juiz disse, de forma contundente, que a CPTrans é conveniente com os desmandos do sistema considerando que é fictícia a gerência do transporte público. Em particular, sobre a Cascatinha, o juiz disse textualmente: “não existe qualquer conflituosidade entre CPTrans e Viação Cascatinha, muito pelo contrário, há, sim, cinismo!”.
Fingindo que não viu
Para evitar um imbróglio judicial, já que a Cascatinha está em processo de recuperação judicial, a CPTrans, na gestão Bomtempo, foi empurrando com a barriga e ‘pediu’ ao juiz a substituição dos ônibus da Cascatinha por outras empresas. Isso porque a Cascatinha ameaça a prefeitura com uma arguição na justiça por fraude licitatória, caso a gestora do sistema, matasse no peito e ela própria determinasse a providência. Mas se a empresa não tem condições de cumprir o contrato, não há recuperação judicial que sustente sua permanência. Ou seja, a prefeitura se escondeu atrás do juiz.
Empurra pro juiz
O procurador geral do município, Miguel Barreto, disse que “não há dúvidas sobre a necessidade de preservar a saúde e a vida dos usuários de transporte público municipal e que a CPTrans reprovou quantidade relevante de veículos, mas que eles não poderiam ser retirados de circulação sem substituição porque provocaria grave dano aos usuários de transporte”. Mas, tendo todos esses fatos em mãos, de risco iminente às vidas, a companhia não foi capaz, ela própria, se virar e resolver e teve que jogar pro juiz?
Essa não!
A defesa da Cascatinha ainda argumentou que o eventual rateio das linhas prejudicará o plano de recuperação da empresa. Mas, o usuário correndo risco de vida pode se lascar em nome da recuperação da empresa? Mas, não somos nem sócios da Cascatinha…
Responsável pelo caos e desordem
A última determinação do juiz foi que a CPTrans enviasse o relatório de vistoria dos ônibus com detalhes minuciosos até o dia 10, sexta-feira de Carnaval e ainda era ponto facultativo decretado pelo prefeito. E advinha? Não mandaram nem uma desculpa (porque eles não tinham mesmo esse controle, né?) à justiça. Decidiram ignorar como se, fingindo que o problema não existe, ele, de fato, sumiria. Mas, para o juiz essa ‘cara de parede’ da gestão atual mostra que a CPTrans “é o meio provocador da desordem, do caos instalado há décadas no serviço público de transporte coletivo por ônibus”. O juiz, em sua decisão assinala: “seria cômico se não fosse trágico”.
Faz de conta
E o juiz resumiu o que ocorre com a operação da Cascatinha, serviço concedido pela prefeitura a quem cabe a fiscalização por meio da CPTrans: “o fiscal finge que fiscaliza! O fiscalizado finge que cumpre a ordem administrativa! O fiscal finge que se automutila e se entrega ao Judiciário!! O fiscalizado tem a certeza do amparo que terá no sistema processual! O fiscal e fiscalizado não convivem em harmonia com o usuário!”.
A gente notou também
Pior foi o piau que tomou Thiago Damaceno. O juiz Jorge Martins assinalou que nas audiências que precederam sua decisão, “Damaceno, head da CPTrans, restringiu-se a relatar subjetividades e fatos notórios veiculados nas redes sociais e na mídia jornalística impressa e eletrônica”. Trocando em miúdos: na frente do juiz choveu no molhado.
Contagem
E Petrópolis está há 286 dias sem os 100% da frota de ônibus nas ruas depois do incêndio na garagem das empresas.
Esquindô, esquindô
Carnaval não foi período de descanso para nossos políticos, não. Leandro Sampaio tentou se abrigar no PSD, sem sucesso, inclusive, e o vereador Dudu, já tá com um pé no Republicanos do prefeitável Leandro Azevedo. Hingo Hammes meteu o pé pras comunidades e articula aliança com mais partidos; Bomtempo continuou no asfalto/nossobairro e Bernardo Rossi continua colado em Castro e se afasta da oportunidade de estar com os eleitores.
Dengue
Petrópolis, em janeiro, teve 138 casos de dengue, segundo registros da Secretaria estadual de Saúde. Este mês já foram contabilizados 12 casos. Há expectativa de fechar o mês – quando o pessoal retorna de viagem – com mais casos contraídos fora da cidade e mais alguns com picada do mosquito aqui mesmo.
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