• Cinco meses depois da tragédia, 800 famílias ainda não conseguiram casas com o Aluguel Social

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  • Enquanto isso, não há sequer previsão para que o Abrigão de R$ 3,5 milhões na Floriano Peixoto seja inaugurado

    15/07/2022 08:15
    Por João Vitor Brum

    Nesta sexta-feira, a tragédia de 15 de fevereiro completa cinco meses, mas, para muitas famílias, pouco mudou desde então. Após muitos problemas com o recadastramento do Aluguel Social, o mutirão realizado pela Prefeitura e pelo Estado foi concluído com 3.868 cadastros para o benefício. Porém, de acordo com dados apresentados pela Secretaria de Assistência Social em reunião convocada pelo Ministério Público, 782 famílias aptas a receberem o benefício ainda não conseguiram alugar um imóvel. Enquanto isso, ainda não há uma previsão para que o abrigo da Floriano Peixoto, que vai contar com 32 unidades, seja inaugurado pelo município.

    Até hoje, o município não soube precisar quantas famílias deixaram suas casas após as chuvas de fevereiro e março, entre desabrigados (que precisam ficar em abrigos públicos ou particulares) e desalojados (que geralmente ficam em casas de amigos ou parentes). 

    Enquanto não há um consolidado oficial, o total de cadastros do Aluguel Social indica que o número é bem maior do que o divulgado anteriormente. Além disso, uma tendência que vinha sendo percebida ao longo dos últimos meses parece estar seguindo o caminho contrário dos aluguéis firmados.

    Até então, abril tinha sido o mês com o maior número de aluguéis sociais pagos, com 2.087 pessoas beneficiadas no período. Em maio, o número caiu quase pela metade, chegando a 1.323 benefícios pagos, com uma estabilização no mês seguinte, quando foram repassados 1.297 benefícios. 

    Por enquanto, o portal do Aluguel Social do governo estadual ainda não atualizou os dados referentes ao mês de julho, mas, com a conclusão das análises realizadas no mutirão, já é possível prever que esse total deve ser triplicado. De acordo com os dados apresentados pelo município, 3.086 contratos do Aluguel Social foram assinados desde a chuva de fevereiro, considerando o valor de R$ 1 mil pago (R$ 800 pelo Estado e R$ 200 pela Prefeitura). 

    Entre as famílias beneficiadas pelo Aluguel Social, 178 foram embora de Petrópolis após as chuvas e utilizam o recurso para custear seus respectivos aluguéis em outras cidades, também de acordo com informações da Assistência.

    Além disso, pelo menos 106 vistorias foram realizadas pelas equipes do município para averiguar possíveis irregularidades envolvendo o benefício. 

    Prédio de R$ 3,5 milhões não cumpriu seu papel emergencial

    Enquanto os problemas continuam, o município parou de divulgar informações sobre o prédio de R$ 3,5 milhões da Rua Floriano Peixoto, que teve sua compra anunciada em março e pagamento efetuado em maio, após problemas com um processo de inventário dos proprietários do imóvel.

    No primeiro momento, a Prefeitura informou que o espaço, que conta com kitnets e apartamentos, precisaria passar apenas por intervenções pequenas, como colocação de telas nas janelas e adaptações. Mas, com o passar do tempo e após visitas do Ministério Público, de vereadores e técnicos, foi constatado que os problemas no local são bem maiores, como infiltrações e mofo em grande parte dos apartamentos.

    Anunciado como lar temporário para as vítimas das chuvas, pode se dizer que, cinco meses depois, o prédio milionário não cumpriu seu papel. Agora, basta esperar para ver se o local estará pronto para receber famílias afetadas pelas chuvas do próximo verão ou se o espaço continuará de portas fechadas para a população.

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