Cientistas brasileiros dizem que nova variante tem maior poder de transmissão
Uma nova variante do novo coronavírus, potencialmente mais transmissível, acaba de ser descrita em pesquisa de cientistas brasileiros. Especialistas temem que a N9, nome dessa cepa, também tenha capacidade maior de escapar do ataque dos anticorpos, o que poderia reduzir a eficácia das vacinas. A mutação foi identificada pela 1ª vez em novembro, em São Paulo. Com disseminação muito rápida, já chegou a quase todas as regiões do País. A exceção é o Centro-Oeste.
Aceito para publicação na revista científica Genomic Epidemiology, o trabalho foi feito a partir do sequenciamento genético e análise de 195 amostras de pacientes de covid-19. Elas foram colhidas em 39 municípios em cinco Estados – Amazonas, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte e Rio. As amostras foram coletadas entre 1º de dezembro e 15 de fevereiro de 2021, em indivíduos de idades entre 11 e 90 anos.
“A identificação da nova variante foi feita em um pequeno número de amostras, mas nos causa preocupação porque já está em praticamente todo o País”, afirmou o virologista Fernando Spilki, coordenador da Rede Corona-ômica. “Ela foi identificada pela primeira vez em dezembro e continuou se espalhando.”
No 1º semestre de 2020, duas linhagens dominavam a pandemia no Brasil: a B.1.1.28 e a B.1.1.33. As variantes P1 e P2 derivaram da B.1.1.28. Atualmente, a P2 é a dominante no Brasil. Mas a P1, a variante amazônica identificada no fim do ano passado, se espalha rapidamente. A nova variante, a N9, deriva da B.1.1.33.
O trabalho que descreve a nova variante é assinado por pesquisadores da Rede Corona-ômica, do Laboratório Nacional de Computação Científica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Estadual de Santa Catarina e Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Em levantamento paralelo, a Fiocruz também identificou a nova variante em amostras.
Cientistas falam que Brasil pode se tornar ‘fábrica’ de mutações
Com mais de duas mil novas mortes pela covid-19 por dia, o Brasil é considerado hoje o epicentro mundial da pandemia e uma “fábrica” de novas variantes do Sars-CoV-2. Com a transmissão descontrolada da doença e vacinação extremamente lenta, a tendência é de que surjam cada vez mais novas variantes no País, alertam cientistas.
Quanto mais o vírus circula e se replica, maior a chance de apresentar uma mutação potencialmente perigosa. A única forma de deter esse processo é com a imunização em massa e a quebra da cadeia de transmissão.