• Cidade alemã proíbe, em sala de aula, gesto que lembra saudação da extrema direita turca

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  • 16/jul 15:21
    Por Marcos Furtado / Estadão

    Autoridades da cidade de Bremen, na Alemanha, proibiram os professores de fazerem nas salas de aula um gesto usando as mãos que teria semelhança com uma saudação da extrema direita da Turquia. As informações são do jornal britânico The Independent.

    O gesto da “raposa silenciosa” é feito com os dedos da mão, simulando o formato da cabeça do animal, com as orelhas para cima e a boca fechada. Esse sinal é usado com frequência por professores alemães para incentivar seus alunos a fazer silêncio e manter a ordem na sala de aula.

    De acordo com informações do The Guardian, as autoridades afirmaram que o símbolo corria o “risco de ser confundido” com a “saudação do lobo”. Esse gesto tem ligação com os “Lobos Cinzentos”, grupo ultranacionalista do Partido do Movimento Nacional da Turquia, aliado do Partido Justiça e Desenvolvimento (AK, em turco), do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

    Esse grupo teria envolvimento com crimes de violência política que matou cerca de 5 mil pessoas no golpe de 1980, na Turquia.

    “O significado político do gesto com a mão é absolutamente incompatível com os valores da cidade de Bremen”, afirmou a porta-voz do órgão de educação de Bremen Patricia Brandt. Ela também disse que os professores há muito consideravam o sinal “pedagogicamente desatualizado” e seu “estilo regulatório” prepotente.

    Gesto da extrema direita no futebol

    A medida foi anunciada poucos dias depois que o jogador turco Merih Demiral gerou uma polêmica diplomática ao usar a “saudação do lobo” para celebrar o segundo gol de sua equipe na vitória contra a Áustria, em um estádio alemão, nas oitavas de final do campeonato da Eurocopa.

    “Os símbolos de extremistas de direita turcos não têm lugar em nossos estádios”, disse a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, em uma postagem no X. “Usar o campeonato europeu de futebol como uma plataforma para o racismo é completamente inaceitável.”

    Após investigação, A União das Associações Europeias de Futebol (Uefa) suspendeu Demiral por duas partidas. O jogador disse que se sentia orgulhoso do gesto. “Eu tinha uma celebração específica em mente. Foi isso que eu fiz. Tem a ver com a identidade turca porque estou muito orgulhoso de ser turco”, argumentou.

    O presidente Erdogan considera que a proibição tem motivação política. “Para ser direto, a suspensão de dois jogos da Uefa para Demiral lançou uma sombra séria sobre o campeonato,” disse em um avião vindo de Berlim. “Isso não pode ser explicado. É uma decisão puramente política.”

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