Ciclorrota no Centro Histórico deve estimular o uso de bicicletas, mas projeto ainda precisa de ajustes
Está previsto para começar nesta semana o processo de sinalização e demarcação das áreas compartilhadas da Ciclorrota no Centro Histórico. A iniciativa vai garantir a passagem dos ciclistas em uma faixa que compreende a Rua do Imperador, Rua da Imperatriz, Avenida Koeler e Dr. Nelson de Sá Earp. Para os ciclistas, a implantação da ciclorrota é importante para estimular o uso das bicicletas com segurança, mas acreditam que o projeto ainda precisa ser ajustado para que seu uso se torne viável.
Para Isabella Guedes, presidente da Associação dos Ciclistas de Petrópolis (Acipe), a instalação da ciclorrota no Centro Histórico é importante para começar a conscientizar sobre o compartilhamento da via entre bicicletas e veículos motorizados. Mas que para que a sua utilização seja viável é necessário que ela ofereça segurança aos ciclistas.
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“Apesar de parecer simples, o planejamento de uma ciclorrota é uma tarefa complexa que precisa da participação também dos ciclistas. Neste contexto, já solicitamos algumas alterações necessárias no projeto para facilitar o percurso e também dar mais segurança ao ciclista. Também é importante manter o diálogo aberto com os ciclistas para propostas de melhorias surgidas depois da implementação. Em nossa avaliação, para que este primeiro passo não seja isolado e desconexo, é importante que a ciclorrota esteja conectada à ciclofaixa da Av. Barão do Rio Branco – única infraestrutura dedicada para bicicletas em Petrópolis -, fazendo com que este seja de fato o início da implantação da malha cicloviária na cidade”, disse Isabella.
Atualmente o único trecho sinalizado para uso das bicicletas fica na Avenida Barão do Rio Branco, mas, ainda assim, acumula muitos problemas. É comum flagrar veículos estacionados na faixa dedicada as bicicletas, além dos que invadem a faixa em dias de uso exclusivo do Circuito de Lazer da Barão. Esse desrespeito a faixa ocasionou uma tragédia em outubro do ano passado, quando o ciclista Carlos Alberto Guimarães da Silva, de 63 anos, morreu após ser atropelado por um veículo na Barão do Rio Branco.
No mês passado, a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas – Aliança Bike e a Acipe encaminharam um ofício a Prefeitura e a Câmara Municipal com “Dez Propostas para Estimular o Uso das Bicicletas em Petrópolis”, solicitando entre outras medidas a ampliação de ciclofaixas, ciclovias e mais projetos para permitir mais acesso de bicicletas.
“Dentre as demandas que apresentamos na audiência pública em outubro de 2019, estavam a priorização do planejamento e início da implantação da malha cicloviária, recuperação da ciclofaixa da Av. Barão do Rio Branco, assim como medidas educativas em massa e de fiscalização. Apesar de no PlanMob ações em ciclomobilidade terem média prioridade e médio prazo de execução, consideramos que não havia motivo para esperar mais vários anos para iniciar a implantação de projetos que priorizassem a bicicleta como meio de transporte. Neste contexto, a prioridade em implementar a ciclorrota, que já estava prevista no PlanMob, foi também uma demanda nossa, por ser relativamente simples, barata e rápida, ao mesmo tempo que tem um papel educativo de amplo alcance”, explica Isabella.
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O processo de demarcação da Ciclorrota está previsto para ser iniciado nesta semana. Segundo a Prefeitura o tema vem desde junho sendo amplamente discutido entre o Conselho Municipal de Trânsito e Transportes (Comutran) e organizações e representantes que defendem a utilização da bicicleta como principal modal de transporte. Nesta semana, o tema continua em pauta na reunião remota do Comutran que acontecerá na terça-feira, dia 11, às 19h.
De acordo com a estimativa da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) cerca de 10 mil pessoas na cidade utilizam a bicicleta e quase 300 pessoas usam como meio de transporte fixo. A ciclorrota vai garantir uma faixa mais segura para os ciclistas, mas as regras de estabelecidas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) devem ser respeitadas.
“A bicicleta é um veículo, com direito de utilizar as ruas da cidade com prioridade em relação aos veículos automotores, mas que se torna bastante vulnerável quando motoristas e ciclistas não conhecem a legislação vigente. Nós, ciclistas, já ouvimos diversas vezes motoristas dizendo que deveríamos estar pedalando no Parque de Itaipava, ou utilizando a ciclofaixa apenas aos domingos. Isso mostra claramente que, para muitos, o ciclista não tem direito de participar do trânsito. Com a implantação das ciclorrotas, os ciclistas ganham a devida atenção e respeito, e esperamos que as demandas por vias exclusivas onde se faz necessário também sejam atendidas”, disse Isabella.