Diante dos transtornos provocados pela passagem do ciclone extratropical desde a madrugada de segunda-feira (4), a Defesa Civil do Rio Grande do Sul diz organizar esforços para resgatar moradores dos municípios mais afetados pelas inundações. Uma parte dessa população, segundo o órgão, buscou abrigos em telhados e árvores.
Segundo informou o governador do estado, Eduardo Leite, já são 21 mortes pela passagem do ciclone. Desse número, 15 óbitos ocorreram na cidade de Muçum. As outras seis mortes foram confirmadas, entre segunda e terça, em cidades do Norte do Rio Grande do Sul. Além disso, há 1,6 mil desabrigados e 2,9 mil desalojados (que procuraram auxílio na casa de familiares e amigos). De acordo com o coronel Marcus Vinícius Gonçalves Oliveira, da Defesa Civil do Estado, ao menos 18,5 mil pessoas foram afetadas diretamente pelo ciclone extratropical.
As equipes de resgate estão concentradas na região dos Vales, mais precisamente no Vale do Taquari, onde municípios como Muçum, Roca Sales, Encantado e Lajeado sentem os impactos do ciclone. “Pessoas em cima de telhados e de árvores estão sendo resgatadas. Os picos de inundação são diferentes. Estamos monitorando as situações nos municípios”, afirmou o coronel Oliveira.
Uma situação de calamidade pública tomou conta de Muçum e de municípios vizinhos, no Vale do Taquari, após as enchentes. A água do Rio Taquari invadiu a cidade, deixando centenas de famílias desabrigadas e desalojadas. Na cidade de Roca Sales, a prefeitura orientou que a população atingida pelas enchentes busque refúgio nos telhados de suas casas e aguarde pelo resgate.
Oliveira disse ainda que foi solicitado apoio do Ministério da Defesa. “Três botes estão sendo deslocados de São Gabriel e estão chegando na região do Vale do Taquari para auxiliar nos salvamentos. Equipes da Polícia Civil, da Brigada Militar, do Corpo de Bombeiros também auxiliam no resgate aéreo, embora este tipo de resgate dependa da condição climática. Também estão sendo feitas doações de kits de higiene e cestas básicas”, disse ele.
Em Ibiraiaras, duas pessoas morreram após ficarem presas dentro de um veículo e serem levadas pela água. Houve também um óbito por descarga elétrica, em Passo Fundo. Em Mato Castelhano, uma pessoa desapareceu ao tentar cruzar um rio com uma caminhonete.
Nas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), lamentou a situação e disse que o secretário nacional da Defesa Civil, Wolnei Aparecido Wolff Barreiros, visitará o Estado nesta terça.
O Rio Guaíba, em Porto Alegre, também está sendo monitorado, em razão da possibilidade de um pico de elevação nas próximas horas.
Picos distintos de preocupação
“No momento, além da preocupação com a inundação, que deve nos acompanhar nos próximos dias, pois as chuvas devem continuar a partir de quinta-feira (7), temos a questão da umidade do solo, que pode provocar deslizamento de terras”, diz coronel Oliveira. “No Estado, temos 742 áreas com alto risco, uma preocupação muito grande. Estamos reforçando com as prefeituras sobre a necessidade de alertar comunidades e apontar locais de segurança para a população”, alerta.