• Chegou aos oitenta!

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  • 30/abr 08:00
    Por Afonso Vaz

    Joaquim, temeroso para não intitulá-lo medroso, conseguiu superar inúmeras dificuldades chegando aos oitenta anos, diga-se de passagem, bem vividos ao lado da esposa, filhos, netos, além de muitos amigos.

    Por isso mesmo recebeu na vivenda  do casal, mediante cuidados operosos por parte de d. Hermelinda, sua esposa, que esmerou-se de modo a que a data fosse comemorada com alegria e esperança no futuro.

    Um grupo numeroso de pessoas aguardava ansioso para que fosse cantado o “parabéns pra você” e, logo após, serem degustados os salgados, doces e o bolo, muito bem confeitado pela esposa, além de refrigerantes e bebidas, para quem as aprecia.

    A festa que teve início às 19h só terminou a meia noite, quando ficou constatado que alguns dos convivas já estavam ” fora do ar….”.

    D. Hermelinda, criatura bondosa, severa e de gênio um tanto complicado, advertindo o marido que também já havia consumido “umas e outras.”

    Mas de nada adiantava, vez que o octogenário prosseguia abusando nas doses do bom whisky, sem ouvir a esposa.

    D. Hermelinda, já bastante cansada, acabou por “bater o martelo” de modo a que a festa devesse ser encerrada mais cedo, em razão do estado reprovável de muitos, ainda que sob os apelos do aniversariante, contrário a opinião da esposa.

    Antes, entretanto, que a festa terminasse pediu para usar da palavra um cidadão, poeta esmerado, que frequentava a festa na condição de convidado especial,  todavia já um tanto “meio lá, meio cá…”!

    Assim é que decidiu, com a anuência do aniversariante, recitar uma trova, de fundo sarcástico, da lavra de outro poeta, fazendo com que os presentes, tão logo concluída  a leitura, não parassem de rir a exceção de d. Hermelinda que continuava séria e preocupada com o aniversariante já “meio grogue”.  

    O poeta, também, denotando cansaço, mas lépido para ler referida trova.

    Ei-la:

    ” Hoje, chegou, aos oitenta,

    já com a lanterna apagada;

    agora, é só marcha lenta,

    até o final da picada.”

    Desnecessário explicitar que o salão onde foram recepcionados os convivas quedou vazio em poucos minutos, tão logo o anfitrião bradando que “a lanterna apagada” e bem assim “o final da picada”, evidentemente que não deveriam se  referir a ele, o “octogenário beberrão”.

    O certo é que não teve bom desfecho dita festança, em decorrência de um início de “charivari” em que esteve envolvida até a senhorita Zeli.

    Paulino de Abreu, “daquele jeito”, “pressionado por muitas cachaçotas entendeu ainda de fazer graves chacotas a um grupo de senhoras de respeito, provocando um bate–fundo, como se fosse um reles vagabundo.

    Diante do ocorrido, de pronto, fez com que a esposa de Joaquim adotasse medidas que… depois eu conto…! 

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