Ceron: grau de investimento não é um grande desafio, é uma oportunidade para o País
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse nesta quinta-feira, 3, que a elevação da nota do Brasil pela Moody’s, que deixa o País a um passo do grau de investimento, é uma “grande oportunidade” para a sociedade e os poderes fecharem um “pacto” pelo equilíbrio fiscal. “Na minha modesta opinião, abriu-se janela por pacto da sociedade, com poderes, mercado financeiro, para que o país atinja grau de investimento”, afirmou Ceron em entrevista coletiva sobre os dados do Tesouro de agosto.
Ele disse também que prefere observar esse caminho não como um “desafio”, mas como uma oportunidade, porque, para ele, o País pode suportar os ajustes necessários recuperar o grau de investimento.
Ceron afirmou que, para isso, o Brasil precisa “tão somente” garantir o cumprimento do arcabouço fiscal, a tendência sustentável de crescimento dos gastos e o atingimento das metas fiscais previstas. “Estamos a pequeno passo, uma oportunidade para consolidar ciclo de crescimento sustentável.”
Ceron também afirmou que não vê como um brasileiro não possa estar feliz com o resultado da Moody’s. “A Moody’s foi clara ao colocar que há avanços, mas frisando que materialização do grau de investimento depende do compromisso fiscal”, afirmou o secretário, para quem a elevação da nota é um voto de confiança no País, e não em um governo.
Ele pontuou ainda que a melhora do ambiente econômico vai se refletir em queda da taxa de juros, que incide sobre a dívida pública. “Quanto menor a dívida, menor o esforço fiscal que a sociedade precisa fazer para arcar com esses encargos”, afirmou.
Por fim, Ceron comentou que, além de elevar a nota brasileira, a Moody’s colocou o País em perspectiva positiva, indicando que num horizonte de até 18 meses uma nova mudança do rating pode se materializar. “País tem muito a comemorar. A decisão da Moody’s é muito relevante e há série de efeitos que serão colhidos em 2025. País tem que comemorar, cresce e faz reformas institucionais, mas há desafios fiscais a serem endereçados”, disse.
Eliminação de ruídos e incertezas
O secretário do Tesouro Nacional reconheceu que políticas concebidas para ficar “fora do Orçamento” criam insegurança, ainda que tenham impacto “diminuto”.
Ele comentou sobre a necessidade de eliminação desses ruídos que podem atrapalhar o processo de recuperação da confiança sobre o fiscal e o alcance do grau de investimento soberano.
“Isso (recuperação fiscal) não é um desafio só da Fazenda, nem só da equipe econômica, nem só do governo. Tem de fazer esse debate, eliminar tudo o que causa ruído e incerteza no mercado. Ter grau de investimento é um legado que deixaremos”, disse Ceron, para quem tudo o que “atrapalha” o alcance do grau de investimento deveria ser debatido com “cuidado”.