Centro Cultural da UNIFASE reabre neste sábado com a exposição “Mulher de Ninguém”
Após dois anos com atividades culturais virtuais, o Centro Cultural da UNIFASE reabre neste sábado com a inauguração da exposição “Mulher de Ninguém”. O título, inspirado na expressão “Mulher de fulano de tal”, é baseada em um capítulo no livro “Isso é Arte?”, de Will Gompertz, que relata a “Exhbition 31 Women/ Exibição 31 Mulheres”, realizada no ano de 1943 pela colecionadora de arte Peggy Guggenheim com orientação do artista plástico Marcel Duchamp, uma das primeiras exposições realizadas só com obras de artistas do sexo feminino. A exposição é gratuita e ficará aberta para visitação de 09 de maio a 25 de julho, das 10h às 18h.
“É uma grande alegria poder retomar o calendário expositivo com a exposição ‘Mulher de Ninguém’ e, dentro dela, a mostra de trabalhos produzidos por moradoras do Vale do Carangola. Essa exposição reafirma a luta de artistas contra a hierarquia de gênero na arte e no acesso aos espaços expositivos. Um posicionamento político e ético muito importante no atual contexto de retrocessos e de aumento na escalada dos preconceitos e violências contra as mulheres, negros, indígenas, LGBTQI+”, frisa Ricardo Tammela, coordenador de Projetos e Extensão da UNIFASE.
A artista Josiana Oliveiras explica que a ideia da primeira exposição promovida apenas por mulheres abriu caminho para uma produção mais livre, sem a hierarquia da arte de gênero e sem a necessidade de a mulher viver à sombra de um homem artista, nem de ocupar aquele clássico lugar de modelo, musa e amante dos artistas. A exposição “Mulher de Ninguém” destaca obras de 30 artistas da cidade de Petrópolis e convidadas dos estados do Rio de Janeiro (capital), São Paulo, Juiz de Fora e uma convidada especial da França. Os trabalhos apresentados são uma ode à independência da mulher como artista, como ser pensante e atuante em todas as esferas.
“Pesquisando mais a fundo a história sobre a primeira exposição só de mulheres, percebi que os nomes de muitas artistas estavam com a identidade atrelada aos nomes de artistas homens. Assim, vi a necessidade de falar sobre a mulher em geral, mas principalmente as artistas, por estar neste meio, ter seu nome desvinculado do nome dos homens. A expressão ‘mulher de fulano de tal’, desde quando a mulher é posse do homem para ter sua existência resumida a ser casada com alguém? Então, essas são as questões que orientaram essa exposição. Normalmente, a gente trabalha com um fio condutor que cria uma narrativa dentro de uma exposição ou de uma sala. Aqui, as próprias artistas são esse fio. Vamos ver artistas que têm sua pesquisa dentro da literatura, do corpo como suporte, da natureza e do fazer manual, como o crochê e a cerâmica, sendo a pesquisa em arte, isso é muito legal, pois são mulheres criando o que querem e não o que a sociedade acha que elas devam fazer”, frisa a curadora Josiana Oliveiras.
Os variados papéis desempenhados pelas mulheres que trabalham, cuidam da casa, têm o compromisso com os filhos e se dedicam à pesquisa para comporem suas obras são importantes pontos para a reflexão da sociedade e estarão em destaque na exposição.
“Atualmente vemos muitas artistas mulheres expondo, o que é ótimo, mas também queremos ver as nossas artes fazendo parte das coleções. As mulheres formalmente têm jornada tripla. Precisam dar conta da casa, da família e do trabalho. Muitas vezes, o trabalho de arte acaba ficando de lado. O que percebi com essa exposição e com o contado com as 30 artistas é que a gente se desdobra e, muitas vezes, achamos isso natural. A exposição não quer criar uma evidência sobre a mulher só, queremos mostrar artistas novas e outras que estão há tempos na profissão, que têm uma pesquisa séria e merecem ser valorizadas”, frisa a artista.
A exposição “Mulher de Ninguém” tem a co-produção e co-curadoria do artista petropolitano Cláudio Partes, convidado pela sensibilidade que apresenta em todos os seus trabalhos.
“Queremos nosso lugar de fala como artista e nosso reconhecimento tanto quanto os homens têm. Ter o Cláudio Partes dividindo a produção dessa exposição só de mulheres, cria esse espaço de fala e de percepção de como nós trabalhamos e temos as nossas particularidades”, destaca Josiana Oliveiras.
Mostra “Cores e Formas da Determinação” também inicia neste sábado
Simultânea à exposição “Mulher de Ninguém”, o Centro Cultural Arthur Sá Earp Neto apresenta a mostra “Cores e Formas da Determinação” com trabalhos desenvolvidos pelas estudantes mulheres do projeto de extensão da UNIFASE “Encceja Mulheres do Vale”, realizado no Vale do Carangola. As pinturas orgânicas foram feitas durante a oficina de arteterapia com orientação da artista visual e psicóloga Fernanda Medeiros.
“Essa mostra é resultado de um projeto de preparação para o ENCCEJA, mas também, como ele é desenvolvido apenas com mulheres, é um espaço para se conversar sobre o que é ser mulher no Vale do Carangola, ser mulher em Petrópolis, no Brasil. É um projeto de extensão que foi proposto a partir de conversas com essas mulheres e é também desenvolvido por alunas e professoras extensionistas. Nesse início de pós-pandemia, é uma fresta nesse modelo de sociedade absurdamente desigual e injusta, que abrimos e ocupamos. Um movimento de resistência e luta por um mundo mais bonito”, ressalta Ricardo Tammela, coordenador de Projetos e Extensão da UNIFASE.
O Centro Cultural da UNIFASE, localizado na Av. Barão do Rio Branco, 1003