• Centenário da morte de Princesa Dona Isabel será lembrado em missa, na Catedral, neste domingo

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 13/11/2021 09:31
    Por Redação/Tribuna de Petrópolis

    Para lembrar o centenário de morte da Princesa Dona Isabel, ocorrida em 14 de novembro de 1921, acontecerá neste domingo (14), na Catedral São Pedro de Alcântara, às 9h30, uma missa celebrada pelo bispo de Petrópolis, Dom Gregório Paixão, OSB. O evento foi organizado pelo Instituto Histórico de Petrópolis (IHP) e o Instituto Cultural D. Isabel I a Redentora, com apoio do Museu Imperial de Petrópolis.

    O presidente do Instituto Cultural D. Isabel I, Bruno da Silva Antunes de Cerqueira explicou que há vários motivos para celebrar a data, lembrando a figura de Dona Isabel. A missa também é uma homenagem a uma católica praticante e de grande espiritualidade, o que levou alguns sacerdotes e estudiosos da vida da Princesa a levantar a hipótese de sua beatificação, num processo de canonização.

    Em 2013, o arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, Cardeal Dom Orani Tempesta, recebeu um pedido oficial para abertura de um processo de beatificação da Princesa. Vários fatores fortalecem esta iniciativa, segundo aqueles que defendem a abertura do processo.

    Entre eles o fato dela ter assinado a lei acabando com a escravidão, ter virtudes reconhecidas por diversos países e sacerdotes e pelo fato dela ter recebido a Rosa de Ouro do Vaticano, concedida pelo Papa Leão XIII em setembro de 1888. Esta honraria era destinada a personalidades católicas de grande destaque e a ela foi dada especialmente pela coragem em ter assinado a Lei Áurea.

    Ressaltam ainda os apoiadores desta iniciativa, o fato da Princesa Isabel quando estava em Petrópolis, ser uma das damas que ajudava na limpeza da Igreja Matriz de Petrópolis, colocando-se a serviço da Igreja com grande espiritualidade de uma discípula de Jesus Cristo. Como devota da Virgem Maria, ela doou para imagem de Nossa Senhora Aparecida a coroa e o manto cravejado com 21 brilhantes.

    Entre diversos motivos para lembrança do centenário de sua morte, Bruno Cerqueira destacou o fato dela ter sido três vezes regente do Império do Brasil, cujo Imperador era seu pai, Dom Pedro II e por ser a mulher brasileira que mais tempo ficou banida do Brasil. Ele destacou ainda que a escolha da missa ser na Catedral é devido a ligação dela com a construção da igreja e que “mesmo estando no exílio não mediu esforços para ver a obra concluída”.

    O presidente do Instituto Cultural, autor do livro “Alegrias e Tristezas – Estudos sobre a autobiografia de D. Isabel do Brasil” junto com a historiadora Maria de Fátima Moraes Argon, destaca a importância da Princesa para o país, lembrando que na terceira regência, quando sancionou a lei acabando com a escravidão no Brasil, não se pode apenas falar da assinatura, mas tem que se ter um olhar sobre todo o processo, “pois ela agiu antes que chegasse a formular a lei”.

    Os reacionários e escravocratas eram contra a Princesa, afirmando que ela havia dado um golpe de estado durante a terceira regência, trabalhando a favor do fim da escravidão. Outro fato importante na vida da Princesa é que foi a primeira mulher senadora do Brasil atuando sempre em defesa dos interesses da nação e do povo.

    Outro ponto que a levou sofrer uma forte oposição era por ser mulher e todos sabiam que ao se tornar Imperatriz do Brasil iria mandar em todos, inclusive nos homens, e numa sociedade machista, muitos não aceitavam esta possibilidade.

    A Família Imperial sempre teve uma ligação com Petrópolis, não apenas pelo fato do Decreto Imperial criando a cidade, mas pelo desejo do Imperador Dom Pedro II de ter uma residência como ocorreu, o Palácio Imperial, hoje museu, e pelo desejo de construir a Catedral de Petrópolis. O Imperador e a Princesa Dona Isabel dedicaram-se para que a construção ocorresse. Ela, mesmo no exílio, teve atitudes concretas para que houvesse o dinheiro para as obras da Catedral “e para isso sempre contou com apoio de senhoras que eram suas amigas”, comenta o presidente do Instituto Cultural.

    Dom Gregório Paixão, no livro de sua autoria “A Catedral de Petrópolis – Santuário da memória da Cidade Imperial”, ao falar da paralização das obras de construção da Catedral e seu retorno, destaca a importância da Princesa para retomada das obras.

    “Coube à Princesa Isabel, em pleno exílio, dar o impulso necessário para o retorno dos trabalhos de construção de sua tão sonhada Matriz. Mesmo expulsa de sua terra natal, o Brasil, não esqueceu suas origens, nem deixou esmorecer sua fé. Com o coração cheio de saudades e profundo zelo cristão, doou 410 apólices e vários terrenos de sua propriedade no território brasileiro, somando oitocentos contos de réis. Ou seja, quase o necessário para a conclusão da obra”.

    De acordo com ele, nos trabalhos sobre a Princesa se identifica a diferença daquilo que é isabelino ou seja, “que é da própria Dona Isabel, de sua iniciativa ou proveniente dela enquanto regente e depois Imperatriz no exílio ou a aquilo que é de amigos dela, correligionários dela, que são os e as isabelistas”. Ele chama atenção para o fato de que, entre os isabelistas, ao contrário do que se pensa que só havia negros, “muitas pessoas de alta nobreza no Brasil eram isabelistas”.

    A escolha de Petrópolis para celebrar o centenário de sua morte, segundo Bruno Cerqueira, não se dá apenas pela ligação com a construção da Catedral, mas com a própria cidade. “A importância é muito grande. Petrópolis era a cidade do coração dela. Ela era uma criança e adolescente e viu Petrópolis crescer e sempre incentivou o crescimento da cidade”, comenta Cerqueira.

    O presidente do Instituto Cultura conta que, em 1º de abril de 1888, no Palácio de Cristal fez subir a serra toda cúpula do governo para ver que ela tinha comandado a libertação dos escravos na cidade e que, neste território municipal não tinha mais a escravidão, como ocorrera em outras regiões do país. O que aconteceu em Petrópolis foi o anúncio do que estaria por vir, como ocorreu em 13 de maio de 1888, quando assinou a Lei Imperial 3.353, duas horas após sua aprovação pelo Senado, que ocorreu três dias depois da Câmara ter aprovado.

    Últimas