• Cenário ainda é de destruição no Caxambu; Prefeitura tem até este sábado para tomar providências

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  • Defensoria recomendou que medidas sejam tomadas imediatamente

    25/03/2022 19:24
    Por João Vitor Brum, especial para a Tribuna

    Calçadas cobertas por detritos, lama em toda a rua, postes sem luz, bueiros entupidos. Essa tem sido a realidade dos moradores do Caxambu desde o dia 15 de fevereiro, e a situação só piorou depois das chuvas do último domingo. Além do entulho que foi deixado por lá depois da primeira chuva, moradores denunciam que detritos removidos de outras localidades estão sendo despejados irregularmente na região, fazendo com que o acesso fique ainda mais complicado. A Defensoria Pública expediu uma recomendação para que a Prefeitura tome alguma providência até este sábado. 

    Uma das principais vias do Caxambu é a Rua Bartolomeu Sodré, em especial para o escoamento da produção rural, porém mesmo com a importância que tem para todo o bairro e para a cidade, os escombros de casas que desabaram e terra que deslizou de diversos pontos continuam espalhados por calçadas e trechos da via.

    Moradores confeccionaram uma faixa pedindo ajuda às autoridades. (Foto: Divulgação)

    Em fevereiro, uma rocha bloqueou a passagem na Bartolomeu Sodré e deslizamentos tomaram conta do bairro, além das ruas terem se transformado em rios. No dia 20 de março, a rua se transformou novamente em um rio, mas desta vez, os bueiros estavam completamente entupidos e a terra deixada pelas calçadas se transformou em lama que cobriu todo o bairro mais uma vez.

    Nos trechos mais afetados, os postes de iluminação que permaneceram de pé continuam apagados, o que, somado à falta de calçadas, pode causar acidentes graves. Um trecho de cerca de 500 metros está sem iluminação pública. Moradores também denunciaram, pelas redes sociais, a demora para que os trabalhos avancem nas principais vias do bairro. De acordo com Raquel Neves, moradora do Caxambu, a Comdep esteve no local na quarta-feira, mas não finalizou os trabalhos necessários.

    “Mandaram um trator para liberar a entrada da garagem da casa de um vizinho, para que a família pudesse remover coisas que sobraram no desabamento; e desobstruíram uma entrada de galeria de água pluvial que foi coberta por uma barreira. O presidente da Comdep veio e eu mostrei ponto a ponto, e foi garantido que os caminhões viriam à noite. Dois dias já se passaram e nada foi feito”, desabafou Raquel, lembrando que o abandono do bairro já vem de anos.

    “A situação continua grave, 40 dias depois e continua tudo lá. E ainda tem alguém que está removendo barro de outro ponto e deixando ali, no trecho que já está em meia pista, e ninguém faz nada. A negligência vem de muitos e muitos anos, as galerias e bueiros não recebiam limpeza e agora nada está sendo feito”, disse.

    Além da dificuldade de locomoção e do medo de acidentes de trânsito, também há a preocupação com novos deslizamentos e com a erosão das vias de acesso ao bairro. “Depois que explodiram as pedras, tudo ficou parado. Com tudo entupido, a rua vira um rio toda vez que chove e provoca ainda mais erosão. Com mais chuva e mais carros, uma hora vai cair. Também precisamos de vistorias nas casas que apresentaram rachaduras ou foram atingidas pela água, mas ninguém veio. A sensação é de abandono total”, concluiu Raquel.

    Pedras com risco de deslocamento preocupam

    Na chuva de fevereiro, três rochas caíram na Rua Bartolomeu Sodré, bloqueando o principal acesso ao bairro. No dia 24 de fevereiro, a explosão das pedras foi concluída, mas as pedras que permanecem na encosta, com risco de deslocamento, têm sido motivo de muita preocupação. 

    “Precisamos de obras de contenção. Na pedreira, já falaram que tem risco de queda e ninguém disse mais nada. Não tem data, nada”, disse a moradora Raquel Neves.

    No início desta semana, a Defensoria pediu que a Prefeitura informasse qual a previsão para instalação do serviço de monitoração dos blocos rochosos em outras localidades, tais como Caxambu, Floresta, Vila Felipe e Morro da Oficina, após a rocha que começou a ser monitorada na Rua Nova apresentar movimentação.

    Defensoria recomenda que detritos sejam retirados até este sábado

    Uma recomendação expedida pela Defensoria Pública, de autoria da defensora Luciana Lemos, deu 48 horas corridas, contadas a partir de quinta-feira, para que o município tome providências na região. Na recomendação, é pedido que “os serviços de limpeza e de retirada de lama, detritos e escombros ainda presentes no bairro Caxambu” sejam feitos em caráter de extrema urgência.

    O documento também pede o desentupimento e manutenção dos canais de esgoto e bueiro; e que o serviço de iluminação pública seja restabelecido. 

    A Defensoria recomenda, ainda, que a Defesa Civil realize vistorias nas vias e residências das localidades o mais rápido possível, “uma vez que as ruas se encontram com aparentes rachaduras e algumas casas apresentam eminente risco de queda, o que vem amedrontando fortemente os moradores locais”.

    O que diz a Prefeitura 

    Em resposta à Tribuna, a Prefeitura negou que as equipes da Comdep não estejam executando o trabalho de limpeza urbana e retirada de detritos no Caxambu. Segundo a Prefeitura, já foi solicitado à Enel o restabelecimento da iluminação pública em parte da Rua Bartolomeu Sodré. E outro pedido foi feito pela Prefeitura à Polícia Militar, para que garanta a inviolabilidade dos imóveis interditados na área.

    A Prefeitura informou que equipes da Defesa Civil estão trabalhando diariamente na região do Caxambu e já tem 76% das ocorrências da localidade em atendimento, com a realização de vistorias pontuais em vias e residências. Desde 15 de fevereiro, engenheiros, geólogos e técnicos realizaram 272 vistorias pontuais na região, onde há 358 ocorrências registradas.

    Além disso, segundo a Prefeitura, todos os locais afetados no Caxambu já foram mapeados, com a demarcação das áreas de maior risco. Esse trabalho foi feito para sinalizar os trechos em que as casas estão em risco e, por isso, temporariamente interditadas. A partir das vistorias pontuais, efetuadas diariamente, a Defesa Civil informou que avalia se há condições seguras de moradia, se são necessárias obras de contenção ou se a casa deve ser definitivamente interditada, seja por danos estruturais irrecuperáveis que ofereçam risco para casas, seja por riscos no entorno.

    Para os casos em que há condições para a realização de obras, os moradores são orientados a realizar as intervenções de recuperação e a voltar para os imóveis apenas após a conclusão dos reparos e nova vistoria.

    A Defesa Civil informou que já realizou o desmonte de uma rocha na área em que ocorreu o deslizamento da encosta. Os engenheiros e geólogos analisam, no momento, qual a melhor solução técnica para eliminar riscos no local.

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