• Cemitério abandonado: cidadão precisa andar sobre outras sepulturas para se despedir da mãe

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  • 28/05/2021 17:48
    Por Luana Motta

    “Se quiser enterrar, é lá em cima”: esta foi a frase que Alex Benfica ouviu de um dos funcionários da administração do cemitério quando foi perguntar onde seria sepultado o corpo de sua mãe. Ela faleceu em decorrência da covid-19 e foi sepultada um dia após o dia das mães, no dia 10 de maio. Este local destinado às covas rasas é um barranco na virada do morro do último bloco do Cemitério Municipal. O mesmo local onde a Tribuna denunciou, há uma semana, que ossos, restos mortais e até um crânio estavam expostos na sepultura.

    A Prefeitura, procurada pela Tribuna, confirmou que as covas neste espaço “já existiam e continuam sendo utilizadas”. O caso de Alex é mais um entre os vários familiares que têm denunciado a precariedade do espaço destinado as covas rasas do Cemitério Municipal.

    As covas são abertas à beira do barranco. (Foto: Luana Motta)

    “Um descaso tremendo, os sepultamentos estão sendo feitos na virada do morro. Tivemos que andar quase 600 metros até chegar na cova. Passando por cima de pessoas recém enterradas. Minha mãe foi enterrada na penúltima cova, tivemos que andar por cima de seis ou sete corpos, alguns com aquelas coroas de flores”, conta Alex.

    Quem sobe até o final do Cemitério passa por uma trilha, onde não há espaço para andar que não seja sobre outras sepulturas. Na tarde desta quinta-feira (27), quando a Tribuna foi até o local, duas fogueiras estavam acesas à beira da trilha, queimando panos. O caminho dá em um lugar que uma espécie de clareira, aberta no meio da vegetação. Os sepultamentos são feitos à beira do barranco. Sepultar um familiar no Cemitério Municipal exige força física e boa mobilidade para chegar até o local. Visivelmente a impressão é que as covas são abertas onde há espaço, sem qualquer planejamento.

    A Tribuna questionou a Prefeitura sobre a situação das covas rasas, e o município respondeu apenas que essas covas “já existiam e seguem sendo utilizadas”. Na semana passada, após a publicidade do caso, a Prefeitura informou que foi aberta uma sindicância interna para apurar “o grave erro no processo de retirada de restos mortais de covas rasas”. O responsável pela organização e monitoramento do trabalho dos coveiros foi afastado das funções até a apuração do caso. A Prefeitura informou também que advertiu o responsável pela manutenção das quadras.

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