Catecismo Maior de Lutero
– 4º mandamento
“Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá.” (Êxodo 20.12)
“Honre o seu pai e a sua mãe para que você viva muito tempo na terra.” (Catecismo Menor)
Parte 2 – da obediência às autoridades: Este mandamento também abrange os diversos tipos de obediência para com os superiores, incumbidos de mandar e governar. Da autoridade dos pais emana e se irradia toda outra autoridade.
Todos os que são chamados de senhores estão representando os pais e desses precisam receber poder e autoridade para governar. Todos se chamam pais, visto que estão desempenhando o ofício de pai, devendo ter atitude paternal para com os que lhe estão confiados. Desde a antiguidade, no latim, chamavam seus soberanos de patres patriae, pais da pátria.
Deus não é brincadeira, é Deus quem está falando e exigindo obediência. A mesma coisa se dirá da obediência à autoridade civil, a qual integra a classe paternal, tendo o maior alcance de todas. Por intermédio dos governantes civis, Deus nos proporciona sustento, moradia, propriedade, proteção e segurança.
Sentimos muito bem nosso infortúnio: nos queixamos sobre infidelidade, violência e injustiça, mas não queremos enxergar que nós próprios somos malandros, merecemos punição e não nos corrigimos.
Este mandamento apresenta ainda os pais espirituais. São aqueles que nos dirigem e lideram pela Palavra de Deus. É necessário convencer o povo de que quem quer ser considerado cristão tem o dever perante Deus de reverenciar em dobro, beneficiar e prover aqueles que cuidam da sua alma. Só que aí todo mundo trava, resiste, fica preocupado com a própria barriga, não consegue sustentar um único pregador direito. Com isso, passamos a merecer que Deus nos prive da Sua palavra e bênção, fazendo surgir pregadores mentirosos, que nos levam para o diabo, além de sugar nosso sangue e suor.
Para essa função de conduzir (Deus) não quer patifes nem tiranos. Ele lhes confere a dignidade, o poder e o direito de direção não para que se deixem adorar, mas para que tenham consciência de que se encontram debaixo da obediência a Deus e aceitem sua função com sinceridade e lealdade, não só para alimentar e sustentar fisicamente seus súditos, mas principalmente para educá-los no louvor e exaltação a Deus.
Aí nós deparamos com a praga miserável de que ninguém atenta nem observa isso. Comportam-se como se Deus nos desse filhos para nosso divertimento e passatempo, e serviçais para os usarmos como se fossem vacas ou burros, apenas para o trabalho e súditos para os tratarmos ao nosso bel-prazer.
(É) urgente a necessidade de nos ocuparmos a sério com a juventude. Pois se quisermos ter gente capacitada para o governo civil e espiritual, não poderíamos poupar esforços nem despesas na educação dos nossos filhos, para que venham a servir a deus e ao mundo; nem cuidar apenas de acumular bens e dinheiro para eles, pois Deus consegue perfeitamente sustenta-los e enriquecê-los como faz todos os dias. Ele nos deu e encomendou filhos para que os eduquemos e conduzamos segundo a Sua vontade. Cada um deve saber que tem a responsabilidade de educar seus filhos para o temor e conhecimento de Deus e, quando tiverem aptidão, que os mandemos estudar para que venham a ser úteis onde necessário.
Por desprezarmos isso, Deus castiga o mundo terrivelmente: não há disciplina, governança, paz. Todos nós lamentamos isso, mas não enxergamos que a culpa é nossa. Pois do jeito que os educamos, estamos produzindo cidadãos mal-educados e desobedientes.
(Fonte: Catecismo maior de Martin Lutero, p. 48-53)
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