• Casos de estelionato aumentaram 66,8% em 2021; delegado alerta sobre como evitar cair em golpes

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  • 14/02/2022 13:28
    Por Vinícius Ferreira

    Petrópolis é considerada uma das cidades mais seguras no país (entre as que possuem mais de 100 mil habitantes) e a mais segura do estado do Rio de Janeiro. É o que diz o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, no último Atlas da Violência publicado em 2019 (com dados de 2017). O índice leva em conta, principalmente, crimes violentos, como homicídios.

    Mas é onde a violência física não é empregada, no caso, a ameaça, que tem crescido uma modalidade de crime na cidade: o estelionato. O número de golpes aplicados no ano passado, em comparação a 2020 (ambos dentro da pandemia da Covid-19) cresceu 66,8%. Apenas em dezembro (na comparação com o mesmo período de 2020) mais do que dobrou, 192%. Ou seja, a cada 7h um morador da cidade foi vítima de um golpe.

    Os dados são do Instituto de Segurança Pública – ISP, da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro. Segundo o levantamento, entre janeiro e dezembro de 2021, 1.273 denúncias de tentativa (ou golpes aplicados) foram registradas nas duas delegacias de polícia da cidade, a 105ª DP (no Retiro) e a 106ª DP (Itaipava). Um salto de 763 casos para 1.273. Em dezembro, os números impressionam ainda mais. Na comparação do mês, nos últimos dois anos, o salto foi de 71 para 211 casos.

    Em 2017, quando foram analisados os dados de violência na cidade, eram 376 casos. No ano seguinte foram 477 e em 2019 foram 543. Entre as modalidades que se tornaram comuns estão as que utilizam os meios virtuais (em alguns casos as redes sociais) para cometer o crime. Foi assim com a Luiza Constâncio. Ela teve a conta do WhatsApp (aplicativo de conversas) hackeada. “Com isso, usaram a minha conta na rede social para mandar mensagem para os meus amigos, se passando por mim, para pedir dinheiro”, conta. Ela logo tratou de alertar em outra rede social e evitou que as pessoas de seu círculo social caíssem na farsa dos criminosos.

    Não teve essa sorte, porém, a Ivone Andrade. A aposentada, de 68 anos, acreditou que a ligação que recebeu era do banco e que um motoboy estava indo na casa dela buscar os cartões de crédito, que segundo os criminosos do outro lado da linha, seriam recolhidos para comprovar uma suposta fraude que teria sido cometida contra a aposentada. “Disseram que tinha acabado de clonar meu cartão e fazer compras em Duque de Caxias e que a operadora de cartão desconfiou e acionou o banco que impediu a compra. Mas, para que o dinheiro não fosse pago pela compra, eles precisavam do chip do cartão para comprovar que ele foi clonado. Foi tudo tão rápido e convincente, que não deu tempo de duvidar”, relata.

    Crescimento no Estado

    Não é, claro, apenas em Petrópolis que os números de golpes aumentaram. Ao longo de 2021, o levantamento do ISP aponta um crescimento de 44,3% dos casos. São 21.521 casos a mais do que em 2020, quando foram registrados 48.552. Foram 70.073 casos no ano passado. A exemplo de Petrópolis, o mês de dezembro também contou com grande salto no número de casos. Foram 10.247, contra 3.541 do ano anterior, 189% a mais. O número de 2021 é mais do que duas vezes maior do que o registrado em 2017 (29.472).

    Polícia alerta para os crimes virtuais

    Na pandemia, uma tendência que vinha em crescimento nos últimos anos, o processo de digitalização das transações financeiras, se acentuou. Muitas pessoas passaram a fazer compras e pagamentos de forma virtual. Um atrativo para os golpistas que começaram também a se sofisticarem nas modalidades de golpes aplicados. “Não é apenas a capacidade de convencimento e uma estratégia elaborada no plano de ação. Eles possuem ainda mecanismos eletrônicos capazes de interceptar ligação no momento em que a pessoa acredita estar ligando para o banco”, conta o delegado titular da 106ª DP, Nei Loureiro.

    Foi o caso da Ivone. “Eles disseram que era para que eu ligasse para o número no verso do cartão. Mas, que precisava ser naquele momento. Eu me senti segura, já que era eu ligando para o número que estava no meu cartão”, afirma.

    Segundo o delegado, a tecnologia, aliada com a manipulação da vítima são ferramentas que se combinam durante a ação. “Eles possuem essa janela de ação e é crucial que a pessoa ligue no momento em que estão interceptando a ligação”, destaca.

    Prevenindo o golpe

    “Desconfiar sempre”, diz o delegado. “Qualquer serviço ou mesmo nesses casos em que a pessoas diz que é do banco e está tentando te ajudar, evitar uma fraude, desconfie. Se for possível desligue, não atenda e vá na agência bancária assim que possível. Em casos como os golpes aplicados nas redes sociais, de amigo pedindo dinheiro, liga para a pessoa, tenta falar com ela e confirmar a história. E nunca passe informações pessoais e senhas por telefone”.

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