• Casas Bahia avança em acordo com credores

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  • 09/jun 07:35
    Por Julia Pestana / Estadão

    Com foco na redução do endividamento, o Grupo Casas Bahia anunciou um novo plano que contempla a conversão antecipada de R$ 1,57 bilhão em debêntures da segunda série em ações da companhia. A operação, que ainda depende de aprovações internas e dos credores, pode reduzir pela metade a alavancagem da empresa e liberar recursos para novos investimentos.

    Caso a totalidade das debêntures seja convertida, serão emitidas 328,9 milhões de novas ações, o equivalente a 77,58% do capital social da companhia. Mesmo com a diluição do bolo de acionistas, o presidente da empresa, Renato Franklin, acredita que o plano cria valor no longo prazo.

    “É melhor ter uma participação menor de uma empresa que vai valer mais no futuro do que manter uma fatia maior de uma companhia travada pelo endividamento”, afirmou, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

    Com a conversão, o diretor financeiro (CFO) da Casas Bahia, Elcio Ito, destacou que a dívida da companhia, que somou R$ 4,55 bilhões no primeiro trimestre deste ano, cairia para R$ 2,984 bilhões. “A alavancagem da empresa cai pela metade. A dívida líquida/Ebitda cai de 1,6 vez para 0,8 vez, enquanto a dívida líquida sobre o capital total passa de 61,8% para 33,1%”, afirmou.

    CONVERSÃO DE DÍVIDAS

    Segundo pessoas a par da situação ouvidas pelo Estadão/Broadcast, na prática o plano antecipa a conversão das dívidas da Casas Bahia com seus dois principais credores (Banco do Brasil e Bradesco) em ações da companhia. Para a conversão funcionar, haveria um terceiro veículo financeiro envolvido para ser o acionista da companhia.

    Contratualmente, a primeira janela para os credores exercerem a opção de conversão começaria apenas em outubro. Contudo, as mesmas pessoas acreditam que a empresa tenha proposto antecipar a conversão para abater a dívida e, com isso, reduzir custo de capital. De acordo com elas, a proposta foi impulsionada pelo cenário macroeconômico mais desafiador e por pressões do mercado para acelerar o plano de transformação.

    O plano para transformar estrutura de capital da Casas Bahia também propõe o reperfilamento das debêntures da primeira série, com duas principais alterações: a postergação do início do pagamento de juros, de novembro de 2026 para novembro de 2027, e a modificação do cronograma de amortização do valor principal. Segundo Ito, a proposta já foi discutida com investidores que representam mais da metade dos títulos dessa série, e que manifestaram apoio à alteração.

    A Casas Bahia solicitará aos debenturistas aval para, em 12 meses, a partir da aprovação, fazer “eventos de liquidez”, como a venda de ativos.

    Os recursos obtidos não podem ser usados para quitar dívida. O valor autorizado pode chegar a R$ 500 milhões. A reunião do conselho para analisar a questão está marcada para o dia 12.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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