Décadas de abandono: casarão na Rua Alberto Torres segue abandonado pela Prefeitura
Quem passa pela esquina da Rua Floriano Peixoto e da Alberto Torres, em Petrópolis, percebe um casarão abandonado, tomado pelo mato. O imóvel, praticamente em ruínas, há décadas tem suas janelas, portas e telhado quebrados. Além do abandono, moradores da região têm medo de invasões.
Um deles, que preferiu não se identificar, comenta que o abandono do imóvel parece não incomodar as autoridades. “Moro aqui na região há muitos anos, e me entristece o estado de abandono dessa casa. Ela poderia ser um local de encontro para os próprios moradores e toda população da cidade. Imagine, um centro cultural, uma biblioteca pública. Algo que as pessoas pudessem frequentar e fazer parte. Parece que isso só incomoda a gente, porque as autoridades nada fazem. Minha neta passa por esta rua todos os dias para ir à escola. Não é só o abandono que nos preocupa e entristece, é o medo de possíveis invasões ao imóvel e, consequentemente, confusões.”, desabafa.
Entregue à própria sorte, se restaurado, o espaço teria potencial para ser um centro cultural, com iniciativas de leitura, saraus e eventos culturais, bem no Centro da cidade.
Tombado em 1998, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), o imóvel começou a ser desapropriado pela prefeitura há quase 15 anos por falta de pagamento de impostos, e foi incorporado ao patrimônio da cidade em 2014.
Em resposta à Tribuna, a Prefeitura informou que busca recursos para a execução do projeto de restauração do imóvel. Em 2015, o município assinou um convênio com a Secretaria de Estado de Cultura para a elaboração do projeto executivo de restauro. De lá para cá, a população não teve acesso a nada relacionado ao projeto.
Petrópolis, que tem o turismo em suas raízes, por sua veia histórica, perde muito com a falta de preservação desses imóveis. Ana Beatriz de Oliveira, diretora de Relações Públicas da Associação de Guias de Turismo de Petrópolis (AGP), diz que nesta semana recebeu uma família que elogiou muito o estado de conservação da Catedral de São Pedro de Alcântara – que foi recentemente restaurada. “No entanto, a família percebeu que o estado deplorável do Centro de Cultura Raul de Leoni contrasta bastante com ela. Disseram o mesmo sobre alguns espaços no Centro Histórico, como a Praça 14 Bis, além do Jardim e acervo da Casa do Colono.”, conta.
Quem vem à Cidade Imperial gosta de ouvir as histórias e saber mais sobre o passado de cada imóvel, especialmente dos casarões, nas ruas da cidade. Ana Beatriz ressalta que muitos destes prédios pertenceram a personalidades importantes e, se fossem preservados e mais bem explorados, poderiam ser boa fonte de renda para seus proprietários e para o município, pois atrairiam mais turistas e visitantes.
Não há quem passe pelo casarão na Rua Alberto Torres e não pense em projetos interessantes que poderiam “nascer” no local. Ana Beatriz, experiente no turismo na região, pensa que poderiam explorar o espaço tanto para visitação, quanto no sentido de uma galeria de artes, com apresentações musicais e teatrais, cafeteria/lanchonete, entre outras possibilidades. “Depois de se fazer um bom trabalho de pesquisa sobre sua história, isso poderia atrair turistas interessados no circuito histórico-cultural.”, afirma.