• Casamentos conscientes: caminhos possíveis para escolhas criativas e sustentáveis na Serra

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  • Por Aghata Paredes

    Casamento consciente, verde ou eco-friendly? Os nomes atribuídos à escolha de casais que buscam alternativas mais conscientes antes, durante e depois da troca de alianças são diversos. Porém, o intuito é o mesmo: evitar o desperdício em diferentes esferas – comida, bebida, plástico, flores -, celebrar a moda second hand, reaproveitando uma peça do guarda-roupa de alguém ou transformando o vestido de noiva em uma peça do dia a dia, por exemplo. A ideia é estender o amor, matéria-prima da união, ao planeta e, sem dúvida alguma, economizar.

    Segundo o The Green Bride Guide, de Kate L. Harrisson, um casamento produz 182 kg de lixo e 58 toneladas de CO2. Além disso, mais de 1 milhão de casamentos são realizados todos os anos no Brasil. 

    Foto: Freepik

    Será que é preciso gastar ou desperdiçar tanto? 

    Idealizadora do projeto Casar Consciente, a petropolitana e cerimonialista Marina Maciel conta que durante a pandemia começou a pensar no assunto. Todas as reflexões a respeito do supérfluo, num momento extremamente difícil ao redor do mundo, renderam um fruto. “Eu chamo o projeto de Casar Consciente, porque não diz respeito somente à sustentabilidade. Estamos falando de ter consciência das suas escolhas e dos impactos que elas causam. Consciência é saber que todos que trabalham no evento estão comendo bem, por exemplo, trabalhar com fornecedores e insumos locais, pensar no que pode ser evitado, no que pode ser reaproveitado, no que pode ser compensado.”, explica.

    Questionada sobre quais os tipos de ações estão atreladas ao projeto e quantos casamentos nesse molde já foram realizados em Petrópolis, Marina conta que tudo começou com pequenas mudanças. “Criamos uma cartilha de pequenas e grandes ações que se podem fazer nesse sentido. Porque uma pequena ação é melhor do que nada. E é incrível como muita gente compartilha esse mesmo pensamento. Como o buffet Chez Cox, por exemplo, que faz compostagem de todo o resíduo orgânico. Outra ação é a floricultura viva. Nela, todas as flores do casamento viram buquês para os convidados levarem para casa. Assim, os noivos não compram lembranças de casamento e nós damos um destino especial às flores que iriam para o lixo.” A petropolitana relata, ainda, que foram cerca de 100 casamentos nesse molde, desde o início do projeto. 

    Fotos: Divulgação

    A responsabilidade da capital estadual do casamento – O charme das montanhas, a presença de uma vegetação ímpar e o clima contribuem para uma atmosfera única e especial em Petrópolis. Até isso dialoga com a ideia de sustentabilidade. Porém, carregar o título de capital estadual do casamento exige responsabilidade. “90% dos nossos casamentos são ao ar livre, e as pessoas de todos os lugares nos escolhem por isso. São pessoas que amam e dão valor à natureza. Se a gente ama a natureza, a gente cuida! Não tem como ser diferente.”, conclui.

    Foto: João Pedro Salles

    Noivas de Petrópolis provam que consciência e simplicidade são diferenciais 

    Manuela Gonzalez e Guilherme Padula já moravam juntos quando decidiram se casar. O ano era 2018. Em apenas três meses, os petropolitanos planejaram uma cerimônia no jardim da mãe do noivo, em Corrêas. O desejo era um só: celebrar o amor a partir de escolhas que representassem, de fato, o estilo de vida do casal. 

    Foto: Arquivo pessoal

    A noiva, idealizadora do brechó Dopamina, no Centro de Petrópolis, relembra que a decisão por um casamento consciente foi perceptível desde o início. “Meu vestido já foi uma escolha sustentável. Queria um vestido branco, porém versátil, e que não fosse estilo “princesa”. Nunca enxerguei sentido em gastar uma fortuna para usar uma peça durante algumas horas. Optei, então, por um vestido de segunda mão. Amei a minha escolha!”, conta. 

    Criatividade – A cerimônia e a festa foram repletas de detalhes que já faziam parte da decoração da casa dos noivos. “Foi uma celebração do amor, da simplicidade e da espiritualidade. Tudo repleto de detalhes que levamos da nossa própria casa. Preparamos toda a decoração artesanalmente. Lembramos da cidade de Ibitipoca, em Minas Gerais, que possui uma decoração rústica que adoramos. Além disso, sempre passamos nossas férias por lá. Então produzimos e usamos filtros dos sonhos, olho grego, todos confeccionados com bambu da casa da minha prima, e resto de retalhos. Nas árvores, usamos garrafinhas com flores reaproveitadas de um casamento anterior. O legal é que foi justamente da floricultura local que nos forneceu flores para as mesas dos convidados e do celebrante. Sempre me incomodou utilizar uma enorme quantidade de flores na decoração. Como o jardim já era lindo, deixamos ele ser o protagonista…”, relata Manuela. 

    Foto: Arquivo pessoal – A alegria tomou conta da celebração do amor de Manuela e Guilherme Padula

    Economia local – O cardápio do casamento foi pensado e preparado pelo próprio noivo e sua equipe, da Cozinha Gui Padula, enquanto os doces da celebração foram todos em compota. “Todos os produtos escolhidos foram aqui da cidade. Optamos por doces em compota, por exemplo, da Dona Nika, uma doceira de mão cheia lá de Secretário.”

    Manuela relembra com carinho e emoção da cerimônia, realizada por Leonardo Boff, tio do seu marido. “Queríamos alguém que já nos conhecesse e já estivesse lá, independente da ocasião, celebrando a vida e o amor baseado em nossa religião: a Umbanda. Foi simples, mas lindo e repleto de significado!”

    Foto: Arquivo pessoal

    O vestido de noiva viajante 

    Foto: Arquivo pessoal

    Maria Eduarda Todaro e Yan Cucco se conheceram na faculdade, mas só se reencontraram durante uma viagem à Europa. “O casamento não foi algo que vinha sendo planejado. A gente queria casar em algum momento. Porém, com o início da pandemia, precisei retornar ao Brasil. Nossa vontade, no entanto, era morar fora. Decidimos casar, então, no final de 2020.”, relembra.

    Fotos: Mateus Montoni

    A noiva, que atualmente mora em Londres com o marido, conta que o vestido foi adquirido antes mesmo de ela saber que iria se casar. “Comprei um vestido branco, simples e versátil, de uma marca local em Petrópolis, a Junior Costa, sem ter a mínima ideia de que eu iria me casar com ele.” Depois do ‘sim’, Maria Eduarda colocou o vestido na mala e já usou a peça em diversas ocasiões. “Usei ele quando fizemos um ano de casados, numa viagem à Itália. Depois disso, numa viagem que fizemos para o interior da Inglaterra. Já usei ele em alguns verões e em várias outras ocasiões.” 

    Fotos: Arquivo pessoal

    Para saber mais sobre o projeto Casar Consciente, idealizado pela petropolitana Marina Maciel, acesse: @casarconsciente

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